I Always Get What I Want

CHUPA

~Sandra point of view~

Fiz questão de ir a algumas barraquinhas do parque para ganhar aqueles bichos de pelúcia, eu tava pra desistir dessa brincadeira quando a Cate avistou um cachorro enorme de pelúcia e disse que eu tinha que ganhar pra ela.

“Eu só vou me humilhar mais, ta na cara que sou péssima nesses jogos.” Fiz biquinho. Ela olhou pra minha boca e depois desviou o olhar. 

“Mas aquele é de atirar! Não é você que tem os dedos mais rápidos do oeste?” Ela tava realmente zombando de mim? Que afrontosa ela!

“Sério? Até quando você vai ficar me zoando por causa disso?” Há alguns anos atrás, estávamos numa vibe de competir uma com a outra. Certo dia, fomos a um bar, enchemos a cara e começamos o desafio de quem beijava mais bocas. Bem idiota isso, mas bêbado só faz merda. Cate ganhando de mim, mas eu não pude aceitar. Fui pegar mais uma cerveja, a bartender muito gata, eu soltei um: ‘gata, eu tenho os dedos mais rápidos do oeste!’. Maldita hora, antes de beber tinha assistido A Million Ways to Die in the West. 

“Eu nunca vou esquecer essa bola fora!” Cate gargalhou alto, chamando a atenção das pessoas ao redor. Uns caras encostados na barraquinha da frente deram uma boa olhada. Passei os braços pelos ombros dela e disse bem alto:

“O que você quiser meu amor!” Arrastei a Cate perto da barraca do cachorro.

“Fiquei um pouco perdida, o que aconteceu?” Ela estava confusa, mas eu não ia admitir nada.

“Pode até ter sido bola fora, mas ela acabou ficando comigo depois!” Eu me gabei, ignorando completamente a pergunta dela. Paguei o cara da barraca pra atirar duas vezes.

“Pronta? Esse cachorrão aí vai ser seu!”

“Eu quero só observar, você também tava confiante das outras vezes.” Eu estava feliz que ela estivesse rindo. De bom humor... eu me perdia nesses momentos, nem sabia que horas eram! Eu mirei, esperei até o momento que eu achava ser o certo, com toda a concentração do mundo e atirei. Nesse segundinho, eu implorei com toda força que a água acertasse o patinho. BINGO! 

“EU ACERTEIIII, CHUPA ESSA BLANCHETT. OS DEDOS MAIS RÁPIDOS DO OESTE!” Eu tenho certeza que nesse momento eu estava realmente parecendo uma criança, mas fodasse. Estou feliz, pela expressão no rosto, minha amiga também está feliz. Sem pensar muito, abracei sua cintura e pulamos juntas. Se eu pudesse, viveria pra sempre nesse segundinho.

“Senhoras? Vocês estão atrapalhando as pessoas que querem brincar, por favor, peguem o brinde e liberem a passagem.” COMO É QUE É? Quem é que essa cara pensa que é pra destruir esse momento de felicidade genuína? 

“OLHA AQUI SEU IM...”

“OBRIGADA senhor, desculpe-nos, nós vamos querer o cachorro.” ELA ME INTERROMPEU? Eu estou chocada, como ela pode? 

“Sinto muito senhora, mas só podem escolher um brinde desses daqui.” Eu cruzei os braços, esperando a reação dela. Ela prendeu a respiração, abriu a boca pra falar, mas bufou. 

“Ótimo!” Ela pegou qualquer um e saiu puta. Sem agradecer, sem uma despedida. Eu a segui feito uma cadelinha.

Fomos para o carro sem dizer uma única palavra. Entramos em silêncio.

“Aquele cara foi um imbecil completo! E você ainda me interrompeu, poxa, eu ia dar uma lição no filho da puta.” Estava falando quando ela tirou uma espécie de rato de pelúcia do bolso.

“Mas o que? Você não pegou um chaveiro?” Ergueu uma pistola de chaveiro.

“Meu Deus, você é uma ladra!” Ela riu jogando o rato no banco traseiro e guardou o chaveiro no porta luvas.

“Primeiro, o cara foi super grosso com a gente. Parece que odeia a felicidade alheia. Segundo, você pagou por duas chances de atirar e só deu um tiro.” Sim, ela tem razão. E não perdeu a classe. Eu ri suave, balançando a cabeça em negação enquanto a admirava.

“O que foi?” Obviamente eu estava babando por ela. 

“Nada!” Dei partida e segui rumo a Los Angeles. “Só queria dizer que o rato é horrível!”

“Não é um rato, sua louca. É um porquinho da índia.”

“Ainda bem que esse rato não vai ficar comigo!” Cate se esticou para o banco de trás, pegou o rato e o abraçou.

“Óbvio que é meu, querida.”