Anjos caídos

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>2027
>era um ano tranquilo, estávamos nos recuperando do caos que foi 2020
>a pandemia durou 5 anos, o vírus tinha sofrido uma mutação e piorou a situação
>muitos morreram, outros perderam a fé em deus
>diziam ter sido abandonados
>mal sabiam que era verdade, mas não por deus
>mas por todos eles
>25 de fevereiro de 2027
>pessoas começaram a morrer em todo o mundo sem motivo
>carbonizadas, gritando em desespero
>algumas lentamente viravam pó
>em silencio enquanto seus olhos sem vida permaneciam inertes olhando para o céu
>outras perderam a sanidade, gritavam palavras sem sentido
>devaneios sobre cidades colossais e monólitos maiores do que qualquer construção humana
>a taxa de suicídios nunca foi tão alta quanto aquela época
>pessoas se jogavam de seus prédios após acordarem com um grito estridente no meio da noite
>muitos foram internados, médicos e psiquiatras duvidando de suas saúdes mentais
>pacientes repetindo incessantemente palavras de horror em seus sonhos, sobre seres de outros mundos
>o céu escureceu e dentro dele uma luz de uma coloração que olhos humanos nunca haviam visto apareceu
>sons inaudíveis, como zumbidos de abelha misturado com um chiado
>isso durou alguns dias
>mas com o tempo ela foi mudando e todos conseguimos escutar e ver o que era aquela luz
>os deuses voltaram
>e queriam escolher entre eles quem governaria novamente
>eles pareciam tão gentis, uma beleza indescritível e suas vozes suaves
>explicaram que o antigo governante desde mundo não está mais entre eles
>e devia ser escolhido um novo representante para a terra
>logico que as pessoas não levaram isso pelo lado bom
>a religião estava ultrapassada e presa em velhos costumes
>não podiam aceitar q foram abandonados
>ou que existiam vários deuses
>quem eram eles?
>o mundo tinha muitas perguntas
>pessoas eufóricas, novas religiões, tudo aconteceu muito rápido
>uma semana se passou
>e eles voltaram com respostas
>como escolher um novo deus para este mundo?
>quem conhece um pouco de mitologia saberia
>os deuses nunca foram bons, eles reinavam com base no medo, morte e sacrifícios
>tiranos, assassinos, havia todo tipo entre eles
>então eles decidiram, do mesmo modo que os humanos fazem
>na base da força
>mas não poderiam lutar entre si, isso causaria muitos problemas, destruiriam seu reino
>então escolheram representantes
>um fragmento de seu poder dado a humanos, para se matarem e lutarem entre si
>o ultimo em pé, seu deus, seria o novo governante
>por quanto tempo?
>até os outros acharem que é o bastante e se revoltarem novamente
>assim como fizeram com o deus que nos “abandonou”
>eles são velhos, poderosos, egoístas
>como poderiam aceitar que não eram mais louvados nesse mundo
>que eram apenas histórias, trocados por um semideus pacifico e fraco
>o retiraram seu título a força e discutiram entre eles
>por fim essa foi a decisão, guerra
>eles escolheram seus peões
>muitos morreram no processo
>o corpo humano e sua mente é fraca demais para suportar um fragmento do poder dos deuses
>suas almas queimavam, gritavam em desespero e arrependimento
>mas o que os humanos não fazem por um pouco de poder
>vendo que o corpo humano era fraco os deuses o mudaram
>uma vez que usasse todo o poder que o deus lhe deu, seu corpo se transformava em seres de outros mundos
>os mesmos dos sonhos e alucinações de quem havia perdido a sua sanidade
>pareciam vindos diretos do Necronomicom
>sua mente não se mantinha a mesma, e seus desejos mais mundanos vinham à tona
>a sua alma será trocada com a desses seres em troca de poder
>e nada do que ele fizer poderá ser controlado
>por fim, todos foram escolhidos eu fui um deles
>mas eu não quis isso, afinal, eu era só um cara que curtia uns animes
>desempregado e vivendo de bicos
>gostava de ler meus livros do Lovecraft e Stephen King
>mas eu n tive escolha, uma vez que o poder foi me dado um pedaço da memória dos deuses se misturou com
a minha
>por isso eu sei de tudo isso, por isso eu sei a real intenção dos deuses e o quão horríveis eles são
>humanos não passam de brinquedos e não se importam em governar ou não
>mas são orgulhosos demais para se recusarem a isso
>alguns meses se passaram
>tentaram criar um governo para controlar os escolhidos
>a polícia era inútil, como lutar contra semideuses
>as leis não se aplicam, e cada um faz oq quiser
>assassinatos, estupros e tortura se tornaram comuns
>todos os deuses podem participar do torneio, até os piores deles
>foi assim que chamamos isso
>um ‘torneio’ até sobrar apenas um
>a maioria foi escolhida contra a sua vontade, eles não querem morrer então vivem escondidos
>outros estão eufóricos, querendo demonstrar seu poder
>alguns querendo viver na riqueza criaram suas próprias religiões e são louvados.
>e foi assim que tudo ocorreu
>eu estou fingindo que nada me aconteceu, suprimindo o meu poder
>25/05/2027
>descobrimos mais sobre os deuses
>até mesmo eles possuem uma hierarquia
>usam todos os meios de se sentirem superiores
>se dividiram por tiers
>1,2,3 ...
>os tiers 1 os mais fortes, e assim por diante
>outra coisa que descobrimos é que todos os escolhidos podem conversar com seus respectivos deuses
>como se fosse algo como telepatia ou pensamentos
>eu não sei explicar muito bem, por mais que eu tente, o meu nunca falou comigo
>eles ensinam a como usar o poder e controlá-lo, seus riscos e mutações
>a mutação, se usar muito a energia do deus seu corpo se transforma
>varia de pessoa pra pessoa, algumas crescem garras e asas
>outras ficam gigantes, algumas uma armadura e armas antigas aparecem em seu corpo
>mas tem seus contras, sua sanidade é jogada fora
>todos podem sentir quem você é e qual deus te escolheu
>além da sua exata posição, isso é perigoso
>esconder o seu deus é uma das coisas mais importantes por aqui
>não queremos um tier 1 sabendo que vc é um 3
>então os burros foram os primeiros a morrer
>seus amigos torturados em sua frente
>alguns se mataram depois de ter sua família violada na sua frente sem poder reagir
>os deuses não se importam, eles só se interessam pelo fim
>mais alguns meses depois criaturas também apareceram na terra
>parecem insetos humanoides, com cerca de 2 metros e 10 de altura
>alguns com lâminas nos lugares dos braços e mandíbulas que se abriam em todas as direções
>o suficiente para engolir a cabeça de alguém com uma só mordida
>seus sons eram diabólicos com pronuncias que um humano por mais que tentasse não conseguiria repetir
>eles só servem para matar e comer os humanos
>elas vieram direto do inferno
>com o torneio acontecendo a terra virou a diversão deles
>foram criados clãs, tier 3 se juntaram para lutar contra os outros
>ou tentar sobreviver
>abrigos subterrâneos e fortes foram fáceis de criar com seus poderes
>eu estou entre um eles, com minha família, apesar de preferir estar sozinho
>é difícil cuidar deles
>ninguém sabe que sou um escolhido
>escondo o meu poder, afinal nem sei quem me escolheu
>mas toda noite eu sonho com algo, acredito ser a memória dele
>uma vasta imensidão negra, diferente do que nos entendemos como escuro
>parecia que a luz era impedida de sequer chegar perto
>era como se não houvesse uma única vida em toda aquela infinita sala
>eu sentia isso, mesmo sem conseguir enxergar o que havia ali, em seguida eu acordo
>no meu grupo está Anubis e Horus
>dois escolhidos razoavelmente forte
>que se opõem contra a escolha dos deuses
>e acreditam que podemos criar uma sociedade em que todos possam viver felizes
>e evoluirmos ainda mais usando esses poderes
>comida se tornou difícil de conseguir, vimos famílias morrerem de fome por nossa culpa
>temos que roubar comida, somos bons, não idiotas, faz parte da sobrevivência.
>os dias são sempre os mesmos, acordar, cuidar da plantação, checar as armadilhas e fazer silencio
>o barulho também os atrai
>as vezes saímos para explorar em busca de animais ou algum alimento
>certo dia acordei suando frio e com barulhos lá fora
>tive outro sonho, muito mais vivido do que todos que eu já tive
>eu não sei quem eu sou, mas sei que os deuses o odeiam
>ele foi acorrentado e levado para aquela sala
>portas douradas colossais protegem as entradas
>com hieróglifos de tempos antigos a qualquer vida em nosso mundo
>deuses permanecem 24h em sua frente impedindo a saída ou entrada de qualquer um
>quem quer que tenha me escolhido, eles não o querem entre eles
>o barulho em volta do abrigo continua
>vou lá fora para ver oq está acontecendo
>somente eu estou acordado, está escuro e só a luz da lua me permite ver algo
>não temos energia elétrica a anos no mundo todo
>sigo os sons fazendo o mínimo de barulho possível
>meus olhos vão se adaptando a escuridão
>é uma das criaturas, passamos a chamar elas de demônios
>parece que está comendo algo, e pela primeira vez tenho a certeza que vou precisar lutar
>não é um problema, eu só estava evitando, mas sabia que esse dia ia chegar
>eu me aproximo e percebo oq está acontecendo
>ele está se alimentando, de uma garota, suas mandíbulas trituram os ossos de sua costela como se não fosse nada
>o barulho era como gravetos quebrando
>durante o meu sono e aquele sonho estranho eu deixei minha energia sair
>eu o atrai, era a única explicação
>a garota era do nosso grupo
>neta de um casal de idosos, a única pessoa que havia sobrado para eles
>seus filhos morreram a anos e estavam cuidando dela, devia ter uns 16 anos
>cabelos negros até o ombro e olhos castanhos, apesar da idade tinha aparência de uma menina de 11 anos
>seu sonho era ser desenhista de mangas, e passava o dia todo rabiscando folhas que encontrava
>eu já vi cenas horríveis nesses anos, mas essa me marcou
>talvez pq eu a considerava como uma irmã
>e passávamos horas falando sobre animes e filmes
>a visão me fez dar um grito abafado, a visão do seu sangue espalhado em meio aos destroços do que um dia
foi uma casa
>o barulho da respiração daquele ser diabólico enquanto lentamente levantava a sua cabeça
>fluidos pingavam e escorriam em sua pele brilhando pela luz da lua
>o cheiro da podridão que estava onde quer q esses seres estivessem
>ele não hesitou por um segundo em vir na minha direção
>era mais rápido do que eu me lembrava
>talvez pq as tripas da garota presa em suas mandíbulas me desconcentraram
>ele agarrou meu braço e arrancou como se não fosse nada
>mas não houve dor
>eu em seguida segurei um de seus chifres, se é que posso chamar assim
>pareciam mais ossos irregulares saindo de buracos em sua pele marrom e mole
>e com o chifre na mão que havia sobrado enfiei em sua cabeça
>foi forte que chegou a atravessar uma ponta a outra
>e caiu no chão com um grito agudo, soltando um liquido viscoso e roxo
>enquanto eu voltava meus pensamentos para oq estava em volta eu percebi que o meu braço estava ali
>de volta onde sempre esteve, não sei como ou quando
>era como se tivesse crescido novamente
>mas eu tinha coisas mais importantes para me preocupar
>passei o resto da madrugada cavando um tumulo para a garota, seu nome era Juliana
>o outro dia foi o pior
>lutar contra demônios era fácil comparado a contar para dois velhinhos que sua neta foi comida viva por um deles
>os avós se chamavam Fausto e Rosa
>um senhor alto e magro, com uma voz forte, parecia um coronel do exército
>mas era um amor de pessoa e seu sorriso e olhos brilhantes ao olhar para Rosa e Juliana não tinha preço
>Rosa era a senhora, baixinha e com o cabelo bem escuro apesar da idade
>sua cara toda enrugada e voz suave
