Acaso ou Destino? | FIC RABIA

O medo e a culpa.

POV Autora

Naquela madrugada, as coisas para a mineira estavam tranquilas. Ela dormia bem sob o efeito do álcool como não dormia há dias.

Não diferente de Rafa, o álcool também habitava o corpo de Bia. Mas diferente da mineira, não estava em casa e nem dormindo. Bianca havia deixado suas amigas em casa já que era a única que podia encher a cara e ainda sim, dirigir o carro sem dificuldade.
Ela guiava o carro de volta para casa velozmente como sempre fazia. Sentia o mover de seus cabelos ao vento e o mesmo, sorver seus pulmões enquanto tocava uma música da qual ela gostava.
Em milésimos de segundos, distraiu-se com o botão de volume e seu carro foi de encontro a uma parede enquanto fazia uma curva.

algumas horas após.

Rafaella havia acordado há poucos minutos e permaneceu na cama por um tempo. Ela se lembrava apenas dos últimos minutos da noite quando disse que queria ver Bianca. Se moveu até o banheiro fazendo suas higienes. Dirigiu-se até a cozinha onde suas amigas estavam caladas enquanto bebericam seus cafés e sucos. Nem sequer tocavam em torradas ou pães. A mineira sentiu algo pesar quando adentrou o ambiente. Sentiu que havia algo errado. Pensou que poderia ser apenas ressaca ou um mau humor coletivo.

— Bom dia, meninas - sorriu enquanto olhava para as mulheres.

— Bom dia - apenas Thelma e Gabi responderam. Manu e Gizelly se encaravam e parecia estar conversando através daquela gesto.

— Eu fiz alguma coisa de errado? O que eu fiz ontem, gente? Me desculpa, nem sequer me lembro, eu - ela parecia estar agitada e preocupada.

— Amiga, a - Manu começou em um tom baixo impendindo Rafa de prosseguir. — A Bianca, ela... Na madrugada, ela bateu o carro e... está em coma agora.

Rafa sentiu como se seu coração tivesse parado por alguns poucos segundos. Passou por sua cabeça a possibilidade de um desmaio naquele momento. Ela estava branca e provavelmente gelada. Olhava desacreditada, as palavras dançavam por sua cabeça de forma confusa e tudo aquilo parecia não passar de uma piada. Só que essa não tinha nenhuma graça.

— Não! Não tem como ela estar em coma, gente. Gi, ideia sua esse trote né? - era tudo o que ela mais queria acreditar. A capixaba negou com a cabeça enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. — Nós nos falamos há alguns dias atrás e ela estava bem acordada quando disse que me amava. E eu disse que não a amava. Eu menti para ela. - colocou as mãos em sua cabeça, ainda calma. — Não! - repetiu com a voz um pouco menos calma, colocando suas mãos em sua cabeça. — Eu vi ela nos stories ontem e passei direto porque não queria ver ela com aquelas pessoas que eu não gosto. Não! - repetiu com a voz um pouco rouca. — Ela deve estar bem. Dormindo em sua casa, porque... a ressaca sempre faz ela dormir até tarde. Não falem isso! - exclamou baixinho. — Deve ter sido um engano. A Bia não sabe dirigir devagar mas sempre soube controlar. Ela não perderia o controle assim. Qual é, gente? Não pode ser verdade. Ela é a pessoa mais sortuda que conhecemos. Não bateria o carro assim. Não, gente, opor favor - repeti com a voz fina enquanto meu rosto estava inundado de lágrimas. — Eu pensei nela antes de pegar no sono e nos meus pensamentos ela estava bem acordada. Ela não faria isso comigo, ela não me deixaria desse jeito aqui - nesse momento Rafaella já estava sentada no chão com as mãos no rosto enquanto Manu a abraçava e suas amigas a rodeavam.

— Gente, desculpem. Eu preciso ir - Gabi disse saindo dali. Não sabia lidar com o desespero.

— Eu vou com ela - Thelma disse acariciando o abro de Rafa e acompanhando Gabi.

— Ei, ei, ei. Vai ficar tudo bem, tá bom? Ela não vai ficar assim para sempre - Gi disse em um tom baixo. — Eu prometo.

— Eu... será que eu posso ver ela? - entre lágrimas e suspiros, Rafa perguntou.

— Eu vou falar com a Mari se podemos ir mais tarde. Não acho uma boa ideia você ir agora - Manu assegurou Rafa, enquanto ainda a abraçava.

Rafaella sentiu como se toda a culpa e dor do mundo invadisse seu ser. Deveria ter dito tudo aquilo que sentia quando teve a chance e não ter medo, era tudo o que pensava. Pra ela, parecia tarde demais mesmo com suas amigas lhe dizendo que tudo ficaria bem e que ela teria outra chance de dizer o que realmente sentia: Bianca era a paz que sentia em dias ruins. Mas agora ela não estava ali para lembrá-la de respirar fundo e pensar em coisas positivas. Tentava fazer isso por si própria mas logo o desespero a tomava novamente.
Com toda certeza, aquele teria sido um dos raros dias em que ela havia se entregado para os sentimentos ruins. Os principais sentimentos que a dominava aquela tarde eram: A culpa; se sentia profundamente culpada por mentir sobre sentimentos que ela sabiam que eram reais. O medo; mas desta vez era um tipo diferente de medo. Era o medo de perder a pessoa que ela amava verdadeiramente.

Notas finais
E aí?🤓 digam aí em baixo o que acharam, tá? Deem estrelinha se gostar.
Até a próxima, bjsss