VIII

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Nota: (1) – Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling.
(2) – Essa história contém relacionamento Homem x Homem. Se não gosta ou se sente ofendido é muito simples: não leia.

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Logo cedo, na manhã seguinte, a doutora Elizabeth e seu paciente se encontravam acomodados à pequena mesa do aposento de Harry, na qual um delicioso café da manhã fora servido para eles, e conversavam sobre o motivo que havia levado a psicomaga a passar a noite inteira com o choroso menino em seus braços, isto é, a angústia que Harry sentia devido à ausência do seu amado Dark Lord. E a cada palavra proferida por aqueles trêmulos e rosados lábios de aparência ainda infantil, Elizabeth se via mais e mais contrária à idéia de Dumbledore manter o menino recluso contra a sua vontade. Ela mesma já havia garantido ao diretor que mais nada poderia ser feito, o amor que Harry sentia por Voldemort já estava enraizado na mente e no coração do menino e, por esse motivo, mantê-lo sob medicamentos e poções calmantes seria apenas mascarar a situação. Mas, infelizmente, Dumbledore se recusava a entender isso.

- Você tem certeza de que está se sentindo melhor, Harry?

- Sim, Lizzi, obrigado – ele sorriu fracamente.

Em algum momento, o qual nenhum dos dois recordava ao certo, "Dra. Elizabeth" se tornara "Lizzi" e ambos estavam contentes com a mudança. A cada segundo, a psicomaga colocava a ética da impessoalidade exigida por sua profissão de lado e se via cada vez mais afeiçoada ao seu doce paciente.

- Este prato está muito raso, você precisa comer mais, mocinho – a bela mulher repreendeu com um ar maternal e acolhedor, colocando mais uma pequena pilha de panquecas com mel no prato do menor.

- Eu estou bem, Lizzi – murmurou divertido – Você está parecendo a Nagini.

Ser comparada a uma serpente a desconcertou por alguns segundos, mas então ela se lembrou do que Harry falava a respeito da protetora serpente e sorriu com carinho, colocando-se a saborear sua generosa xícara de Cappuccino.

- Você gostaria de conversar sobre o que aconteceu esta madrugada? – ela perguntou com suavidade, casualmente, sem levantar o olhar dos biscoitinhos de nata que mergulhava em seu café.

Harry ficou em silêncio por alguns minutos, contemplando a questão, e somente após terminar seu prato de panquecas e tomar um generoso gole de seu suco de laranja, ele respondeu à paciente mulher:

- Eu não posso mais viver sem ele – suspirou, desviando seu entristecido olhar para janela protegida por grades mágicas – Eu sei que parece algo absurdo, mas é extremamente lógico para mim. Eu já não o vejo mais como o Lord das Trevas, ou o assassino dos meus pais, um perigoso monstro sem coração. Não, para mim ele é Tom Riddle, o mago mais poderoso do mundo, que se preocupa comigo, que me guarda e me protege de todo o mal.

Ela assentiu em silêncio, desta vez não havia anotações e análises, mas apenas a sua profunda compreensão e o brilho encorajador em seus olhos azuis. E assim, Harry continuou:

- À noite, quando eu fecho os olhos, eu vejo tudo o que eu perdi, ou melhor, tudo o que foi tirado de mim. Eu me vejo seguro e amado em seus braços, encarando seus olhos frios e percebendo no fundo daquela imensidão escarlate uma inimaginável chama de paixão. Eu me vejo sob o seu corpo poderoso, protegido de todos os males do mundo, ouvindo sua voz rouca e imponente garantir que eu pertenço apenas a ele, porque é isso o que eu desejo, eu quero pertencer a ele porque somente dessa forma eu jamais serei deixado sozinho. Quando eu fecho os olhos, eu vejo que o meu coração foi arrancado de mim.

- Harry... – Elizabeth murmurou compreensiva, observando com tristeza as esmeraldas sem brilho.

No entanto, antes mesmo que ela pudesse proferir algumas palavras de conforto para o menino, o estrondo proveniente da porta do quarto sendo aberta abruptamente a interrompeu. E para desconcerto, tanto de Harry, quanto da psicomaga, o próprio Alvo Dumbledore, acompanhado da maioria dos membros da Ordem da Fênix acabara de ingressar às pressas no aposento.

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