>cuidava de uma hortinha de uvas e tomate cereja que tínhamos no fundo do galpão
>e toda semana pegava algumas e distribuía entre nós
>fui eu quem dei a notícia, aquele dia o ar estava úmido, melancólico
>nuvens cobriam todo o céu, ia chover
> Fausto e Rosa permaneceram ao lado do pequeno tumulo
>mesmo quando a chuva começou a cair eles não saíram >não choraram
>eles também morreram aquela noite, por dentro, ela era o único motivo de seguirem em frente
>inexpressivos, com olhos vazios e sem brilho, assim ficaram durante todo o dia
>eu considerei a culpa minha
>se talvez eu tivesse ao menos contado que eu era um escolhido
>Anubis e Horus poderiam ter ficado de olho em mim a noite
>não tinha como esconder mais
>como explicar que um simples humano matou um demônio
>a partir desse dia decidi lutar, sozinho
>não podia colocar mais pessoas em risco, eu precisava descobrir quem eu era
>e como controlar o meu poder
>ou então sempre ia colocar em perigo quem estivesse comigo
>eu deixei um bilhete e sai à noite, é mais fácil viver sozinho contanto que possa se defender
>entrei em algumas brigas contra demônios, muitos escolhidos morreram em suas garras
>mas era fácil pra mim, percebi que eu era mais forte que a maioria
>uma semana depois
>encontrei um novo grupo, estou vigiando-os para saber quais são suas intenções
>preciso de comida, cacei alguns animais esses últimos dias, mas ainda não é o suficiente
>cada dia eu acordo mais cansado, os sonhos estão piorando, eu descobri mais informações
>quem o prendeu, todos se juntaram para faze-lo
>ele não teve tempo de reação, foi muito rápido, parecia que estavam planejando isso a milhares de anos
>sobre o novo grupo, são estranhos
>muitas mulheres e apenas um homem, não posso esperar mais
>toda noite eles entram na casa e deixam o armazém atrás desprotegido, vou tentar roubar algo
>madrugada
>oculto o máximo possível meu poder
>as armadilhas são feitas para demônios burros, é fácil passar
>e acredito que ele não pensou em ser roubado por humanos
>a porta está trancada por um grande cadeado, mas consigo quebrar apenas apertando
>acendo a luz, sei que quem está fora não consegue enxergar, passei um bom tempo analisando
>comida enlatada, muitas
>coloco na bolsa o que consigo, e tento sair rápido
>mas tropeço em algo, é um alçapão de madeira velha com um puxador de ferro enferrujado
>vou ver o que é, na esperança de encontrar algo que possa usar como arma
>o que poderiam esconder em um lugar daquele
>descendo as escadas está escuro, com exceção de uma pequena fresta na madeira acima
>um feixe de luz do armazém clareia uma pequena área da parede
>eu encontro um interruptor
>demora alguns segundos para eu processar a cena que estou vendo
>correntes, algemas, e cordas em todos os lados, grilhões nas paredes
>o chão todo com uma cor vermelha e seca, o cheiro de ferrugem contamina o ar
>no fundo eu vejo algo no chão
>é uma garota
>parece der uns 20 anos, magra e com cabelos loiros compridos, nua e acorrentada
>ela evita olhar para cima, parecia estar com medo
>eu quebro a corrente e tento entender oq está havendo
>ela parece confusa quando me vê
>seus olhos claros transitem medo e alivio
>ela olha para a escada a todo momento e tenta correr
>mas as feridas nos calcanhares causada pelas correntes a impede
>eu a acalmo e pergunto o que houve, e ela me explica enquanto segura o choro e de forma rápida
>seu nome era Aline
>enquanto ela me conta oq houve eu começo a reparar ao redor
>a sala antes pequena, começa a se expandir ao meu redor, eu não havia percebido o quão grande era
>sacolas pretas em todos os cantos, ganchos nos tetos e moedores de carne e serras
>ela nem precisou terminar a história para eu perceber o que estava acontecendo
>como arrumar comida para tanta gente em um mundo assim?
>o cara era um escolhido, que ’salvava’ garotas e brincava com elas até enjoar ou pararem de gritar
>e depois as dilacerava e comia
>eu a tirei dali e a levei para o meu abrigo, queria ir nessa jornada sozinho, mas não tive escolha
>na manhã seguinte eu percebo uma movimentação em excesso na cabana
>acho que ele percebeu oq havia acontecido
>eu sentia a sua presença como se estivesse do meu lado
>ele estava tão irritado que não conseguia controlar sua energia
>achou que alguma das outras garotas ajudaram a Aline a fugir
>ela estava dormindo ainda, e depois do que passou vai continuar por um bom tempo
>o escolhido estava descontando a sua raiva e frustração nas garotas
>parecia que Aline era especial, o seu corpo começou a mudar
>ele tinha tentáculos saindo de sua cabeça, garras compridas em ambas as pernas
>asas grotescas e aparentemente inúteis estavam grudadas em suas costas viscosas e verdes
>sua estatura foi ficando maior e perdendo a sua sanidade
>eu não consegui reagir a tempo para salvar todas
>ele rapidamente segurou algumas garotas pelos braços e pernas e as desmembrou
>eu precisava ir rápido, muito rápido
>agora n era hora de se controlar
>antes de eu perceber eu estava a centímetros dele
>consegui o assustar a ponto de soltar as garotas que sobraram
>socos não funcionavam, ele era mole e gosmento
>seus tentáculos me arremessavam contra as paredes a cada movimento
>sua voz não era mais humana
>gritava nomes infernais e pronuncias que me deixavam enojado só de tentar entende-las
>afinal havia feito oq todos evitam
>transformar seu corpo por completo, sua alma já havia sido consumida e trocada por seres desconhecidos
>talvez ele pudesse evitar isso, controlar quem havia tomado seu corpo
>mas n é isso que ele queria, ele só queria matar tudo oq estivesse em sua frente
>os demônios não são tão idiotas assim
>e sabem com quem podem ou não enfrentar, eles fugiram
>a área estava vazia, então as garotas conseguiram se abrigar em outros lugares
>o único jeito de vencer era cortando-o
>eu n tinha objeto nenhum por perto
>após alguns minutos de uma luta em vão
>ele me segurou pelos braços e pernas, e com suas garras, rasgou meu peito e barriga com facilidade
>eu caí no chão sem conseguir me mover, enquanto olhava meu órgãos caindo pra fora do meu corpo
>fui ignorado e ele foi atrás das garotas, estava fissurado nelas
>eu não sentia dor
>foi como da última vez, mas agora eu vi minhas vísceras arrancadas se transformando em pó
>e rapidamente voltando para onde deviam estar
>agora tenho certeza que da primeira vez não foi sorte
>a fumaça no meu corpo não sumiu
>era como partículas pretas e tão escuras que era como se sugassem a luz
>foi tomando forma na minha mão
>e se tornou uma lâmina
>tinha um cabo comprido e negro, cerca de 1 metro, sua lâmina curva e fina
>leve, era como se aquilo fosse parte de mim, eu sabia exatamente como manuseá-la
>foi em um piscar de olhos, a lâmina atravessou a cabeça dele
>eu senti a resistência de seus ossos quebrando contra a lâmina
>apesar de fina era muito resistente
>ele voltou ao normal, um cara gordo dividido em dois, seu sangue ainda jorrava com vivacidade
>a barba por fazer, uma papada tão grande quanto a de um sapo
>só sobrou o silencio, não tinha barulho de vento, demônios e nem das garotas
>mas eu sentia ao fundo alguém me observando, tentando esconder seu poder
>não é surpresa que um idiota transformado iria atrair mais escolhidos
>mas não era hora de ir atrás deles, apenas olhei em sua direção
>eu precisava assusta-lo para ele não me seguir até o abrigo
>funcionou, e a Aline estava acordada
>contei a ela oq houve e a levei comigo para o abrigo daquele gordo
>enquanto eu pegava a comida ela foi encontrar as garotas
>e dizer que eu não era um doente igual a maioria
>meu objetivo não é criar um harem, então dei quase toda a comida que eu peguei para elas
>e as levei para o meu antigo abrigo
>Anubis e Horus vão cuidar delas
>evitei contato com o resto do pessoal, e fui embora
>o dia foi cansativo, lutar é desgastante
>e lidar com pessoas também
>a Aline não quis ficar no abrigo, insistiu em vir comigo
>não tive escolha, e talvez alguém pra vigiar a comida enquanto eu estiver fora seja útil
