Capítulo 5

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    - Bom dia, turma. - Jorge, o professor de filosofia, diz ao entrar na sala. - Espero que estejam animados, porque nossa aula hoje vai ser uma dinâmica. Irei formar duplas... e nem adianta insistirem, eu que vou escolher.
  
   A sala toda estava dividida em duplas e Luna sobrou, sendo assim, fez dupla com o professor.

    - O que eu quero que façam é o seguinte - disse escrevendo na lousa.

   A dinâmica consistia em perguntas pessoais que um faria ao outro e anotariam as respostas. As perguntas poderiam ser de todos os tipos, perguntas que sempre quiseram fazer, mas nunca foram feitas.

    - Por que me deixou sobrando dessa vez? Sempre me deixa com meus amigos - pergunta Luna.
    - Pra conhecer mais você e pra fazer com que você e seus amigos tenham mais vínculo com os outros alunos e não só entre vocês. - Diz enquanto Luna anota tudo em seu caderno - Minha vez. O que você faz fora da escola?
    - Estudo muito, e no resto do tempo ajudo meu pai. Você se formou em letras, por que preferiu lecionar filosofia?
    - Me identifiquei mais na faculdade de filosofia do que de letras. Letras é legal, eu gosto, mas filosofia ocupa um espaço no meu cotação. Eu sei que você quer cursar letras, está até tendo aulas extras com o professor Miguel. Está gostando das aulas?
    - E-estou. - diz com voz trêmula.
    - Está tudo bem? Você ficou estranha de repente. - Jorge pergunta preocupado.
    - Sim. Qual o objetivo dessa dinâmica? - tenta fugir do assunto
     - Promover interações sociais... E também por que eu tinha uma aula sobrando e não pensei em mais nada que pudesse fazer. Você disse que ajuda seu pai, em que exatamente?
    - Ele tem uma loja de construções. Como é um negócio novo ele trabalha sozinho lá, ainda não tem condições de pagar funcionários, então eu o ajudo como posso. Quando chega um professor novo na escola, Ele te acesso à atividades e trabalhos antigos dos alunos?
    - Não, de jeito nenhum, isso é confidencial do aluno e da escola. A não ser que seja um caso específico em que seja necessário avaliar o histórico do aluno. Por que quer saber?
    - Não é nada. Só curiosidade.
    - Notei você estranha nas minhas ultimas aulas. Aconteceu alguma coisa? Se precisar pode falar comigo.
    - Obrigada, mas eu estou bem. Não aconteceu nada... nada - ela repetia pra si mesmo. E você, o que  costuma fazer fora da escola?
    - Bom... é pra responder como um professor que deve ser exemplo para seus alunos ou como um cara normal? - perguntou divertido.
    - Como um cara normal - respondeu rindo.
    - Eu adoro surfar. Na semana não consigo ir com frequência, mas vou todo final de semana à praia.
    - Sério? Nunca iria imaginar que você é um surfista. - Diz surpresa.
    - Seríssimo. Amo o surf, amo uma balada também, mas não conta isso pra ninguém. - ele diz e Luna ri. - Eu tenho um cachorro, o nome dele é Sócrates e eu saio pra passear com ele na praça toda noite.
    - Na praça? Eu moro lá perto. Como é que eu nunca te vi?
    - Deve ser por que eu estava como um cara normal e não como professor. - ele diz rindo e Luna ri também.
    - Eu não tenho nenhum animal de estimação pq tenho alergia a maioria deles. Gato, cachorro... até hamster. Deus não quis ser bondoso comigo nessa parte.
    - Era o mínimo já que você é linda, inteligente, simpática, divertida, tem um sorriso lindo e corpo... - parou quando percebeu que já havia falado de mais. - Me perdoe, falei de mais, só quis dizer que Deus quis ser justo.
    - Tudo bem.

    Os dois ficaram em silêncio, pois o clima constrangedor não os permitiu pensar em mais perguntas. Sendo assim, Jorge encerrou a dinâmica esclarecendo o motivo de tal feito e ao término da aula voltou a se desculpar com Luna pelo que disse.

A Dor De Ser MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora