Quando Reyna chegou na casa de Rael, ele e Franco estavam sentados na sala de visitas, cada um com uma taça na mão e uma expressão cansada no rosto. Ela sabia que estava horas atrasada, e esperava que seu tio não notasse a maneira acusadora que Franco a encarou assim que ela entrou.
Thomas e Luna estavam cada um em um extremo da sala, e só pela postura corporal dos dois ela sabia que tinham discutido.
- Você perdeu diversas discussões interessantes, Reyna - o olhar dele era pior que o de qualquer dos professores rígidos com que ela tinha lidado no internato - Podemos saber o que era mais importante para você? Já que decidiu chegar só agora, por qualquer motivo que seja.
Ela engoliu em seco, trocou um olhar com Franco e ele falou "crise" discretamente, sem que outra pessoa visse. Tanto Luna quanto Thomas pareceram felizes em vê-la, mas suas expressões de alívio só podiam significar que ambos iriam pedir que Reyna apoiasse suas opiniões e ela se veria em uma encruzilhada.
- Me desculpem, tive uma consulta e acabei me atrasando - mentiu. - Vocês...
Rael se limitou a levantar a mão, e ela se calou. Mesmo depois de adulta, os hábitos rígidos de seu tio não mudavam.
Thomas se adiantou, sentando em uma poltrona, e fez um gesto para que as duas irmãs se sentassem também. Luna permaneceu de pé, e ela sabia que sua irmã fazia aquilo só para não dar o braço a torcer.
- Nós estamos em um impasse, vocês todos sabem. Somos os últimos que restaram do nosso nome, e é preciso fazer alguma coisa. - Reyna sentiu seu corpo inteiro tensionar. Ele não iria falar sobre...? Bem, certamente não. Ela sequer tinha lhe dado uma resposta, com certeza Thomas não lhe jogaria na fogueira da família assim, sem aviso. - Nós fomos uma família maior, um dia. Mas agora todos que restaram dos Monpezat estão aqui: cinco pessoas, e apenas três jovens. Os filhos de Franco não herdarão títulos, os filhos de vocês duas não levarão o nosso nome a menos que...
- Não seja ridículo - Reyna ficou grata com a interrupção de Luna, pois se sentia nervosa com o rumo que aquela conversa tomava. - Há uma lei sobre isso, meus filhos poderão levar o meu nome quando eu for rainha.
- Uma lei facilmente derrubável pelo Parlamento - Rael comentou. - Como já aconteceu um dia.
- Mas não será! - retrucou. - Eu vou ser rainha, eles não terão tanto poder quanto eu.
- Bem, diga isso para os meus futuros netos. - ele sorriu maldosamente, e Franco fechou os olhos e respirou fundo, como se pedisse forças - O que, é claro, não teria acontecido se Franco não tivesse decidido se casar com uma estrangeira.
- De novo isso?! - seu primo explodiu, se levantando de onde estava. Seu pai não pareceu incomodado, e continuou encarando o filho de onde estava. - Eu já disse que vou me casar com Helena, vocês não podem simplesmente aceitar? O povo adora ela!
- Se você tivesse se casado com sua prima, como eu planejei, não estariamos nessa situação - Rael respondeu.
- Ah, pelo amor de Deus - Franco e Luna resmungaram ao mesmo tempo.
Antes de tudo desmoronar, os planos da família eram simples. Reyna se casaria com Jake, e Luna com Franco, e assim a família poderia aumentar. Nenhuma das duas perderia seu sobrenome, e seus filhos seriam legítimos para a linha sucessória. Mas então Jake foi exilado, Franco e Luna se recusaram a cumprir as expectativas dos pais, e agora o que Thomas temia tinha se tornado realidade: em breve os Monpezat podiam deixar de existir.
Rael tomou uma taça do seu vinho, balançando a cabeça em desaprovação. Reyna queria defender Franco, mesmo sabendo que suas decisões de fato não ajudavam em nada a crise familiar. Logo, logo, se não fizessem alguma coisa, sua linhagem seria apagada. A linhagem que vinha reinando de maneira ininterrupta em Pretória desde sua fundação. Mas, acima de tudo, ela continuou calada porque estava em pânico que Thomas falasse para Luna sobre seus planos. Ela sabia que Luna nunca lhe perdoaria. E Miguel? O que pensaria dela se soubesse?
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Monarca
RomantikMiguel era apenas uma criança quando chegou no reino de Pretória para estudar arte, e logo se mostrou um prodígio. Ganhando a confiança e amizade da família real, se tornou amigo íntimo do príncipe herdeiro, noivo de Reyna. Aos dezoito anos, Reyna...