Hermione Granger.
De todos os lugares que eu visitei durante meus anos longe Barcelona era o mais quente. Não por questões de calor, não.A cidade em si emanava um calor diferenciado, aconchegante.
Não sei ao certo se eram as pessoas. Todas felizes e animadas, indo de lá pra cá o tempo inteiro. Seus corpos sempre em movimento, como se a morbidade fosse algo proibido naquele lugar. Além disso, tudo parecia ser sempre mágico ali, cada detalhe.
Eu me virei rapidamente no meio do aglomerado de pessoas para checar Pansy. Estavamos em uma das ruas estreitas de Barcelona num horário de pico acelerado. Eu caminhava entre os corpos com fluidez, familiarizada com o local, mas Pansy estava um pouco desconfortável atrás de mim.
Não era meu plano trazê-la,para ser bem sincera. Quando a ideia de visitar um local mais acolhedor me veio a cabeça eu pensava em mim sozinha. Eu queria visitar antigos amigos que sorririam ao me ver e curtir com todos, talvez voltar só depois de uma semana de festas. Mas algo em Pansy me fez querê-la perto.
Ela também precisava ser salva, eu notei. Não como eu, não, Pansy não estava quebrada ou a ponto de ruir, longe disso. Ela parecia empacada, presa num mesmo local, sem expectativas ou vontades. Parecia apenas ir com a corrente, como se não houvesse força de contradizer o mundo em si. Ela já não era mais ela mesma.
–Se conseguirmos nos apressar acho que da para visitar La Sagrada Familia e tomar um banho de mar antes da noite cair!- Eu contei animada. – Ai como eu senti saudades desse lugar, não é incrível?- Continuei a tagarelar. Pansy puxou minha mão para um canto vazio, cansada.
– Hermione, para que tudo isso? Não conseguiremos visitar toda a cidade em um dia, não vale a pena tentar.- Ela reclamou, cansada. Viu meu sorriso se alargar e arregalou os olhos.
– Se quiser podemos ficar mais dias. Barcelona é uma cidade encantadora, você precisa visitar.- Eu respondi, já me preparando para puxa-la de novo por entre a multidão. Parei quando a vi exitar. – O que foi?
– Hermione, não posso ficar mais de um dia. Eu tenho um plantão terça, segunda de manhã preciso voltar a Londres.- Me disse, seu tom parecia de uma pai repreendendo um filho. – Além do mais, ninguém sabe que eu estou aqui, nem com você.- Contou. – Não posso simplesmente ficar na Espanha e fugir de todas minhas responsabilidades como...
– Como eu fugi?- A cortei, fazendo sua voz morrer. Não existia muito animo em minha fala, não como anteriormente.Balancei a cabeça para afastar aquele momento. – Esqueça, você está certa Parkinson. Não posso te pedir que seja irresponsável dessa forma. Bem, que tal irmos para o bardo meu amigo então? Assim podemos descansar um pouco para a noite.- Eu disse apressada, talvez para tentar afastar pensamentos ruins.
– Hermione, me desculpe.- Ela pediu num fio de voz e eu sorri fraco.
– Está tudo bem Parkinson. Vamos, eu conheço cada canto nessa cidade e me recuso a dormir antes de voltar a Londres, você precisa estar descansada para aguentar meu ritmo. – Brinquei, não tardando mais em me virar de costas e caminhar novamente entre as pessoas. O calor de seus corpos já não me dava alegria, mas me mantinha estável diante a morena.
Talvez fosse melhor ter vindo sozinha, afinal.
Xxxxxx
Pansy Parkinson.
Burra! Era isso o que eu era.
Uma idiota burra que falou sem pensar, agindo como todos que vem me tirando os nervos nos últimos dias.
– Manolo!- Hermione saudou a minha frente. Um homem de meia idade mais baixo do que nós sorrindo para ela do outro lado do saguão. Eu não ousava dizer nenhuma palavra para a castanha, sua voz havia finalmente voltado a alegria.
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She
RandomAinda balançando no ritmo da música, pensei ter captado um rosto quase esquecido. Umas cinco ou quatro cabeças a frente, cabelos incrivelmente mais curtos, sorrisos perigosamente instigante e olhos perfeitamente travessos. Hermione Granger.