Capítulo Nove;

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Os braços que estavam em volta da cintura do moreno, se apertaram ainda mais, fazendo-o parar com sua ação.

— Não se machuca assim. — Jimin sussurra o abraçando bem forte. — Não se machuque, por favor!

Yoongi escutou a voz do ruivo, ficando estático, seu corpo não se moveu de nenhuma forma.

— Eu estou aqui! — Park afirmou baixinho. — Vou estar aqui.

Sem dizer nada Yoongi se virou e abraçou o mais novo, com todas as suas forças. O coração do mesmo continuou acelerado, mas sua raiva havia lhe deixado, e com isso uma dor insuportável se instalou em seu coração, ao ponto de suas pernas fraquejarem.

“Então era isso que tinha no quarto proibido?” Park indagou-se mentalmente, mesmo que de forma discreta olhou cada cantinho do quarto, queria guardar todas as memórias dali, se olhar recaiu sobre o piano, não havia sido tão danificado, no entanto, precisava de alguns ajustes.

— Você precisa descansar. — Jimin sussurrou e saiu com Min.

Yang apareceu ali de forma desesperada, a mesma trajava um pijama de bolinhas, nada moderno, seus olhos recaíram sobre o chefe, fazendo seu coração se apertar.

“Fazia tantos anos que ele não tentava…” Yang pensou enquanto olhava para o mais novo.

— Pode preparar um leite quente para ele, Yang? — Park pediu encarando a mais velha.

— Posso, farei isso agora mesmo, já levo para o quarto.

Park ajudou Min a subir as escadas e foi direto para o quarto, ajudou o mais velho a se deitar, e ao notar os olhos do moreno, completamente avermelhados, sentiu um nó se formar em sua garganta.

“Você deve sentir falta… Sentir muita falta de tocar” pensou sentando-se ao lado do moreno.

— Yoongi, queria tocar? — olhou para as mãos do branquelo, elas pareciam ainda mais trêmulas que antes. — Sentiu tanta vontade assim?

— Sua culpa! — gritou fazendo o mais novo se assustar. — A culpa é sua… — encolheu-se na cama. — Toda sua. — sua voz era embargada e completamente angustiada. — Eu vivia bem… Até você aparecer, por que? Por que está fazendo isso comigo? — indaga entre os soluços.

Não precisou de mais palavras para que Jimin entendesse que o mesmo se sentiu inspirado após a ida ao jardim, isso fez uma pontinha de culpa assolar seu coração. Respirou bem fundo, mesmo que isso fosse doer em si também, precisava mostrar ao outro a realidade.

— Você estava bem? Diga-me onde? — indagou em um tom firme. — Estava sempre triste, chorando, ou de mal humor. Não se alimentava, e se saia do quarto era apenas para ir em uma passada rápida na cozinha. — levantou-se. — Agora estar me culpando? Que culpa tenho se seu coração voltou a bater? Sua vontade de tocar mostra que eu estou apenas lhe fazendo bem! — foi a vez de Park gritar.

Min arregalou os olhos, e suas lágrimas cessaram no mesmo instante, era como uma onda de sentimentos lhe atingindo com força. Jimin sempre agiu de forma firme, mas nunca se exaltou a este ponto.

— Você não...entende nada! — ditou baixo, o medo e a raiva voltaram a lhe perseguir. — Não sabe o que é se sentir assim.

— Não eu não sei… No entanto, eu não seria burro a esse ponto. — os olhos do ruivo ficaram lacrimejados. — Eu fui salvo uma vez, mas eu me permitir ser salvo. Você...você só está fugindo, como um covarde.

— Talvez eu seja… Talvez eu seja exatamente isso, um covarde, Park Jimin.

— Você pode desistir de você mil vezes, mas eu irei ficar ao seu lado e lhe salvar essas mil vezes. Então pare de tentar me afastar. — Yang surgiu com uma bandeja e um copo de leite e também alguns calmantes. — Yang, ele não vai tomar remédios.

— Ele está agitado e isso…

— Por favor, me obedeça!

— Sim, Jimin. — serviu apenas o copo de leite para Min.

— Posso ficar sozinho? — Yang olhou um tanto assustada.

“E se ele tentar algo contra si mesmo?” indagou-se mentalmente, em seguida olhou para Park.

— Irei dormir aqui, naquela poltrona, não se preocupe.

— Obrigada, Park. — sussurrou para o mais novo e saiu do quarto, deixando-os sozinhos.

Min resolveu não falar nada, apenas tomou o leite quente por fim se ajeitou na cama e tentou dormir. Por incrível que pareça, mesmo com toda a agitação, ele não demorou a dormir, já Park ficou imerso em pensamentos, respirou fundo, tentando ignorar tudo.

“Todos nós temos uma batalha difícil, mesmo que seja diferente!” pensou enquanto tentava dormir, entretanto, ao fechar os olhos sua mente levou-o para as suas mais profundas lembranças.

***

Park continuou andando lentamente, seus olhos já estavam inchados de tanto chorar, seus pés reclamavam, precisava descansar o mais rápido possível. Suas lágrimas se misturavam ao sangue que saia do corte no canto da sua boca, provavelmente seu corpo estaria cheio de hematomas. Não tinha dúvida, essa foi a noite mais assustadora da sua vida.

— P-Por que? — indagou para o nada entre soluços. — O que...eu fiz?

O fato de ter acabado de sofrer uma agressão, e quase ter tido seu corpo violado estava acabando com seu psicológico. Quando decidiu se assumir homossexual sabia que iria encontrar dificuldades, mas não estava tão preparado.

— Eu...não vou aguentar isso. — ditou entre soluços, as lágrimas se intensificaram ao sentir como se tudo aquilo estivesse se repetindo.

Parou na ponte, e olhou para baixo, naquele momento aquele rio estava muito convidativo. Sentou-se sobre o peitoril da ponte, pegou o celular e os fones de ouvido, plugou em seu aparelho celular. Deixou seu aleatório decidir em qual música iria parar. Quando suas mãos estavam para se soltar, uma música começou, não havia letra era apenas o piano, no entanto, a melódia era tão nostálgica que passou toda a calma necessária para que Park pensasse em si novamente, seu olhar buscou o título da música, a mesma se intitula; Dreams, o cantor era alguém desconhecido.

***

O ruivo acordou do seu transe ao escutar barulhos vindos de Yoongi, o mais velho parecia estar tendo um pesadelo muito ruim, ao ponto de seu corpo está trêmulo, sua respiração ofegante, e o suor escorrer por sua testa. Mesmo sem ter certeza se deveria ou não, Jimin foi até lá e tentou acordá-lo.

— Hope! — de forma quase que inconsciente, e eufórica, Yoongi depositou um selar nos lábios de Jimin.

O Pianista (YoonMin)Onde histórias criam vida. Descubra agora