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Damon.

Desviei o olhar do homem sentado na minha frente para a Gio que andava próximo ao parapeito do bar que estávamos. Ela lambeu a sua bola de sorvete, aproveitando o sol e se inclinou para olhar para baixo. Seus cabelos estavam presos no alto, embolados e sua franja caída no rosto. Estava linda com uma blusa branca, justa e eu sabia que estava sem sutiã porque a vi se vestir essa manhã. A sua era saia rosa cheia de flores, que ia da sua cinturinha fina até os pés, como sempre, com um lascado até o meio da coxa. De rasteirinhas, ficou na ponta dos pés para ver algo que lhe chamou atenção no horizonte.

Nós passamos dois dias em Milão fazendo compras e eu pensei que ela nunca teria o suficiente de roupas. Tentei acompanhá-la, mas em alguns momentos precisei me afastar para verificar como andava os negócios na cidade e me reuni com associados para o jantar enquanto ela ficou no hotel, descansando e quando cheguei, estava dormindo tão pesado que não acordou até o seu telefone despertar para tomar a sua pílula. Ela ficou feliz em me ver ao seu lado e isso compensava a porra do estresse que a reunião me causou.

Nós viajamos para casa e a Giovanna ficou encantada com a casa da minha família, apaixonada pelo nosso quarto e se dedicou em arrumar as milhares de coisas que comprou e ainda havia uma quantidade que encomendou pela internet. A casa passou por uma reforma intensa no último ano e levou alguns meses, porque precisava de cuidados extremos e o lado externo estava muito bonito, bem cuidado, com um jardim charmoso e a piscina estava ainda melhor.

Ela ficou em casa na última semana, sem me acompanhar na rua, mas chegou ao seu limite de tédio e como os meus compromissos do dia eram tranquilos, deixei que me acompanhasse. Enrico a levou para passear em pontos turísticos e nos encontramos para almoçar. Passeei com ela por duas praças e me submeti a todas as fotografias que ela quis, porque a Giovanna era até bem calma, não ficava me ligando, mandando mensagens ou sendo grudenta. Ela se distraía muito bem sozinha.

Voltei a minha atenção para o homem a minha frente.

— Tio... Eu amo e respeito o senhor. — Bebi a minha água. — Mas eu não poderia dar as costas a essa família nesse momento. Trair a Juliana seria dar as costas a essa família. Parece que o senhor esqueceu que boa parte do nosso dinheiro está relacionado com a Villa Valentinni.

— Eu amo a minha nora, mas ela é uma mulher. Mulheres não mandam em nossas famílias... Elas nos dão filhos. — Ele fechou a mão em punhos. — E tudo que ela quer fazer...

— E daí? O senhor trouxe estrangeiros para a nossa família! Se associou a um psicopata que nos expôs no passado e ainda por cima, fez negócios com Oliver King, nosso inimigo por anos! Você abriu precedente para as mudanças e o meu primo fez acontecer, mas sem perder nossa cadeia de comando! — Empurrei a minha taça, porque aquela conversa estava terminando. — E eu vou deixar uma coisa muito clara... Espero que nenhum de vocês esteja por trás de tudo isso. Ou não vai sobrar pedra sobre pedra.

— Não arquitetaria para matar o meu filho.

— Nós dois sabemos que não é bem assim. E se fosse para a Juliana estar naquele carro? — Coloquei uma nota em cima da mesa.

— Seria a mesma coisa. Enzo e Juliana eram um só...

Não falei nada e simplesmente saí da mesa. Enzo desconfiava do seu pai, mas não tinha como provar. Até o momento, nenhum de nós tinha. Meu tio Lorenzo não se aposentou por livre e espontânea vontade. Ele foi aposentado à força, porque trouxe para família associados que sabiam demais. Enzo assumiu o controle de danos e apesar de ter mantido todas as sociedades e transformado em um negócio muito lucrativo, a maneira como meu tio fez foi perigosa para todos nós.

Império Perigoso - SpinOff Perigoso AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora