#9: believer

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― Estou indo. ― aviso assim que DG se despede e sai pela calçada.

Liam enfia uma blusa de moletom e dá alguns passos em minha direção, pegando as chaves em cima do balcão. Dou uma rápida olhada em tudo e não tem mais jeito do que o que demos na última hora, as mesas e as cadeiras estão em seus lugares e as bebidas nas prateleiras estão desfalcadas, porém, não há mais nenhum rastro de briga.

― Eu vou te acompanhar até seu apartamento.

― Não precisa.

― Mas eu vou. ― ele muda a plaquinha da porta de vidro para fechado e praticamente me empurra porta afora. ― Não sei se os caras podem voltar e não me custa ir até lá.

― Você sempre tem quer esse macho alfa, não tem? ― implico de maneira sarcástica porque é o que eu consigo fazer quando estou nervoso em qualquer situação, seja em uma prova acadêmica, seja ao lado do cara que faz todo o meu sangue irrigar um ponto específico de meu corpo, mesmo depois de uma briga.

Liam coloca as mãos nos bolsos e avança pela calçada, levantando os ombros, como se não lhe fosse permitido ter opções, a não ser, ser o alfa que era.

― Meio que se aprende a olhar a retaguarda quando se cresce em um orfanato cheio de adolescentes endiabrados.

Sorrio quando ele dá ênfase à palavra endiabrado em meio a um revirar de olhos, mas fecho o sorriso quando todo o teor de sua frase abarca meu cérebro.

― Você viveu em um orfanato? Por quanto tempo?

― A adolescência inteira. Eu era um dos endiabrados, não posso reclamar. ― seguimos pela calçada e eu reparo nas poucas pessoas que se encorajam a sair naquela noite chuvosa. ― E você, cresceu em uma casa grande, a família amorosa, seus pais aceitaram que é gay com um sorriso no rosto?

Noto que também gosta de abusar da ironia quando não parece estar muito bem, a briga deveria ter sido sua gota d'água, hoje.

― Família pequena, apenas eu e minha mãe, então não, não era uma casa grande, mas sim, ela me aceitou e ainda me disse que já sabia antes mesmo de eu lhe revelar. ― me espremo entre as pessoas que tentam se abrigar embaixo da marquise e ele me olha de rabo de olho.

— Você é gente boa, Zee. — ele se precipita entre os carros sem esperar o sinal ficar vermelho e eu vou logo atrás. — Não esperaria outra história.

Não sei se aquilo é um elogio ou o que, mas o observo de lado. O que ele queria dizer com minha história?

— Você também não é de todo mal! — rebato e uma buzina quase não me faz ser ouvido. Mas Liam me olha e para em frente à minha portaria, encostando-se à grade de metal. — Pelo menos não é tão assustador quando não está de cara amarrada.

Ele ri.

Quase tenho um treco.

Simplesmente me dá vontade de gozar toda vez que ele arreganha aqueles dentes e produz aquele som maravilhoso.

— Eu não sou assustador. Apenas não rio à toa.

— Reparei. — pego a chave em meu bolso. — Mas vale a pena rir mais. Combina com seu rosto, Liam. — abro o portão. — Você vai abrir o pub ainda?

— Nem fodendo. — ele cruza os braços. — Completamente sem cabeça para isso.

— Então, sobe. Fiz uma macarronada ontem à noite e sei que o molho fica melhor no dia seguinte. É um bom modo de te agradecer pelo prejuízo de hoje.

— Uma macarronada nem chega aos pés do que você me deve, você quebrou uísques de trinta anos, Zayn! — ele volta a rir e eu meio que rio de nervoso. Gosto dele irônico, mas caramba, tínhamos mesmo quebrado bebidas bem caras. No entanto, antes que eu volte a pedir desculpas, ele entorta o sorriso. — É receita de sua mãe? Se for, estamos quites.

natural [ziam]Onde histórias criam vida. Descubra agora