Capítulo 17 - Musphelheim

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''Blurring and stirring the truth and the lies

So I don't know what's real and what's not

Always confusing the thoughts in my head

So I can't trust myself anymore

I'm dying again''

Evanescence - Going Under
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Ele estava pendurado numa corda no teto. Balançava de leve com o vento entrando pela janela aberta. Eu era tão pequena e não alcançava para tirá-lo dali. Aquilo o estava machucando. Ele me pedia para que não fosse embora, mas sim sentasse e ficasse. Eu não conseguia me lembrar de como tinha chegado naquela sala. Havia um cheiro forte de remédio no ar e eu ouvia os passos de pessoas ao longe. A notícia era ruim, eu já sabia. Ela me mandava largar a boneca. Mas a boneca era parte de mim e eu não podia obedecer. O barulho da corda tensionada rangendo me incomodava. Os passos ficavam cada vez mais altos. Eu sentia muito frio. Me sentia nauseada com o cheiro da medicação e hospital. Eu estava tão sozinha, queria alguém. Ergui meus olhos pra ele e um rosto sem expressão me olhava de sobre um pescoço num ângulo esquisito. Estendeu a mão para mim pedindo que eu ficasse. A culpa era minha. Seus dedos gelados tocaram a minha pele e eu gritei assustada.

Levantei da cama com um pulo desesperado, jogando meu cobertor, meu arco, as flechas e tudo que estivesse perto para longe. Loki que estava dormindo sentado na poltrona levantou quase tão assustado quanto eu, seus olhos correram para a porta e depois para mim. Ele não entendia meu pânico. Me coloquei contra a parede, minhas mãos agarrando meus cabelos e me encolhi no chão chorando alto, os puxando com raiva. O deus atravessou a sala sem hesitar, abaixando-se diante de mim, o rosto pura confusão.

— Liana? O que foi? — perguntava, aturdido. Ele tentou tocar meu rosto para me fazer olhá-lo, mas minha reação foi apenas um grito agudo e um tapa afastando sua mão e me encolhendo ainda mais.

Eu soluçava muito alto. Há anos eu não tinha uma crise dessas. Achei que nunca mais viriam, porém escutar suas vozes havia trazido tudo aquilo de volta. Eu estava no inferno outra vez.

Loki parecia confuso, não estava no controle e não era acostumado com isso. Não sabia o que eu tinha e nem o que fazer. Pepper nunca havia conseguido me acalmar quando isso começava. Ela sempre tentava, contudo depois percebera que era melhor me deixar sozinha até o medo ir. Ele continuava tentando chamar meu nome, porém tudo que eu conseguia fazer era chorar. Eu puxava meus cabelos com tanta força que certamente teria uma enxaqueca depois. Suas vozes tinham me chamado. Eles estavam tão longe. Eu estava tão irreversivelmente sozinha. Como queria que aquilo acabasse. Eu não tinha controle sobre mim mesma.

Loki segurou minhas duas mãos com força e eu me debati em desespero. Estava apenas me impedindo de arrancar os cabelos, contudo eu não entendia naquele momento. Então me puxou contra seu corpo e me abraçou. Esperneei por mais alguns minutos, mas ele era mais forte que eu. Parei de me debater e deixei meu corpo relaxar nos braços dele, as lágrimas escorrendo profusamente. Ele não moveu um único músculo. Continuou ali, parado. Ficamos daquele jeito por quase meia hora. Então eu ergui a cabeça do ombro dele, meus olhos desnorteados pelo quarto até encontrarem os dele repletos de preocupação. Loki não entendia.

— Desculpe — murmurei olhando para o chão, cheia de vergonha. Loki não precisava ter visto aquilo. Se inclinou procurando meu olhar.

— O que foi isso? — indagou como se falasse com uma criança.

God of Mischief  | LokiOnde histórias criam vida. Descubra agora