Decendente de sereia

Saberei a verdade

Arrumou suas coisas em cima da mesa e começou a ler suas anotações. A primeira aula era de Biologia, fizemos a nossa apresentação. Eles explicaram tudo bem certinho, mostrei os corais e a estrela do mar pra sala, alguns não tocaram na estrela nem na água.
No intervalo, fui pro mesmo lugar de sempre, mas antes, no corredor, vi que a diretora me olhava fixamente, estranhei, mas segui meu caminho.
Em baixo da árvore, vejo os meninos vindo em minha direção, eles pareciam sérios, quando chegaram perguntei:
  - O que aconteceu pra vocês estarem assim?
  Eles se sentaram e Jorge disse:
  - Sirena você lembra de alguma coisa de ontem?
  - Só lembro que fui dormir na casa de Henrique, por que?
  - Então não se lembra que a diretora foi na sua casa, que eu e eles somos diferentes?
  - Não me lembro da diretora. Ela foi na minha casa?
  - Então ela não se lembra.
  - Pois é, acho que melhor ficar assim.
  - Por que?
  - Pra segurança dela.
  Eles estavam falando de um assunto que eu não sabia e peguei:
  - Gente vocês estão estranhos, o que esta acontecendo?
  Eles me olharam e Jorge disse:
  - Nada não.
  “Se eles sabem de algo que por sinal estou envolvida, deveriam me contar, mas se não querem eu irei saber sozinha”, não perguntei nada e ficamos ali em silêncio até o sinal toca.
  “Durante alguns dias eles agiram de forma estranha, no intervalo, parecia que eles estavam revezando os dias de ficar comigo no intervalos. Não encostavam na água de jeito nenhum. Tem algo de errado nessa história” foi o que eu pensei. Levantei-me da cama e arrumei minhas coisas pra voltar pra casa amanhã já que ela voltam amanhã. Enquanto isso, pensei como iria descobrir o que eles escondiam “Jônatas! vou começar por ele”.
  Na escola, eles me acompanharam até a minha cadeira, tentei agir normalmente. “Eu confesso que até estava gostando de ficar com Jorge no intervalo, com os outros também mas com ele era diferente. Noite passada até sonhei que éramos namorados. Ei! no que estou pensando? Se concentra Sirena”. Os meninos pareciam feliz com o assunto, em tão prestei atenção. Henrique disse:
  - Fiquei sabendo que você está namorando a Nanda, é verdade?
  - É, pede ela em namoro ontem a noite.
  Quando ouvi isso, senti uma sensação estranha no coração, virei aos poucos pra frente, e tentei disfarça a minha tristeza ao ouvi-lo dizer isso, provavelmente o que senti era ciúmes “fico contente em saber que ele está feliz,  aceitarei o que ele quer" e foi assim que fiz. No intervalo, era a vez de Jônatas ficar comigo no intervalo, eu sabia que era ele, provavelmente eles não sabia que eu sabia que eles estavam revezando os dias. Sentei em baixo da árvore e ele também, abri a uma pequena bacia que tinha dentro uma fatia de bolo, uma mação e peguei uma garrafinha com suco. Jônatas trousse só frutas, eu perguntei:
  - Jônatas, por que tenho a impressão de que vocês três estão me escondendo algo.
  - Não temos nada a esconder.
  - Sério por que seu comportamento diz o contrario.
  Ele parecia mais nervoso, comi a fatia de bolo, olhei de vagar ao redor pra ver se tinha alguém, peguei a garrafinha de suco, abri e bebi um pouco. Depois inclinei a garrafinha só um pouco em direção a Jônatas, ele se afastou um pouco, comeu suas frutas e eu pensei “talvez eu esteja sendo fria demais, não eles estavam escondendo algo de mim e vou descobrir”, quando fui beber o suco, nada desceu, olhei e vi que o suco avia congelado, fiquei espantada e disse:
  - Como é que o suco congelou assim tão de repente?
  Ele olhou pra mim e meio que se engasgou, agitei a garrafinha com a boca pra baixo e disse:
  - Como pode isso? Tá tão quente aqui fora.
  Jônatas olhou espanto a cena e disse segurando drasticamente o meu braço:
  - Nãooo.
  Mas foi tarde demais, o suco descongelou e molhou ele, ele parecia desespero, se levantou e correu em direção ao banheiro perto da piscina e segui ele. Entrou no banheiro e fechou a porta drasticamente, não sabia o que fazer e peguei:
  - O que foi Jônatas?
  - Nada não.
  - Como não? Você correu e fechou a porta, vamos me diga!
  - Não, prefiro que você vá pra sala!
  - Como é que é!?
  E chutei a porta com força, quando  abriu vi ele no chão com uma expressão de horror, não via suas pernas, só uma parte do seu corpo era uma cauda, fiquei espantada e ao mesmo tempo surpresa, ele era um tritão, peguei uns panos e tentei ajudar ele, enquanto isso ele estendeu sua mão pra frente e saiu fumaça da sua cauda até se transformar e aparecer suas pernas, e ele disse se levantando:
  - Eu posso explicar.
  - Vai explicar tudinho, mas mesmo assim compreender o fato de não me dizem o que você era de verdade.
  - ...
  Pensei por um tempo e disse:
  - Então foi você que congelou o suco?
  - Não, foi você.
  Não entendi o que ele disse e perguntei:
  - Por que eu?
  - Este anel em seu dedo, é um anel da lua, ele contém a magia da lua.
  Olhei pro anel e disse:
  - O tempo todo ando com ele e como eu não sabia?
  - Por que você esqueceu.
  - Como assim?
  - Vou te explicar tudo.
  Ele me explicou algumas coisas e depois disse como eu conheci ele. Eu então pensei e depois disse:
  - Posso te pedir um favor?
  - Claro.
  - Você pode me ensinar a usar o anel da lua?
  - Posso.
  - E não conte aos meninos que eu sei o que vocês são por enquanto.
  - Como você sabe que eles ...
  - Por que se você é um tritão, eles também são, pois vocês andam estranhos e tudo mais. Mas sei que você não me contou tudo.
  Ele se levantou e disse:
  - Melhor voltarmos pra sala.
  - Ta bom.
  Peguei as minhas coisas e fomos para sala. No corredor, em frente a diretoria, eu senti uma coisa, era como se tivesse algo me chamando dentro daquela sala, Jônatas percebeu, pegou na minha mão e me levou pra sala, quando entramos, Henrique e Jorge nos olharam, Jônatas percebeu o por que e soltou a minha mão, em seguida fui sentar no meu lugar. Mais tarde na casa de Henrique, ele disse:
  - Por que Jônatas pegou em sua mão?
  - Nada.
  - Entendi.
  - Há, mais tarde vou em casa, limpar algumas coisas e depois vou passear pelo parque.
  - Mas depois volte pra cá, caso precisar de alguma coisa me liga, pois vou sair com uns amigos.
  - Ok.