Capítulo Dezessete

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  -Alec, você já ouviu falar em escritura de emancipação?

-O que? - ele seca as lágrimas com a barra de sua manga e respira fundo.

-Quando descobri que eu e minha mãe estávamos nos mudando para cá, andei pesquisando sobre como ser independente sendo menor de idade. É rápido, precisa-se apenas de uma quantia de dinheiro significativa em reserva, e ir no cartório efetuar a escritura de emancipação.

-Como assim? - as lágrimas param de escorrer de seu rosto já vermelho e inchado, prestando atenção no que eu dizia.

-Depois que seu responsável legal assina a escritura, nós poderíamos morar sozinhos e também seríamos tratado como adultos perante a justiça.

Ele dá um sorrisinho de canto, logo depois ficando visivelmente preocupado, logo sorrindo de novo.

-Você disse nós?! - fico vermelho com sua observação, e ele ri um pouco, me dando um selinho demorado. Talvez agora não seja o momento certo para ficar excitado, mas aprofundamos o beijo dando passagem para as línguas, seguido de outro beijo quente e demorado, separado apenas pela falta de ar. - Você acha que isso daria certo?

-Creio que seja a melhor opção que temos agora. Basta nossas mães concordarem...

Junto com Alec, já mais calmo, vamos até a minha mãe na cozinha.

-Mãe, mande uma mensagem para Skye e Amy. Temos uma coisa que precisamos falar com vocês três.

Ela pega o celular e manda uma mensagem para elas.

-Alec, meu querido, está tudo certo agora?

-Em partes... - Alec se aconchega novamente em meus braços. E sentamos todos na mesa esperando a duas chegarem, enquanto Alec conta o ocorrido para a minha mãe sem mencionar a minha "solução" para o problema.

Ouvimos a campainha tocar e as duas já entra pela porta destrancada, vindo direto abraçar Alec.

Depois desse momento de melancolia e tristeza explicamos o "plano".

-Se os pais biológicos de Alec entrarão na justiça em uma semana, vocês tem uma semana para fazer todos os tramites legais. Uma vez que a escritura de emancipação for assinada, será tratado como maior de idade diante da justiça, tendo a opção de "voltar" para sua família biológica - respiro fundo para recuperar o folego e continuar minha explicação - poderíamos morar sozinhos em lugar também próximo a universidade, para começar as nossas vidas.

-O problema seria, precisamos de uma quantidade significativa de dinheiro em reserva...

-Isso parece uma coisa que famílias normais seriam contra... - Amy parece raciocinar encarando Skye.

-Mas nós te amamos muito, não aguentaríamos te perder, e não somos uma família normal... - Amy completa.

-Quanto ao dinheiro - minha mãe se dirige a mim - desde que você nasceu seu pai deposita A$ 100 por mês, talvez esse seja o momento de receber isso. - "cerca de A$ 19.200" calculo automaticamente.

-Nós também fazemos isso, já entregamos o da sua irmã, e agora temos que te disponibilizar os seus A$ 17.000 - ao ouvir essas palavras ditas por Amy, os olhos de Alec se iluminam, gerando em mim uma grande felicidade. Com essa quantia, é possível alugar um apartamento até que tudo esteja estável.

-Vocês querem almoçar aqui para conversarmos sobre tudo melhor? - minha avó que aparentemente estava ouvindo tudo da lavação aparece na sala de jantar.

-Não podemos recusar... - Skye responde.

Mesmo com um total de 7 pessoas no almoço, ele não é bem humorado e cheio de assuntos do dia a dia, mas com nervosismo e planejamento.

No fim ficamos todos combinados de ir ao cartório amanhã as oito da manhã. Eu nunca me senti tão nervoso, feliz e preocupado ao mesmo tempo, e nem sei como Alec parece estar enfrentando isso tranquilamente.

-Você vai mesmo fazer tudo isso por mim? - Ele se aproxima mais de mim no sofá, praticamente deitando no meu ombro.

-Estava pensando mesmo em ficar mais próximo da universidade. - ele desencosta de mim e me encara rindo.

-Aham, sei... - Alec ri um pouco

-Se sabe então por que perguntou?

-Queria ouvir de você... - ele se apoia em mim novamente

-Creio que não seja necessário...- Mesmo depois de a nossa proximidade afetiva ainda me sinto desconfortável em falar tudo que eu sinto ou penso.

-Você é muito sem graça. - estávamos com nossos rostos próximos e quase nos beijando, mas somos abruptamente interrompidos:

-Não querendo atrapalhar o momento, - Skye fala se dirigindo junto a Amy até a porta - mas precisamos ir para casa, ou você quer ficar mais um pouco?

-Acho melhor eu ir para casa, tenho várias coisas para arrumar, e temos que separar o documentos para a escritura de emancipação.

-Tchau então. - Ele me dá um selinho rápido e sai com suas mães.

Continuo sentado no sofá olhando para o teto, enquanto várias coisas passam pela minha cabeça. As vezes dúvidas como "será que isso é o certo para mim" que são rapidamente respondidas com "você sabe que Alec é a melhor coisa que já te aconteceu e você não pode perde-lo" ou também "Meu pai era rico?" e essas por sua vez não recebe nenhuma resposta, mas A$ 100 por mês não é pouca coisa...

-Eu estou muito orgulhosa de você meu filho. - minha mãe aparece sentando ao meu lado - e seu pai também estaria.

Não sei o que responder para isso, minha mãe sempre disse que tinha orgulho da minha inteligência e coisas parecidas, mas agora ela se orgulhava de algo que eu nunca imaginei estar fazendo, nunca imaginei estar amando alguém a esse ponto.

Ela não diz mais nada e apenas me abraça calorosamente. 

*mais um capítulo ae!

flw*

Através do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora