Prólogo

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  Na primeira vez que Hinata viu Naruto, ela tinha quatro anos e estava muito triste.

  A menina tinha acabado de fugir do velório do seu tio Hizashi, mas tropeçara na neve alta que não parava de cair e agora era apenas uma bolinha vestida de preto no meio da imensidão branca. Hinata tremia de frio e não conseguia parar de chorar, mesmo sabendo que o seu pai não gostaria disso. A cada lágrima que caía no chão fofo, ela pensava: por minha culpa o Neji nii-san está triste.

  Provavelmente era melhor não voltar, concluiu. Hinata não queria causar mais problemas para ninguém. E... Seria melhor... O meu papai não gosta muito de mim, e agora nem o Neji nii-san. Ele pode ficar no meu lugar. Daí ele não ficará mais triste.

  Bem quando ela já estava quase decidindo seguir por esse caminho e virar uma órfã, uma criança apareceu na frente dela.

  Era um menino que parecia ter a sua idade, de cabelo loiro e espetado. Ele estava agasalhado e usava um cachecol grande que parecia quentinho.

  - Ei, o que você está fazendo, dattebayo? O que faz aqui? - repetiu. Hinata surpreendeu-se. Como ela não falou, ele sorriu amigavelmente: - Como é que eu vou descobrir se você ficar chorando?

  Era verdade. O seu papai não gostaria de saber que ela tinha chorado.

  - Eu... Eu...

  O menino se aproximou mais.

  - Onde você mora? - Não, ela não podia voltar... Hinata balançou a cabeça, mas ele continuou: - Não tem jeito... vamos lá. Venha comigo!

  Antes que ela conseguisse dizer, o menino a pegou pela mão e saiu correndo. No meio do caminho, ele lembrou que não sabia a direção e pediu para ela lhe mostrar. Juntos, os dois acabaram na frente da casa do clã Hyuga. O menino colocou as mãos na cintura, parecendo impressionado.

  - Você mora num casarão assim e ainda chora?

  Hinata se virou para ele, que tinha as bochechas coradas de frio. Ela nunca tinha pensado nisso...

  - Eu não tenho ninguém, mas nunca choro. Nunca! - O menino contou, olhando para a casa, e então sorriu novamente, o que fez a menina arregalar os olhos. Fazia tempo que Hinata não via alguém sorrir. Mas aquele menino parecia não se preocupar com desperdiçar sorrisos. - Bem, se você já está aqui, então eu tenho que ir - ele correu e acenou. - Até mais!

  Então ele partiu.

  - Hinata! - Alguém disse o seu nome. Era o seu papai, que se aproximava. Ela percebeu que agora não poderia mais concluir o seu plano de fazer Neji substituí-la na família... mas nesse momento não estava mais tão certa de que essa era a ação mais correta, e também percebeu que havia parado de chorar. Agora, e assim como aconteceria em todos os anos que viriam, Hinata manteve os olhos no menino à sua frente. Mesmo quando o seu papai ralhou com ela, Hinata pensou nas palavras dele:

  Eu não tenho ninguém, mas nunca choro. Nunca!

  E quando Hiashi pegou-a pela mão e a arrastou pela neve de volta até o velório, ela continuou pensando nelas.

Pelos Meus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora