natural [ziam]

#7: thunder

Deixo o aparelho de barbear sobre a pia e lavo a espuma de meu rosto, olhando meu reflexo.

Não tenho certeza se gosto da minha pele tão lisa assim, mas tenho como foco não aparentar ser um homem das cavernas, mesmo que minha barba não chegue a tanto, talvez apenas uma leve penugem a mais do que o sensual por raspar de Liam.

Visto meu casaco e, assim que saio de meu apartamento, dou de cara com Bella e Abel fechando a porta ao lado, com mochilas imensas às costas.

― Já estão indo? ― pergunto, segurando o elevador para os dois. ― Sim! ― Bella quase grita de empolgação! ― Consegue imaginar, Zee? Euzinha de mochilão na Europa? Parece um sonho!

Abel sorri orgulhoso, ao meu lado, e eu não tenho como duvidar de seu amor por minha amiga. O elevador desce vagarosamente e Bella aponta, em um mapa para mim, seu roteiro. Ouço tudo sorrindo para ela, feliz pelos dois.

As portas se abrem e ela me abraça, beijando em altos estalos minhas bochechas, enquanto Abel praticamente a empurra para o táxi em meio a sua despedida exagerada.

― Vou sentir saudades! Divirtam-se! ― abro a porta do carro amarelo para os dois e me despeço outra vez vendo o taxi ir embora, sentindo-me momentaneamente triste. Eu estava feliz por ela, por eles. Mas meu coração se sentia sozinho repentinamente.

***

― O último garoto achou que você deveria raspar a barba? Estava papa anjo demais para ele?

Olho para Liam enquanto ele volta a vestir sua camisa. A sessão tinha sido muito boa e ele, outra vez, abrilhantara as câmeras, mesmo que fotografar não fosse sua habilidade.

― Não foi nenhum pedido. Eu que quis.

Ele continua me olhando, como se a informação que eu dei não fizesse diferença alguma em seu julgamento, mas deixo passar sua afronta quando penso em matar uma de minhas curiosidades sobre ele.

― O Irish é seu? ― fecho a maleta de minha máquina e a guardo no armário, fingindo perguntar por perguntar.

― Sim, se o banco continuar concordando. ― ele inclina a ponta do lado direito para um sorriso irônico e eu gosto do que vejo. Demais. No entanto, o sorriso parece cansado, por mais que estivesse em seus lábios, de modo algum alcança seus olhos.

O silêncio volta, mas não me incomoda.

Liam fecha os botões de sua camisa, um por um, e eu tento não acompanhar o movimento com o queixo caído, a boca cheia d'água para seu corpo.

― Está tudo bem? ― pergunto, sentando-me em minha cadeira e ligando o monitor para ver o resultado do trabalho, mas toda minha atenção está para o semblante surpreso que tenta disfarçar ao ouvir minha pergunta.

― Por que está perguntando?

― Como assim? ― clico na pasta na área de trabalho e ela abre com centenas de imagens. ― Estou perguntando se está bem. Tenho que argumentar minha pergunta? Precisa de algum embasamento teórico?

Liam apoia a mão na mesa e afina o olhar para mim.

― Talvez seus garotos gostem de seu deboche, Zayn. Mas eu não estou acostumado a isso. Pode simplesmente me responder o porque de seu interesse?

Cruzo as mãos sobre a mesa, encarando-o. Ele não podia estar falando sério!

― Você quer que eu simplesmente responda sua pergunta quando não pôde sequer responder a minha, mais simples ainda? Eu apenas perguntei se estava bem porque parece cansado, Liam. ― digo, firme, mais do que poderia prever. ― Não quer dizer que esteja dando em cima de você, não se preocupe.

― Eu não quis dizer isso. ― ele fecha o cenho, parecendo afetado com minha resposta.

― Então talvez deva se preocupar mais com suas respostas do que com minhas perguntas. ― retruco e ele vira a cara, saindo pela porta e entrando no corredor sem se despedir.

Não esperaria que fosse diferente, mesmo percebendo que ele literalmente fugira de meu questionamento e não me respondera se está bem.

Volto minha concentração para o computador e clico de imagem a imagem, selecionando as que eu acharia que poderiam impressionar minha chefe, as que Liam mais chamava a atenção, o que era extremamente complicado, já que eu parecia gostar de todas e acabei demorando naquela tarefa muito mais do que gostaria.

Subo a escada central sabendo que era tarde, mas era certo que Cheryl ainda estava em seu escritório, não tinha dúvida alguma, pois sempre extrapolava seu expediente, mesmo que eu não fizesse ideia de qual era seu horário.

Ela sempre chegava antes de mim e, claro, também saia depois de mim. Ou de quase todo mundo.

Eu a chamo algumas vezes, batendo de leve na porta, mas ela não me responde. Escuto uma música baixinha e não é a primeira vez que a encontro bebendo um vinho, escutando blues enquanto trabalha. Coloco minha mão na maçaneta e suspiro ao ver que a porta não estava trancada, no entanto, ainda tenho dúvidas se entro ou não já que sua secretária não está ali para me autorizar ou sequer me anunciar.

Devagarzinho, quase em câmera lenta, eu a abro. Uma pequena brecha, quase nada, mas o suficiente para que meus olhos vislumbrassem o que acontecia ali, absurdamente surpresos.

Sobre o sofá lateral, ela estava com as pernas envoltas na cintura de um acastanhado que avançava contra ela, quase que acompanhados da cadência do blues.

Engulo em seco vendo o corpo de Liam sobre o dela, os gemidos de prazer mais baixos que a música, mas mesmo assim, escancarados para meus ouvidos. Ele estava sem blusa e eu conseguia ver nitidamente sua bunda se contraindo quando remetia sua cintura, com as calças arriadas, entre as pernas de Cheryl.

O gemidos de Liam vibram meu coração como trovões.

A piranha agarra a bunda de Liam, quase berrando seu nome e, quando ela desce a boca para o meio das pernas dele, e ele joga a cabeça para trás, volto com dois passos me afastando dali.

Fecho a porta do escritório e recosto meu corpo à parede. Cerro os olhos e respiro devagar, tentando colocar meu coração em seu compasso normal, percebendo, muito contrariamente, que meu pau estava quase rasgando minha cueca.

Eu havia ficado excitado com aquela cena? Como, se só imaginar Liam com outra pessoa me dava calafrios? Ou foi a visão de seu corpo nu e seu rosto extasiado que mexeram com meus instintos?

Abro meus olhos e deixo a pasta com o resultado da sessão de fotos daquela semana em cima da mesa de sua secretária e, sem esperar ouvir o grito do orgasmo, caio fora dali o mais rápido possível.

✨✨✨

TODOS os direitos reservados à Mel Pratt.

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