>era noite de lua cheia, escutava o barulho do vento nas arvores, e as aves cantando
>meu abrigo ficava em um bunker no quintal de uma casa velha
>sem energia, sem porta, só disfarcei com algumas folhas em cima
>eu estava tão cansado que desmaiei na cama
>naquela noite eu percebi quem eu era, ou melhor, ele me contou
>abri meus olhos, eu estava em um lugar colossal
>havia tantas cores que nunca havia visto
>um cheiro doce pairava sobre o ambiente
>formas geométricas que não eram do nosso mundo
>colunas que pareciam segurar o céu
>aquilo faria qualquer pessoa duvidar da sua sanidade
>mas continuei observando, não conseguia me mexer
>não para o lado que eu queria, era como se eu estivesse dentro de alguém
>escutando oq ele escutava, enxergando oq ele enxergava
>e eu os vi, os deuses
>discutindo e procurando um meio de serem eternos
>todos os deuses podem escolher alguém para os representar, mas não existem só eles
>existem os antigos
>aqueles que vieram antes dos deuses
>os que criaram tudo, quando todos deixarem de existir eles vão continuar a reinar sobre todo o universo
>como os deuses não podiam permitir isso
>alguém que dita as próprias leis do universo, imutáveis e seguidas à risca
>os antigos eram 3
>e não tinham nomes, apenas oq representavam
>a vida, o tempo e a morte
>tudo oq um dia nasce precisa morrer, a vida não existe sem a morte, o tempo leva todos eles até ela
>nem os deuses poderiam escapar deles
>e era por isso que eles os temiam
>o tempo muda tudo, deuses são esquecidos e substituídos, sem louvores e sacríficos eles morrem
>então para evitar isso, eles exilaram o tempo e prenderam a morte
>a vida não pode ser tocada, ela era indiferente, só existia e cumpria seu papel
>o tempo pouco ligou, ele sabia que tudo um dia se resolveria
>e a morte, era forte demais pra ser exilada
>tudo oq existe ou um dia vai existir é tocada por ela
>para evitar que suas existências fossem apagadas
>na ambição de serem eternos
>os deuses fizeram um complô, construíram a maior fortaleza, de proporções fora da realidade humana e divina
>criaram servos poderosos chamados arcanjos para cuidar de cada uma das portas
>um labirinto de proporções ainda maiores foi criado para atrasar qualquer um que tentasse entrar
>seus corredores mudavam de forma para ninguém decorar qual era o verdadeiro caminho
>as correntes forjadas de fragmentos das almas dos deuses, não deixavam a morte se mexer
>por fora 8 selos foram colocados
>cada por um deus considerado entre os mais fortes, o único modo de adentrar era os rompendo
>mas isso precisava da aprovação de todos
>e lá ela permaneceu durante milênios
>sua presença era tão forte que humanos ainda continuavam a morrer
>o ciclo da vida e da morte continuou
>com exceção dos deuses e semideuses
>isso fez com que fosse preciso esse torneio
>sem a morte e o tempo para troca-los
>quem governaria toda a existência?
>era como um jogo pra eles
>se divertindo vendo humanos se matando e colocando pra fora seus desejos mais carnais
>tudo tem um fim, tudo pode mudar, até mesmo a morte
>se ela quiser
>ela renunciou ao seu próprio poder
>com esse torneio e os deuses ocupados com a terra
>seu poder estava escapando mais do que jamais havia em todo esse tempo presa
>ela escolheu uma alma humana para ser seu sucessor
>esse sou eu, ela não fala comigo, pq ela não existe mais
>só sobrou uma carcaça vazia em seu trono
>mas assim como eu percebi quem eu era
>os deuses também
>desesperados foram para o labirinto, mandaram os anjos abrirem as portas
>lá estava ela, sem poder algum
>apenas encarando os deuses
>e eles perceberam
>se a morte vencesse o torneio, aquele humano herdaria o trono
>e a era dos deuses chegaria ao fim
>então ofereceram algo aos escolhidos
>em troca queriam a cabeça de um humano especifico
>e não pouparam esforços para isso
>hoje está de noite, e o céu brilha como se fosse dia, uma música ecoa no mundo todo
>estrelas caem em chamas dos céus, e os deuses anunciam
>selos que dividem nossos mundos foram rompidos
>portões que separam os nossos mundos foram abertos
>os lendários arcanjos caíram na terra, e quem os ajudar terá um lugar guardado no céu.

GTs 10/10Onde histórias criam vida. Descubra agora