Segunda-feira - Pensamentos Carnais

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Por causa do excesso de pensamentos, Rafaella pulou da cama logo cedo. Ficar naquele lugar estava fazendo com que sua ansiedade aumentasse cada vez mais. Tomando cuidado para não fazer barulho e incomodar Bianca, a qual parecia ainda estar dormindo, foi para a cozinha preparar seu café da manhã. Estranhou o fato de a companheira de quarto não ter colocado o despertador para tocar, mas deduziu que ela só estava exausta por ter trabalhado tanto nos últimos dias. Porém, o que Rafa não sabia era que Bianca só fingia estar dormindo, pois não queria interagir com ela antes de as duas conversarem pra valer.

Deitada de bruços, Bianca aproveitou sua preguiça matinal, pensando sobre o longo dia que teria pela frente. Do quarto escutava alguns ruídos na cozinha e sabia que eram de Rafa fazendo algo para comer. Pretendia esperar a moça terminar sua refeição para se levantar, mas, devido à sua demora, decidiu sair da cama para pentear o cabelo. Após juntar as madeixas em um rabo de cavalo, Rafa retornou.

"Bom dia", disse ela, assustando Bianca, que, no momento, esticava o lençol sobre o colchão.

"Bom dia!", respondeu.

Então, após terminar de guardar as cobertas no guarda roupa, foi para a cozinha.

"Arrasou, missionária!", falou consigo mesma, quando viu que Rafa havia preparado café o suficiente para muitas pessoas. Fez um ovo mexido e colocou dentro do pão. Serviu-se numa caneca rosa, colocou seu pão num pratinho e se encaminhou para a varanda.

Para absorver melhor o sol, sentou-se com as pernas esticadas no chão e comeu lentamente, sabendo que, quando voltasse para o quarto, teria que ter "a conversa" com Rafa. Ela ainda não estava certa sobre o que falaria, mas ensaiou os pontos mais importantes na cabeça. Às vezes, pegava-se murmurando alguma coisa entre as mordidas de seu pão, então disfarçava e olhava ao redor pra ver se alguém tinha visto.

Quando acabou de lanchar, lavou os utensílios usados e foi para o quarto. Chegando lá, encontrou com Rafa de costas para a porta. "Ô, Rafa!", chamou. Ela usava seu pijama habitual e o cabelo preso num coque frouxo.

"Diga", respondeu, num tom seco, sem se virar.

"Olha, eu queria conversar algumas coisas com você."

Ainda de costas, Rafa a olhou por cima do ombro e disse: "Pode falar". Seu rosto estava coberto por uma máscara verde e Bianca quis rir, porém manteve a compostura e começou a falar o que havia planejado. "Eu nem sei por onde começar, porque, agora que eu vim até aqui, tô me sentindo meio idiota, mas..."

Bianca interrompeu sua linha de raciocínio quando sentiu que estava sendo ignorada. "Por favor, olha pra mim", implorou.

Rafa se virou, séria, e cruzou os braços. "Feliz?", falou.

"Por que você tá brava?"

"Eu não tô brava, só não posso mexer meu rosto", respondeu.

"Ah, tá! Então vou continuar..."

Bianca suspirou ao perceber que nada do que disse até o momento saiu como o planejado. Deu uma risadinha, a qual Rafa não entendeu o motivo, e seguiu falando.

"É o seguinte, vou falar tudo de uma vez, então só escuta, tá?"

Rafaella acenou afirmativamente com a cabeça.

"Eu te adoro e desejo tudo de bom pra você. Você e Gi precisam se acertar o mais rápido possível. Quando eu digo isso, eu quero dizer que vocês precisam sentar e conversar. A propósito, no meu ponto de vista, a iniciativa tem que partir de você... Não tô dizendo que você é a errada da história, longe disso, só que a Gi ficou chateada e você tem que... sei lá... fazer ela deixar de estar, entende?"

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