#11: hear me

359 65 96
                                    

― Liam? ― minha voz sai em uma mistura de engasgo e medo e ele levanta o rosto, me encarando por detrás de olhos enevoados. Vou até ele. — Liam! Meu Deus! O que houve? O que fizeram com você?

— Eu... eu estou bem... só preciso me levantar... — ele fala num tom de voz grave e rouca e eu percebo que tenta disfarçar a dor que está sentindo.

— Liam. — seu rosto está sujo de sangue e eu procuro algum machucado nele, mas não encontro. — Vamos, me ajuda aqui, vamos levantar.

Não consigo não pensar naqueles quatro caras ao lado do pub uma hora trás. Liam tinha levado uma surra deles, não tinha?

— Porra! — ele geme, levando a mão diretamente para o lado esquerdo de seu ombro e eu vejo a mancha vermelha sobre a camisa. Seu corpo todo tomba para trás novamente e ele se escora na parede.

― Deixa eu ver isso, Liam. — seguro o colarinho de sua camisa e começo a abrir os botões. Liam me fita entre os olhos semiabertos e solta os braços ao lado do corpo, parecendo alheio ao que estou fazendo. — Vamos ao pronto socorro, Liam e...

— Não, sem hospitais.

No mesmo momento em que aquelas palavras saem de sua boca, eu seguro o ar, mesmo precisando respirar fundo. Minhas mãos seguram com força o colarinho aberto enquanto fito as manchas roxas e escoriações estampando toda sua pele nua.

Eu sei que não devo pensar nisso, não agora, mas não tem como não imaginar a sessão de fotos sem blusa marcada para a manhã seguinte.

Vony iria pirar.

— Você consegue subir as escadas comigo? Tem algum remédio lá em cima?

— Consigo. — ele geme. — No banheiro.

Subimos as escadas praticamente a um degrau por minuto e eu começo a ficar nervoso pensando na queda, caso ele solte um pouco mais do peso sobre mim.

No entanto, quando finalmente chegamos, Liam se joga na tampa do vaso e eu agradeço por termos conseguido enfrentar o mais difícil que foi chegar até ali. A não ser que Liam não tenha os medicamentos certos e ele morra de alguma infecção esta noite, claro.

— Eu estou bem. Só zonzo. — ele diz e eu o ignoro, futucando o armário sob a pia. Pego uma caixinha de sapato e a abro, me deparando com vários frascos. Remédios.

Olho o chuveiro e entro no box, girando seu registro.

— Entra. Vai ser mais fácil limpar esses ferimentos se tomar um banho. Quer um analgésico de uma vez?

— Nem todo o sangue é meu, Zee. — ele grunhe. — Está parecendo pior do que realmente está.

— Chuveiro. — repito e ele não se move. — Pode me ouvir pelo menos uma vez?

— Eu sempre te ouço. Zee.

— Não parece. — resmungo e ele revira os olhos, se fingindo de forte, no entanto, se escora na parede e coloca os dedos em cima do botão da calça jeans, parecendo fazer o maior esforço do universo.

Eu seguro a respiração observando-o abrir o jeans e deixá-lo deslizar pelas pernas.

Caralho!

O cara está acabado, mas não consigo não sentir o sangue irrigando lugares que não deveriam se manifestar naquela hora.

Mas o que posso dizer?

Liam era magnífico apenas de cueca e toda vez que eu via aquilo, demorava dias para tentar dissipar a imagem. Tentar, não quer dizer que era bem-sucedido.

natural [ziam]Onde histórias criam vida. Descubra agora