Sábado (madrugada e manhã) - Meu Sorriso é Você

933 90 14
                                    

"Tudo bem, vamos!", respondeu Bianca, visivelmente constrangida.

Ela ia saindo pela escadinha da piscina quando Rafa gritou para ela: "Desculpa", e começou a chorar. Preocupada, Bianca voltou para perto da amiga, que chorava desesperadamente. Para acalmá-la, deu-lhe um abraço reconfortante e disse: "O que foi?", porém Rafaella continuou tremendo. "Respira fundo."

"Tenho medo", Rafa disse, quando conseguiu se controlar.

"Medo de quê?"

"Não sei, eu tô muito confusa."

Vendo Rafa com o cabelo escorrido sobre o rosto e a maquiagem borrada, Bianca começou a rir, pois entendeu o motivo do choro. "Calma, você só tá chapada mesmo", falou.

"Não tem graça", lamentou-se, chorando ainda mais.

"Vamos entrar", falou Bianca, segurando o riso.

Elas saíram da água, sacudiram-se ao máximo, na varanda, e, na ponta dos pés, foram para o quarto. Ainda com a roupa molhada, elas se enrolaram em toalhas e se sentaram sobre a cama de Bianca.

Com um olhar vago, Rafaella falou: "Preciso muito tomar água".

Bianca pegou sua garrafa que estava sobre a mesa de cabeceira e entregou à amiga. Rafaella apertou o objeto contra o corpo e voltou a chorar.

"Para de chorar, por favor", disse Bianca para ela, chegando mais perto e enxugando suas lágrimas.

"Desculpa."

"Não precisa se desculpar", Bianca falou, "não tem absolutamente nada pra você se desculpar." Mais uma vez ela riu do estado de Rafaella. "Você vai ficar bem, só precisa dormir".

"Tá."

"Onde tá aquele seu pijama feioso?"

"Tá dentro do guarda-roupa." Dando-se conta da ofensa, Rafa retrucou: "Não é feioso".

"Toma!" Bianca jogou a peça de roupa sobre a moça chorosa. "Veste."

"Para de me olhar assim, por favor", disse, emburrada. "Como se eu fosse uma criancinha." Bianca riu novamente e entregou uma toalha para Rafaella secar o cabelo.

A pequena foi para banheiro trocar de roupa e, para dar privacidade à Rafaella, demorou o máximo que pôde. Quando voltou, Rafa já estava devidamente vestida e adormecia com a toalha enrolada no cabelo. Sem coragem para acordá-la, Bianca apenas jogou uma coberta sobre o seu corpo e foi dormir na cama vazia.

Pouco depois de apagar a luz, ela entrou num sono caótico, cheio de imagens e sons. Não saberia explicar nada que viu, mas se sentiu eufórica e feliz ao mesmo tempo. Tinha música alta e muitos rostos familiares. Seus devaneios foram dissolvidos por uma voz chamando-a. Acordou assustada, ainda sem saber o motivo do seu sobressalto. Olhou em volta e viu Rafaella dormindo na cama ao lado. Já era manhã. "Caramba, o que está acontecendo?", perguntou-se.

"Bia", escutou novamente, meio abafado. Estava grogue e demorou entender que a voz vinha do lado de fora do quarto. Levantou apressadamente e se desesperou. Não poderia abrir a porta pois Rafa estava em sua cama. Apesar de elas terem dormido separadamente, quem acreditaria que elas trocaram de camas?

"Não que isso seja da conta de alguém", pensou, "mas é melhor evitar falatório." Ainda trancada dentro do quarto, Bianca chegou perto da fechadura e sussurrou: "OOi".

"Ei, Bia!", disse Marcela. "Você não apareceu pra gente sair para correr, então vim aqui ver se você tinha desistido".

"Não, eu só perdi a hora mEsMo." Percebendo como sua voz estava rouca, ela pigarreou e continuou: "Em cinco minutinhos eu me arrumo, espera que já vou". Colou o ouvido na porta e pôde ouvir os passos da amiga se afastando pelo corredor. Vestiu-se rapidamente e saiu, tomando cuidado para não deixar ninguém ver o lado de dentro do quarto.

Sete DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora