Love in Quarentine - Orochi

Capítulo 12

Uma semana depois...

Chegou o dia, a última consulta, infelizmente.

A última semana foi difícil, só pensei no que fazer com a Stela, fazer a coisa certa, mas o medo ainda está aqui. Quem me deu forças para continuar os dias foi a Júlia, minha eterna Júlia.

Meu irmão sempre diz que ela gostaria que eu fosse feliz, e eu acredito muito nisso. Muitas vezes, a Júlia sugeria que nós terminássemos, pra eu poder ficar com uma pessoa mais "saudável", e é óbvio que eu nunca aceitei a ideia, prometi pra ela que ficaríamos juntos até o fim, e ficamos, por mais que não fosse o fim que eu idealizava para nós dois.

Agora, é nisso que eu me seguro, o desejo de Júlia pra mim, pra que eu fosse feliz, e eu sei que posso ser ao lado de Stela, mas antes, preciso superar o medo. Então hoje, depois de dois anos, vou mexer nas coisas de Júlia pela primeira vez, só agora porque nunca tive coragem.

Pego uma caixa grande que está no fundo do meu armário, me dá arrepios só de segurar.

Abro a caixa e a primeira coisa que me chama atenção é uma caixinha vermelha, abro ela e dentro está  o par das alianças que usávamos, na minha está gravada "para sempre sua", com certeza, ela é pra sempre minha. Tento colocar a aliança no meu dedo, mas não serve mais, eu engordei.

Guardo as alianças e depois pego um vestido, a única roupa que eu pedi para ficar, um vestido azul-claro estampado com margaridas. Parece familiar? Realmente é. É o mesmo vestido que a Stela usava no meu sonho, me sinto culpado de imaginar o vestido da Júlia em outra pessoa, mas aconteceu.

O vestido ainda tem seu cheiro, o mesmo perfume doce que Júlia amava usar, e eu amava sentir.

Acho melhor parar por aqui, as lembranças ainda machucam, mas fez com que eu sentisse a Júlia perto de mim, e pensei que nunca mais ia sentir. Eu precisava disso.

Ok, depois de guardar as coisas, percebo que está na  hora da consulta, então vamos lá. Hoje eu decidi que  vou contar da Júlia para a Stela, pode ser que ela confie em mim de vez.

Como sempre, Stela me liga com pontualidade.

- Boa tarde, Pedro - Ela diz séria.

- Boa tarde, Stela. Tudo bem?

- Tudo e você?

- Tô bem.

- Ótimo, vamos começar. Tem algo específico que queira conversar?

- Na verdade eu tenho, algo que eu devia ter te contado a muito tempo.

- Claro, pode falar.

E eu falei, falei tudo sobre a Júlia, toda a história que vocês já sabem. Era isso o que faltava, Stela me pediu que eu contasse tudo o que me assombra, enfim eu contei, agora não há mais nada dizer.

- Pedro... Eu não sei nem o que dizer - Ela diz espantada.

- Não precisa dizer nada, eu sei que é meio medonho.

- É triste demais e eu sinto muito que tenha passado por tanto sofrimento, e ainda carrega esse trauma.

- É, é algo muito difícil, mas eu precisava te contar.

- Eu entendo, agora tudo faz sentido, é por isso que você tem medo e se afasta.

- Exato, mas e agora, você pode me perdoar?

-  Eu já tinha perdoado, não sou rancorosa.

- Sei que não é. Mas e aí, você pensou no que eu disse? Sobre a gente...