Parte Quatro

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O dia que eu comprovei que dormir é mesmo superestimado, se você tiver um bom motivo para permanecer acordado

Maria-Eduarda-Digo-Duda: Boa noite! Socorro!
Eu estava na dúvida se você ia mandar mensagem mesmo.
Espera, vou salvar o seu contato.

O sorriso bobo não sairia do meu rosto nem que minha vida dependesse disso, eu tinha certeza. Abri a parte do aplicativo onde havia a ferramenta para salvar o contato, e acabei me deparando com a foto de perfil de Catarina.

Ela estava na rua, naquela foto ─ saudades poder sair de casa sem máscara e sem drama ─ posando para a foto na frente de um grafitti enorme e colorido. Vestia uma saia branca rodada que ficava linda nela e uma blusa preta, colada no corpo, que dava um destaque impressionante para o busto.

Pera, era sério que eu estava reparando logo naquilo? No entanto, o que mais chamava a atenção na foto era o sorriso impressionantemente enorme que estampava o rosto da garota, destacado pelo batom roxo escuro.

─ Foco, Duda, foco! Salva o contato da menina de uma vez.

Foi o que eu fiz, no padrão que eu estava acostumada ─ primeiro nome seguido de uma referência, entre parêntesis ─, logo antes de retornar correndo para o chat iniciado.

Catarina (mercado): Mas é claro que eu ia mandar mensagem! Não gritei isso no mercado que nem uma maluca quando você saiu correndo à toa. Está me acusando de não ser uma mulher de palavra, senhorita?

Maria-Eduarda-Digo-Duda: Claro que não! Desculpa. >.<

Catarina (mercado): KKKKKK.
Não leva a sério tudo o que eu digo, Duda.
Estou só sacaneando contigo.

Maria-Eduarda-Digo-Duda: Ah.
Nossa, ainda bem!
Nunca sei quando as pessoas tão falando sério ou zoando quando estou me comunicando por mensagem.

Catarina (mercado): Sério? Nunca imaginaria isso depois das conversas doidas que a gente teve no mercado. /ironia, tá?
Mas, então, o que você ficou fazendo o dia inteiro? Bloqueando e desbloqueando o celular centenas de vezes esperando uma mensagem que não chegava nunca? Kk.

Ri de nervoso para mim mesma, sentindo as bochechas esquentarem. Porque era justamente o que eu havia feito o dia inteiro, mas eu não podia falar aquilo, não é? Ia sair como uma doida emocionada. E não que eu não fosse, mas... Ela não precisava descobrir aquilo logo de cara.

Maria-Eduarda-Digo-Duda: Não sei, mais do mesmo. O que as pessoas têm feito desde que começou o isolamento?
Cozinhei com a minha avó. Estudei cálculo.

Catarina (mercado): E higienizou todas as compras com um afinco sem precedentes logo que chegou em casa do mercado, eu imagino.

Maria-Eduarda-Digo-Duda: Evidentemente.

Catarina (mercado): kkkk.
Seu empenho é tocante. Eu perdi a paciência pra limpar as compras na terceira semana.

Maria-Eduarda-Digo-Duda: Eu só faço o que estiver ao meu alcance para proteger a minha velha, tá legal?

Catarina (mercado): Sua avó? E como ela está?

Maria-Eduarda-Digo-Duda: Bem.
Dormindo.
Ou então só foi deitar e está lá no escuro jogando Pou.

Catarina (mercado): Pou? KKKKK.
Quem ainda joga Pou?
Mas putz! Mandei mensagem meio tarde mesmo, foi mal. Você também estava indo dormir? Estou atrapalhando?

Amor em tempos de pandemia [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora