#24: who we are

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O dia amanhece em silêncio e eu e Liam vamos ao pub arrumá-lo para o Natal. Não conversamos desde sua fala precisa sobre quem ele era e era quase utópico estarmos arrumando o pub para qualquer festividade quando toda uma tempestade paira sobre nossas cabeças.

Levo os enfeites que tenho guardado em casa, já que não a arrumei para o Natal e penduro algumas botas e sinos nas colunas de madeira. Liam traz caixas e mais caixas de bebidas do depósito e eu me pergunto que tipo de Natal as pessoas que vão frequentar o pub àquela noite, desejam.

— Você vai continuar sem falar comigo? — ele apoia um engradado ao balcão e me fita, tirando o casaco.

Coloco uma guirlanda na porta e ando até ele.

— Eu não estou sem falar com você.

Ele não desvia os olhos dos meus.

― E por que mais não falou uma palavra em horas? ― responde com outra pergunta.

— Estou apenas preocupado, Liam. — rebato, sério. — Não consigo parar de pensar em como resolver isso.

― Me ignorando não resolverá merda alguma. ― ele diz, também sério.

Suspiro e ele me olha, frustrado.

― A não ser que seja isso que queira. Me excluir totalmente.

Encaro-o.

― Você sabe que não é isso.

― Então não me trate diferente. ― ele responde me encarando de volta e não consigo confrontar os sentimentos que passam em seus olhos.

Mas é óbvio que Liam está com raiva.

Muita.

Então, ele desvia os olhos e fita corredor, suspirando, resignado.

— Eu não vou te tratar diferente se você continuar sendo o mesmo Liam de sempre.

Bufo para ele e pego uma sacola ao seu lado.

— Onde você vai? — ele me pergunta quando me adianto pelo corredor.

— Vou pegar o restante dos enfeites! — digo, nervoso. — Posso? Ou você também vai achar que estou te ignorando? — elevo minha voz em um tom irônico e entro no depósito.

Minhas mãos tremendo de nervosismo pegam a caixa que deixei no chão ao lado da porta dos fundos. Sei que meu acesso é um pouco exagerado e talvez até meio imaturo, mas estou com os nervos em frangalhos, meus sentimentos, a flor da pele, borbulhando em turbilhão.

É isso que Liam me causa, mesmo sem ser sua intenção.

A porta do depósito se abre e eu contemplo Liam. Ele espalma as mãos na parede, me cercando entre seus braços.

— Eu não sei lidar com essa merda toda, Zee, e eu não estou falando somente de voltar ou não voltar para o cartel. — ele praticamente sibila em meu rosto. — Estou falando é do medo que tenho de como você vai me olhar a partir de então. Do quanto eu estarei te decepcionando. — olha severamente para mim, a frustração cintilando em seus olhos. — Então, não, não menospreze a porra de meus sentimentos se acho que você está me ignorando.

Perco o ar e sorvo um pouco, mas antes que eu possa respondê-lo, Liam envolve meu corpo ao seu, se apoderando de minha boca.

— Eu não estou menosprezando. — digo em seus lábios e suas mãos descem pelas minhas costas, espalmando-as em minhas nádegas, me fazendo sentir o latejar característico em meu pau. Como eu podia estar excitado depois de levar um esporro dele?

natural [ziam]Onde histórias criam vida. Descubra agora