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Dois domingos por mês, Reyna ia à missa em uma igreja central. Ela não se considerava uma pessoa religiosa, sequer sabia se acreditava verdadeiramente em Deus, mas sua equipe tinha lhe instruído a participar de eventos religiosos pois assim podia se conectar melhor com a população. Ou, melhor dizendo, assim as pessoas pensariam que tinham algo em comum com com Reyna Monpezat.
Ela não desgostava particularmente dos ritos, mas achava eles bem entediantes. Com um véu discreto cobrindo os cabelos, ela mantinha as mãos no colo e fingia prestar atenção no sermão, enquanto sua mente vagava para os compromissos da semana que se iniciava. Franco estava ao seu lado, e ela sabia que o primo estava tão entediado quanto ela apesar de manter uma expressão neutra. Helena estava ao lado do noivo e, ao contrário dos dois, falhava de maneira clara em fingir interesse no que o padre dizia. Em algum momento tinha esquecido de onde estava ou que, mesmo na igreja, os olhos de todos estavam no banco onde os três se sentavam e pegou o celular na bolsa, mandando mensagem para alguém. Fez aquilo com discrição, mas não discrição o suficiente.
Isso fez Reyna pensar no que Thomas tinha dito. Sem dúvidas, por mais que gostasse de Helena e achasse que ela fazia seu primo feliz, Reyna não tinha dúvidas que aquele casamento não aconteceria se Franco fosse um dos herdeiros imediatos. Se inclinou o mais discretamente em direção a ele, falando baixinho:
- Preciso conversar com você.
Ele assentiu de maneira discreta.
Em um momento de silêncio, quando o padre fez uma pausa, uma gargalhada conhecida cortou o silêncio. Ela se virou em direção à voz de Miguel, assim como todos os outros presentes, mas não o viu. Imaginou que ele estava em uma das entradas laterais, do lado de fora da igreja. O padre fez uma careta, e Helena começou a digitar de maneira frenética enquanto murmurinhos se iniciavam entre os presentes. Reyna tinha certeza que ela devia estar conversando com o pintor, porque ela tinha uma expressão bem humorada no rosto.
De alguma forma, Reyna se sentia incomodada com isso. Assim que a missa terminou e eles saíram, encontraram Miguel do lado de fora, exatamente onde Reyna tinha imaginado que ele estaria.
- Dios no te perdonará - Helena avisou, balançando a cabeça para ele em um falso pesar. - No tienes miedo al Infierno?
- Vaya tontería - ele revirou os olhos.
- Achei que você fosse mais religioso, Miguel - Franco comentou, mas ele também parecia estar de bom humor. Reyna percebeu que a única que parecia estar ansiosa e com a mente a mil era ela, como sempre.
- Isso é porque vocês pensam em mim como um métrio - explicou, indo para o lado de Reyna enquanto caminhavam ao estacionamento. - Mas eu fui criado em Belária. A religião da minha mãe seria considerada pagã para vocês se eu fosse explicar.
- Qual era a religião da sua mãe? - Reyna se viu obrigada a perguntar, curiosa.
- Não vou cair nessa armadilha - ele sorriu de maneira provocante, olhando-a de lado - Eu digo e então vocês me perseguem e me queimam em praça pública.
Helena riu, enquanto Franco revirou os olhos. Pela maneira como balançou a cabeça, Reyna imaginou que ele devia estar passando algum tempo com Miguel desde que ele tinha voltado, o que fazia sentido pela proximidade que o pintor e Helena tinham. Seu primo parecia até paciente com a conversa sem propósito dele, o que não era tão comum.
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Monarca
Roman d'amourMiguel era apenas uma criança quando chegou no reino de Pretória para estudar arte, e logo se mostrou um prodígio. Ganhando a confiança e amizade da família real, se tornou amigo íntimo do príncipe herdeiro, noivo de Reyna. Aos dezoito anos, Reyna...