Boa Leitura, xoxo
Z A Y N
Okay, eu estava puto.
A alcanço logo que sinto meus pés ficando leves de novo e ela suspira.
- Você tem que parar de fazer isso. - Se toda vez que ela não quisesse falar comigo ela me prendesse no chão, eu estava feito.
- Eu conheço vários outros se você se cansou desse, incluindo um que te mandaria direto pro seu quarto. - Nem ouso insinuar que não, porque tinha certeza que ela o faria só pra provar que podia.
- Eu só quero te levar pro quarto. - A frase saiu estranha. - Pro seu quarto. - Corrijo e ela rola os olhos.
- O que pode ter de tão perigoso nos corredores de Auradon que você tem que perder seu precioso tempo comigo, principezinho? - Não era essa a questão.
- É a coisa certa a se fazer. - Ela se vira pra mim, começando a andar de costas.
- Sinceramente? Eu não compro isso. - Fico confuso e ela volta a andar normal.
- Não compra o que?
- Essa bondade. Esse polimento. Vocês não são assim. - De novo, confuso.
- Como não?
- Você nunca fez nada de errado na vida, principezinho? Digo, além de foder pessoas aleatórias e as descartarem como lixo? Não que é a última seja tão errado se compararmos com sei lá, assassinato, mas você pegou a essência. - Paro pra pensar e de repente agradeço seu quarto ser tão longe.
- Acho que eu e você temos conceitos diferentes do que "errado" significa. - Ela parece concordar.
- Você tem um ponto. Então, você está me dizendo que nunca fez nada de errado na vida? - Nunca roubei, nunca matei, nunca fiz nada ilegal.
- Sim.
- E você acha que nunca fará nada de errado até... o resto da eternidade, já que você não morre? - Era algo a se pensar.
- O que eu poderia fazer de errado? - Ela dá de ombros.
- Você será o rei. Não de um só reino, mas de todos juntos. - Fico imaginando sua reação ao descobrir que, muito provavelmente, ela seria a rainha. - Não tem como fazer o certo para todos o tempo todo. Não tem como conhecer a realidade de cada um. Uma decisão afeta muita coisa. - A conversa tinha tomado proporções que eu não esperava.
- Onde você quer chegar com isso? - Aria dá de ombros.
- Em lugar nenhum. Você insiste em me seguir e tem algo de errado comigo, estou pensando em fazer algum encantamento de cura, mas é legal a sensação de não ter filtro e ser leve. - Ela estava falando tão bem e agindo tão "sério" que quase tinha me esquecido que ela estava bêbeda. Um jeito totalmente estranho de ficar bêbedo, diga-se de passagem.
- Nada que vá te matar, antes de amanhecer mesmo passa. - Ela assente.
- Não foi você que decidiu nos trazer pra cá. - Fico surpreso pelo assunto súbito, mas concordo. Até meus 21 anos, eu não mandava em nada em Auradon, apenas era preparado pra isso.
- Não. - Concordo.
- Você teria decidido isso algum dia? - Penso e respondo de forma sincera.
- Não.
- E você acha que isso seria certo? - A verdade? Sim.
- Não exatamente "certo"... Mas você tem que concordar que ninguém estava ali sem merecer. - Ela me olha divertida.
- Eu estava lá. O que eu fiz pra merecer estar lá? - Oh, caralho.
- Você é um caso a parte.
- Só eu? E quanto aos outros Perdidos? Liam, Harry?
- Tudo bem, não todos. - Ela balança a cabeça de forma negativa, mesmo que no rosto estivesse um sorriso.
- Um dia. Um dia que vocês passassem naquela ilha e até a Malévola iria receber perdão. - Isso eu duvidava muito.
- Não imagino que era bom, mas... O que pode ter de tão ruim? - Imagens vem na minha cabeça. Frio, um lugar escuro, alguém estava gritando no meu ouvido, me mandando fazer uma coisa e machucando meu braço. Eu estava preso? Tinha ferro nos meus pulsos, apertando mais do que deveria. Eu simplesmente não sabia como fazer o que estava sendo pedido mas sabia que se não fizesse, ela bateria nele de novo, e de novo e de novo...
Demoro mais de um minuto pra descobrir que aquilo, aquele medo, aquele pânico, dor e todo o resto que eu senti não era minha imaginação, eram memórias. Olho chocado pra menina no meu lado e ela continua sorrindo, como se eu não soubesse da missa a metade. E pelo visto, eu realmente não sabia.
- Eu queria viver nessa bolha que vocês daqui vivem. Vocês nem imaginam o que tem do outro lado. Você acha que a pior coisa era roubar? - Agora, eu achava que não. Estava assustado. E angustiado. Queria perguntar pra ela o que era aquilo, quando tinha acontecido, o que eu podia fazer pra ajudar.
- O que fizeram com você? - Deixo escapar e ela me olha confusa.
- Como assim o que fizeram comigo? - Quem te prendeu? Quem estava te ameaçando? Quem era? Eu tinha medo que se ela falasse o nome eu fosse atrás da pessoa, mesmo que eu fosse provavelmente morrer antes de chegar perto o suficiente para dar sequer um soco digno.
- Eu quis dizer o que vocês faziam. - Não, eu não quis dizer isso. Ela dá de ombros.
- Sobreviver seria uma boa palavra pra resumir isso. E você, o que você fazia? - Tenho até vergonha de compartilhar o quão boa foi a minha infância. Isso era justo? Que eu tivesse nascido e vivido no luxo enquanto muitas outras crianças conheciam a tortura desde cedo? Quando ela conhecia a tortura desde cedo?
- Você realmente quer saber? É chato. - É vergonhoso. Me sentia uma pessoa tão ruim agora. Aria concorda e posso jurar que ela está sendo sincera. - Desde que eu nasci eu fui treinado para ser o futuro rei. Apenas isso.
- Como você entrou na linha de sucessão e não Ben? O que te fez entrar? - Você. O laço.
Tento caçar outra desculpa, mas nada vem a mente.
- Os pais dele, do Ben, não queriam. - Isso só a confunde e eu não culpo.
- Bem, chegamos. - Só quando ela fala eu percebo que paramos em frente a sua porta.
- Sim, chegamos. - Concordo e me apoio nos pés pra frente e pra trás. Estava nervoso e não queria ir embora.
- Okay, eu vou entrar... - Ela fala, mas parece confusa. Concordo e Aria suspira. - Você vai ficar na minha porta? - Não sabia porquê, mas estava considerando essa opção.
- Não se você me deixar entrar.
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Descendentes - Zayn Malik
FanfictionO mundo dos contos de fada a muito fora dividido. Uma ilha para os reis, rainhas e seus filhos viverem felizes, a outra para vilões e qualquer linhagem futura apodrecer eternamente pelos seus crimes, afinal, todos ali eram imortais e a morte era mai...