natural [ziam]

#21: my fault

1k leituras! obrigada <3

Eu me sento à mesa redonda e enfeitada por flores e observo o salão de festas do castelo da família rica e poderosa de Vony. Eu não esperava menos do que aquilo. Cada centímetro daquele local ostentava a riqueza e o poder em que todos do império Cole estavam acostumados.

E, claramente, em um aniversário da revista tendência e queridinha, isso não poderia ser diferente. E isso estava estampado, inclusive, no modo que se vestiam, andavam e se portavam aos convidados e mídia presente.

Olho a minha volta e vislumbro Gigi e Tiana conversando com empresários importantes, repórteres tirando fotos de celebridades locais e modelos desfilando pelo tapete vermelho fingindo não estarem afetadas com os cliques constantes.

Eu miro a estagiária e me pergunto o que ela ganhou ao contar sobre o que achou ter escutado em nosso quarto em San Francisco. Quando Cheryl não foi à viagem, fiquei aliviado por passar por dois dias de trabalho sem sua cara de bunda, mas agora simplesmente as coisas faziam sentido. Ela havia mandado a estagiária para tomar conta de seu gado.

Bebo um gole de champanhe e meus olhos se direcionam para a entrada.

Ela entra primeiro, sorridente e fazendo poses para câmera. Não tinha como ignorar que ela era bonita e carismática, mesmo que fosse o inferno escaldante por dentro.

Então, ele entra e ela segura sua mão, entrelaçando seus dedos aos dele.

Os cliques retornam em flashes constantes sobre os dois.

Liam e Vony.

Ele não sorri, piscando pesaroso enquanto os fotógrafos miram a beleza latente dos dois, registrando aquele momento para sempre. Liam se vira para o salão, mirando a todos distraidamente, mas quando me vê, pisca tão devagar que quase parece fechar os olhos sem forças para reabri-los.

O braço de minha chefe envolve as costas largas de Liam e ela o guia para o outro lado da entrada do salão, exatamente o lado contrário de que eu me encontro, sorrindo exageradamente para seu acompanhante enquanto colocam as máscaras.

Ela, uma bela máscara, como a de uma nobre duquesa, dourada e cravejada de brilhos, como seu vestido, com uma única pena vermelha na lateral. Ele, uma máscara vermelha como sangue, fosca e simples, mas porra, porra, olhá-lo de terno com aquela coisa em seu rosto, era um banho de fetiche para meus sentidos.

— Isso aqui está maravilhoso, não está, Zayn? — uma mão gelada alcança meu pescoço e eu me deparo com Bryan parado em pé ao meu lado, seus dedos roçando minha nuca de uma maneira estranha.

O modelo está vestindo um smoking caro e elegante, mas mesmo assim, não chega aos pés da beleza instigante e agressiva de Liam. Sorrio para ele, educado.

— Não poderíamos esperar menos de um baile de máscaras. Cadê a sua? — respondo de volta e Bryan sorri, soltando a mão de mim e pegando sua máscara prata.

— Me incomoda um pouco, pinica. Deveria ter escolhido algo aveludado como o seu, Zee. Falando nisso, boa escolha. Azul petróleo realça seus olhos.

Não tenho como não achar que Bryan não esteja dando em cima de mim, mas disfarço a pulga atrás da orelha e apenas sorrio em agradecimento.

— Você aceita um drink ou algo assim?

— Não, obrigado. — mostro a fileira de taças que peguei do garçom há alguns minutos e ele sorri sem graça saindo de perto de mim.

Observo o salão, as pessoas dançam envolvidas pela música da banda no palco, a fragrância de perfume caro, taças de champanhe, vestidos brilhantes e volumosos deslizando pelo espaço e ocupando todas minhas sensações.

Meu ouvido zune profundamente e eu fecho os olhos, sentindo o gosto acre que me consumia há dias.

Medo tinha gosto sim, ciúmes também. E ardia, ardia demais.

Volto a tomar outro gole de champanhe e finjo estar conectado a tudo que acontece a minha volta, mas sei que minha mente e meu coração estão bem longe dali. No canto extremo do salão.

— Como você está?

Engulo em seco não acreditando na vibração daquela voz. Na rouquidão, no tom tantas vezes sussurrados em meu ouvido.

Viro-me e Liam está absurdamente sexy em uma máscara negra, sem detalhes. Seu cheiro é mais inebriante que qualquer um ali. E eu tenho certeza que posso sentir o gosto de champanhe de seus lábios mesmo que eu não tenha sequer encostado neles. Ainda.

— Mudou de máscara, Liam?

— Pode me culpar por querer privacidade por dez minutos? — seus lábios se inclinam de maneira irônica.