Parte Cinco

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Quando os astros de alinharam para que todos fizessem metáforas com contos de fadas de princesas sem nenhum motivo aparente

Quando acordei já passava das dez da manhã. O ventilador havia feito a minha cortina voar, e o sol bater bem na minha cara, despertando-me da forma mais desagradável possível.

Espreguicei-me ainda sem abrir os olhos, sentindo-os arder dada o horário tardio a que fui me deitar. E então soltei um resmungo, jogando os cobertores de lado e cobrindo o rosto com o travesseiro.

─ Levanta, Duda. ─ falei para mim mesma, logo em seguida choramingando em resposta ─ Eu não queroooo!

Mas acabei fazendo aquilo, de todo modo, tendo o cuidado de dobrar os cobertor e deixá-lo perfeitamente posicionado sobre o travesseiro. Não me dei ao trabalho de trocar o pijama, no entanto.

Atravessei o corredor para a sala arrastando os pés, encontrando a minha avó como ela costumava estar naquele horário: o celular colado no rosto com o aplicativo do Pou aberto enquanto respondia cada um dos comentários da Fátima Bernardes em voz alta.

─ Finalmente, a Bela Adormecida acordou. ─ ela falou primeiro, só depois olhando para mim ─ Ave Maria, Maria Eduarda, que cara de acabada!

Eu fiz um bico.

─ Obrigada pela parte que me toca.

─ Ah, vai ficar de drama agora? Se olha no espelho que você vai concordar comigo. Princesa perdeu a hora da carruagem virar abóbora e teve que voltar para casa a pé, foi?

─ Então agora eu sou a Cinderela? ─ coloquei uma mão na cintura.

Minha avó deu de ombros, rindo.

─ Mesmo esquisitinha você ainda é a princesinha da vovó. ─ ela fez uma cara fofa, que me fez rir ─ Epa, epa! Pera lá! Maria Eduarda sorrindo antes do meio dia? Temos aqui um milagre.

Eu revirei os olhos naquele momento, mais pra contrariar do que por qualquer outro motivo.

─ Ainda tem café?

─ No lugar de sempre. ─ minha avó respondeu, voltando a atenção para o jogo enquanto eu tirava meu celular da tomada e iniciava o sistema operacional.

Eu li em uma reportagem uma vez que os aparelhos eletrônicos emitem radiação que podem ocasionar doenças graves e, bem... Não me custa deixar o celular carregando na sala e usar um despertador analógico, não é?

Fui para a cozinha e me servi de meia caneca de café, secando o que ainda havia dentro da garrafa térmica. Também enchi de açúcar antes de completar a caneca com leite. Sim, eu só tomo café com leite, me julgue!

Sentei a pequena mesinha que havia na cozinha e abri o aplicativo de mensagens do meu celular tão logo ele havia iniciado, olhando as primeiras mensagens do dia enquanto bebia meu café da manhã tardio.

Lá, entre sete chats com Bons Dias de idosos e o grupo da faculdade ─ que a essa altura já somava mais mensagens do que eu me dignaria a ler, quando o abrisse ─, estava a foto extremamente sorridente da Catarina com uma bolinha verde do lado que indicava uma nova mensagem.

Não reprimi um sorriso bobo, engolindo mais um pouco do café com leite e abrindo o chat com um toque rápido. A mensagem tinha sido enviada às sete da manhã, indicando que a garota não devia ter dormido mais do que quatro ou cinco horas aquela noite.

Catarina (mercado): Nossa, eu apaguei mais dramaticamente que a Branca de Neve depois de comer a maçã envenenada de uma completa desconhecida. Quem diria que poderia dar errado, né? /ironia
Foi ótimo conversar com você essa madrugada, mas confesso que eu tô completamente A CA BA DA.
Só muito café preto e bem forte pra eu ter cabeça pra corrigir essa pilha de homework.
Te mando mensagem no almoço? Bom dia!

Amor em tempos de pandemia [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora