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Notas: (1) – Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling.
(2) – Essa é uma história contém relacionamento Homem x Homem. Se não gosta ou se sente ofendido é muito simples: Não leia.
(3) – Entre "..." pensamentos.
          Entre - ... – diálogos.
          Itálico: Parsel (língua das cobras).

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ESTOCOLMO

Nome do paciente: Harry James Potter.
Diagnóstico: Síndrome de Estocolmo.

- Por Merlin... – murmurou assustada, encarando fixamente o nome em letras douradas que estava gravado na ficha.

Quando a Dra. Elizabeth Jane Owens pegou a ficha de seu novo paciente naquela manhã, não esperava encontrar o nome do famoso menino-que-sobreviveu, o mesmo que havia desaparecido há seis anos no terrível ataque de Voldemort ao Ministério da Magia. Era certo que o próprio Alvo Dumbledore, há alguns dias, viera pessoalmente lhe pedir para assumir este caso, pois, segundo palavras do diretor de Hogwarts, não havia profissional melhor do que ela naquela área específica e modéstia a parte, dois prêmios – Varinha de Ouro e Entidade Mágica do Ano – comprovavam isto. Todavia, ela nunca imaginou que aquela pessoa tão importante para Dumbledore, a ponto de fazê-lo tratar da internação pessoalmente, fosse Harry Potter, o aclamado Eleito para destruir o Lord das Trevas.

Agora, ela pensava, fazia sentido os dois Aurores de guarda na porta daquele quarto, que era apenas o mais reservado e confortável quarto da ala psiquiátrica do Hospital de St. Mungus, o único quarto situado ao final do extenso corredor inteiramente branco, reservado somente para casos de alta periculosidade ou para celebridades mágicas que queriam ter aqueles 'problemas' escondidos de jornais sensacionalistas.

- Tenha calma – falou para si mesma – Ele é apenas mais um paciente que precisa de ajuda.
Dizendo isso, ela ingressou no aposento onde se encontrava o menino, recordando a si mesma que uma psicomaga que possuía dois doutorados nas melhores universidades mágicas de Zürich e Berlin não poderia se deixar abalar pela fama imposta a um garoto logo no seu primeiro ano de vida.

- Bom dia, Harry – cumprimentou calmamente, os olhos ainda fixados nos papéis em suas mãos – Eu sou a Dra. Elizabeth Owens e gostaria de conversar um pouco com você.

Ao levantar o olhar, porém, as palavras morreram em sua boca. O adolescente recostado na confortável cama de lençóis brancos era indubitavelmente bonito. O corpo esguio e de músculos pouco assinalados, coberto por uma camisa branca simples e uma calça de algodão da mesma cor, em conjunto com a face isenta de qualquer sombra de barba, formada por traços finos e aqueles impressionantes olhos verdes, davam um aspecto angelical ao menino e o confundia com um jovem de não mais que dezesseis anos – algo equívoco, pois ela mesma comprovou, ao voltar os olhos à ficha, que sua idade agora era vinte e um anos recém cumpridos –, não obstante, os cabelos negros como ébano, espalhados displicentemente pelo travesseiro, em contraste com sua tez alva e os lábios finos e rosados, acrescentavam um ar sensual e ao mesmo tempo pueril ao menino. Como um anjo voluptuoso fugido do paraíso.

Mas algo maculava aquele ente tão sublime.
E ao encarar os olhos verdes, perdidos e tristes, notou que não havia brilho algum ali. Apenas uma tristeza profunda. Deu-se conta, então, que era esse o motivo.

- Eu quero voltar para casa – uma voz melodiosa, baixa e suave, despertou a Dra. Owens de sua análise inicial.

Com uma expressão séria e o olhar fixo nos olhos sem brilho, ela se sentou na poltrona que havia junto à cama e perguntou em seguida:

- E onde é a sua casa, Harry?

Silêncio.

E o mesmo olhar sem brilho.

EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora