Capítulo 10

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Depois de descobrir uma coisa tão pavorosa, Stela termina seu depoimento, dizendo o que aconteceu no dia de hoje, coisa que vocês já sabem.

Agora, só consigo pensar naquilo que eu não sabia, aquela situação que eu piorei.

É, eu sei que pode ser que não seja minha culpa, ele é um filho da puta por si só, mas só de pensar que foi por ciúmes de mim que ele quase a matou, me mata por dentro.

Já está tarde, saímos da delegacia as onze da noite, porque me tornei uma testemunha, meu nome estava envolvido no caso de uma forma considerável, mas não imaginei que demoraria tanto. Eu reclamaria do cansaço, mas nem consigo pensar nisso, é a última que se passa na minha cabeça.

Na volta pra casa, nós estamos totalmente quietos, com um nó na garganta, que arde demais, eu luto pra que as minhas lágrimas não saiam dos meus olhos, mas pelo o que vejo, Stela não consegue mais, ela está acabada de tanto chorar. Agora, não há nada a dizer.

- Pedro? - Ela chama a minha atenção, com a voz embargada pelo choro.

Desculpa doutora, mas agora não consigo te responder. Então, apenas mantenho os olhos na estrada, os mesmos olhos marejados.

- Por favor, me responde, Pedro! Por favor! - Ela suplica.

- Não consigo conversar agora, Stela.

- A gente precisa conversar, isso não pode ficar assim, você não pode se sentir culpado. Por favor, Pedro...

- Agora não, Stela! - Eu a interrompo, aumentando meu tom de voz.

- Tudo bem, perdão.

Ela diz isso soluçando de tanto chorar. Eu sei que não deveria ter falado assim com ela, mas agora eu não posso falar nada, simplesmente não consigo. Meus pensamentos me travaram, mais uma vez.

Depois da volta de carro mais torturante da minha vida, enfim chegamos em casa.

- E aí gente, como foi? - João pergunta impaciente.

- Eu já prestei depoimento, ele foi preso.

- Que ótimo, mas aconteceu mais alguma coisa? Por que o Pedro tá chorando?

- Pergunta pra ele, talvez você, ele responda. Eu tô meio cansada, posso deitar no seu quarto?

- Pode - Eu respondo.

- Não perguntei pra você, perguntei pro seu irmão.

- Claro Stela, tem cobertor no meu armário se quiser - João responde assustado.

Stela vai em direção ao quarto do meu irmão. As palavras dela me atingiram como um soco no estômago, mas eu entendendo, fui um escroto com ela. Mas é melhor assim, quando ela acordar, conversamos.

- Mano, o que aconteceu? - João pergunta se sentando do meu lado.

- Foi tudo culpa minha.

- Quê? Como assim?

- O cara tentou matar ela por ciúmes de nós dois. Ele mandou ela parar as consultas comigo, e ela não obedeceu, então ele ameaçou matar ela, e quase conseguiu.

- Que filho da puta, se eu pudesse, mataria esse cara! Mas mano, isso não é culpa sua de jeito nenhum, você quem salvou ela pra começo de conversa.

- Salvei ela de uma situação que eu causei, desse jeito, não adianta nada.

- Você não pode se culpar assim, e não pode tratar Stela desse jeito, fugir dela assim.

- Eu não consigo falar com ela agora.

- Mas ela tá passando por muita coisa, tenho certeza que ela sofreu muito mais em ter dito o porquê de ele ter feito aquilo, do que o que ele fez em si.

Love in Quarentine - OrochiOnde histórias criam vida. Descubra agora