8 - Glass Walls

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A casa estava escura, talvez um pouco iluminada apenas pelas luzes azuladas da rua que a invadiam pelas janelas. Um par de pés descalços desciam lentamente pela escada. Ele carregava um revólver em sua mão direita. Castiel tinha um olhar impossível de se definir enquanto descia os degraus; um olhar frio, seco e sem emoções, como se ele estivesse hipnotizado, olhando para o nada.

Ao finalmente chegar ao andar de baixo, caminhou até a cozinha, onde, mesmo em meio à escuridão, ele podia ver a figura de Anna grávida, chorando em pé ao lado do corpo de Johnny. Não demorou muito até que Castiel já estivesse próximo o suficiente para sentir a poça de sangue quente sob seus pés.

Ele olhou friamente para o corpo sem vida aos seus pés. Tão pequeno, tão inútil, tão insignificante...

- O que você fez? - ele ouviu Anna sussurrar logo à sua frente, com sua voz chorosa e quebradiça, o que o fez erguer seu olhar até ela. - O que você fez? - ela indagou mais uma vez, usando desta vez um tom de voz mais alto e se segurando para não gritar.

Castiel apenas fitou sua irmã enquanto ela chorava como uma criança e o fitava de volta. Então, repentinamente, ele levantou seu braço direito e apontou o revólver para a barriga da ruiva, puxando rapidamente o gatilho, atingindo-a, fazendo-a sangrar, gritar e cair no chão.

Castiel não chorou e não sorriu ao fazer isso, sua expressão facial era a mesma, ou seja, fria e hipnotizada. Ele não tinha motivos para sorrir, pois tinha matado sua irmã mais velha, mas também, não tinha para chorar, afinal, ele se sentia traído. Aquilo era justiça.

E foi com o som daquele tiro disparado que Castiel acordou e abriu rapidamente os olhos. Seu coração estava batendo rápido dentro de seu peito.

Castiel perguntava a si mesmo que droga de sonho foi aquele. Aquilo não aconteceu, não daquele jeito. Por que foi tão distorcido? Por que ele sentiu que não fez nada além da justiça? Ele não era um monstro. Isso estava errado.

Ele, após ser acordado de uma forma bem desagradável, se levantou e sentou na beira da cama, apoiando os cotovelos sobre os joelhos e escondendo o rosto entre as palmas das mãos.

Alguns segundos agradáveis de silêncio depois, Dean adentrou repentinamente o quarto, segurando em um de seus braços uma pequena caixa de isopor e um copo médio que parecia ser de café, pelo bom cheiro que exalava.

- Bom dia, brilho do sol. - disse ele, enquanto fechava a porta com a mão livre. - Trouxe um café e umas rosquinhas para o seu café da manhã. - Dean rapidamente deu a caixa e o copo a Castiel, que os pegou de uma forma exageradamente preguiçosa. - Você está bem?

- Estou, foi apenas um pesadelo. Eu só preciso de um banho. - Castiel colocou os recipientes ao seu lado na cama e pegou a sua camiseta que estava pendurada na beira de sua cama, vestindo-a ao perceber que seu tronco estava nu. Segundos se passaram e ele encarou as seis rosquinhas dentro do isopor ao lado de sua coxa, sendo algumas delas cobertas com chocolate, morango ou açúcar refinado. - O que é isso? O famoso estereótipo do policial que come rosquinhas?

- Não, eu só vi elas na estufa daquele lugar que é a mistura entre um restaurante, um bar e uma padaria e achei que você iria gostar. - respondeu o loiro, caminhando, sentando-se em sua cama e ficando frente a frente com o agente.

Castiel pegou a rosquinha coberta com chocolate e a mordeu.

- Isso é bom... Obrigado. - disse o Novak, enquanto mastigava.

- O quê? Você disse "obrigado" para mim? - indagou o Winchester com um sorriso feliz e um tanto irônico.

- Eu só estou tentando ser educado.

Criminal Minds (Destiel AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora