Amigos ou Inimigos ? - Leonato Adaptation [CONCLUÍDA]

27. Explicações

Léo

Meu mundo estava de pernas para o ar, eu já não sabia mais o que fazer, Renato estava falando que não queria morrer sozinho, mas como isso é possível ? Ele tinha amigos, família porque ele estava com esse sentimento?

- Renato, o que foi? Tá tudo bem, eu estou aqui. -eu disse pegando em sua mão e me sentando ao seu lado -Você não está sozinho -disse enquanto tentava olhar nos seus olhos.

-Eu não mereço a sua amizade, eu sou um fodido de merda que sempre estraga tudo, quem vai querer ficar ao meu lado assim? -ele disse sem olhar para mim.

-Eii, nunca mais repita isso, eu vou estar aqui sempre. - eu disse e ele olhou para mim e deu um pequeno sorriso - Olha o dia foi exaustivo para você, você tem que dormir e descansar um pouco, amanhã tudo vai estar melhor -disse soltando a sua mão e indo até a ponta da cama arrumando o travesseiro para ele se deitar.

-Eu não quero, me sinto... - ele parou de falar.

-Se sente como? - perguntei com a voz baixa.

-Sozinho - ele disse e olhou pra mim, os olhos vermelhos de tanto chorar.

Definitivamente ele precisava dormir, pensei em chamar Renan porque eu não sabia o que fazer. Aquele lindo menino na minha frente parecia quebrado e pedia por socorro. Eu o amava tanto que ver ele assim era  um tormento. Ele precisava de mim e eu estaria ali pra ele.

-Eu deito com você até você dormi, vem - eu disse e estendi a mão pra ele, ele a segurou e deitou na cama no canto e eu deitei ao seu lado.

Ele apenas chorava. Senti uma pressão na minha cintura ele estava querendo me abraçar, e eu na hora congelei, mas mesmo assim deixei que ele me abraçasse, depois de um tempo eu o abracei também. Ele colocou a cabeça no meu pescoço e chorou, em todos os meus sonhos essa era a forma perfeita de dormir, assim com ele abraçado, mas agora parecia um pesadelo. Ficamos assim por longos minutos, ele começou a se acalmar e a parar de chorar, nos soltamos do abraço e ficamos cara a cara.

-Está melhor ? - perguntei secando uma lágrima em seu rosto.

-Um pouco - ele me olhava nós olhos como se quisesse guardar cada detalhe meu - você precisa e merece saber o que está acontecendo - ele disse depois de um suspiro.

-Não prescisa, você tem que descansa - disse mais no fundo estava doido pra saber.

-Precisa sim, já é o segundo surto hoje e você precisa saber porque pode ser perigoso para você, e assim que souber você pode querer se afastar de mim. -ele disse e eu engoli seco. -Alguns meses atrás quando minha vó faleceu, eu fui diagnosticado com crises intermitentes de ansiedade comportamental. - ele disse olhando pra mim.

-Você tem T.E.I ? - perguntei meu primo foi diagnosticado com isso, mas eu não sabia muito.

-Não, o T.E.I é o transtorno explosivo intermitente a pessoa explode às vezes no momento da raiva, esse que eu tenho é pela ansiedade, o comportamento muda como que se eu ligasse e desligasse uma tomada. - ele disse calmo -Ele faz com que tudo fique muito confuso na minha cabeça, e que eu queria machucar qualquer um que esteja comigo e também a mim mesmo, eu não controlo isso eu juro - ele disse começando a chorar denovo.

-Eii, não chora - eu disse colocando minha mão em seu rosto, ele fechou os olhos - isso explica muita coisa desde que nós conhecemos - eu dei um sorriso e ele também ainda com os olhos fechados.

-Desculpa Léo, eu não queria ser assim, agir como um babaca com você - ele dizia e mesmo com os olhos fechados as lágrimas caiam.

-Tudo bem Renato, não é sua culpa - eu disse.

Eu comecei a fazer cafuné em sua cabeça, ele precisava disso. Agora eu entendia, ele não agia daquele modo comigo porque queria, e ele estava sofrendo com tudo isso, e tudo que eu mais queria naquele momento era cuidar dele, eu fiquei ao seu lado era apenas eu e ele ali, o menino dos olhos castanhos claros lindos que se sentia sozinho e desesperado por ser como ele era.

-Você não está com medo de mim? -perguntou ainda com os olhos fechados.

-Não - disse e estava sendo completamente sincero.

-Vai deixar de ser meu amigo? - perguntou abrindo os olhos e chorava muito.

- Renato claro que não, sempre vou estar aqui - disse enquanto acariciava seu rosto com a mão.

Renato me olhou sorrindo com o carinho que eu fazia em seu rosto e logo em seguida me abraçou de novo forte. Eu fiquei ali acalmando ele, abraçando ele e também fazendo cafuné, ele parecia gostar daquilo.

Sei que parecia tudo muito confuso, realmente era uma coisa muito importante. Para qualquer um aquilo era assutador tenho certeza, mas para mim que sempre tive a vida tão complicada por ser como eu sou, estava tudo bem.

Teriamos que ajustar algumas coisas para evitar que ele se machucasse novamente mas eu estaria ali ao lado dele custe o que custar. Estava tão distraido que me assutei quando ele falou comigo depois de um tempo.

-Você me acalma - ele disse no meu pescoço - É como meu porto seguro, mesmo com pouco tempo de amizade você se tornou indispensável, a semana sem nós falar foi um inferno pra mim, obrigado por tudo, eu só peço que não desista de mim, mesmo que eu seja idiota, eu presciso de você - ele disse me apertando no abraço. 

Aquelas simples palavras significam tudo para mim, colocaram o maior  sorriso no rosto. Eu que achava que tinha perdido meu melhor amigo estava cada dia mais apaixonado por ele, e essas palavras eram tão lindas e tão sinceras que fazia com que cada partícula do meu corpo se arrepiasse.

-Não tem perigo disso acontecer, nunca vou desisti de você - disse acariciando suas costas nuas.

Aquela sensação era maravilhosas, ele se relaxava cada vez mais. Eu estava quase dormindo daquele jeito, tinha que ir pra minha cama, amanhã tínhamos aula cedo, mas eu não queria sair daquela posição. Talvez nunca mais fosse ficar assim com ele novamente. Me soltei do abraço, ele se ajeito na cama e ficamos cara a cara.

-Precisamos dormir, já são 3 horas da manhã e daqui a pouco temos aula - disse esfregando os olhos.

-Está bem, Léo? Posso te pedir uma coisa ? - ele disse me olhando nos olhos.

-Claro - disse balançando a cabeça.

-Pode dormir comigo essa noite? Sei que é estranho eu pedir isso mas não quero dormi sozinho, é só hoje prometo. - ele me perguntou.

Quando ele me perguntou aquilo eu gelei, aquele era meu maior sonho, dormir abraçado com ele uma noite inteira. Eu estava surtando por dentro mas estava preocupado eu gostava dele na verdade eu o amava, ia dormir abraçado com ele, tudo bem que é porque ele tinha tido uma crise, mas isso só piorava os meus sentimentos por ele mas eu não ia deixar ele sozinho nunca mais.

-Claro que sim - eu disse.

-Se importa se eu te abraçar? - ele olhou com medo da resposta.

-Não eu não me importo, desde que você se sinta bem - eu o olhei sorrindo.

Ele me olhou, então veio mais para perto se aconchegou ao meu lado, a sua mão passou pela minha cintura e me abraçou  o que fez eu me arrepiar e soltando uma leve risada e ele também. Depois de um tempo sua respiração ficou mais lenta e percebi que ele tinha dormido, fiquei encarando o teto por no mínimo  minutos quando também dormir.