14- Confissões

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"Porque eu fico em pedaços quando fico solitário

E eu não me sinto bem quando você vai embora

Você se foi

Você não me sente mais aqui"

-Broken, Seether


-Renesmee

—Eu simplesmente adorei— virei o rosto para fitar o humano sentado ao meu lado. —É sério, a forma como você sobrepôs as cores, o gradiente do céu... Perfeito! — sorri orgulhosa.

—E o personagem? Acho que poderia melhorar a textura, o seu me parece mais crível— refleti se, digitalmente, os traços deviam parecer tão claramente diferentes.

—São texturas diferentes, sim, mas eu não mudaria nada— o avaliei inconscientemente buscando sinais de mentira, mas ou ele era um psicopata, o que eu duvidava, ou estava sendo muito honesto. —Você tem muita sensibilidade— murmurou fitando a tela do computador, contemplativo.

Olhei com a visão periférica.

—Então acho que é só, podemos apresentar amanhã, assim teremos a oportunidade de fazer algum ajuste.

—Sim, parece ótimo! — ele sorriu um sorriso de dentes perfeitos que esticava, quase fazendo desaparecer, sua cicatriz no queixo.

Comecei a fechar meu notebook e ele fez o mesmo.

—Já foi ao Louvre?

—Não— respondi timidamente.

Uma estudante de artes, em Paris, que não havia ido ao Louvre era uma herege, principalmente levando em conta que a minha instituição ficava em frente, na outra margem do rio.

Chris sorriu com surpresa e animação, seu olho verde ganhando mais luminosidade, como pedra musgosa e submersa atingida por um raio de sol.

—Quer ir domingo de manhã?

—Er... — titubeei, incerta, embora não realmente surpresa. —Acho que sim.

O sorriso aumentou ainda mais, quase achei que pudesse atravessar seu rosto, eu nem lembrava a última vez que alguém sorrira assim ao meu lado ou por minha causa. Isso aqueceu um pouco meu peito, apesar da pontada fria em meu coração.

Levantei-me, colocando a mochila nas costas, ele espelhava meus movimentos.

—Na entrada principal, as 9 horas?

—Sim, parece ótimo— nesse momento o pequeno peso bateu em minha bota, impulsionado para a frente por meu movimento.

Toquei meu colar, encontrando apenas o pingente com o brasão Cullen, presente de Rose em meu último aniversário, enquanto Christopher alcançava o relicário que havia estado comigo toda a vida. Ele revirou-o aberto na palma da mão enquanto eu tentava afastar a sensação agourenta de perceber o elo rompido.

—Desculpe olhar, eu não pensei— o rosto bronzeado ficou avermelhado enquanto me entregava a peça.

—Tudo bem, eu entendo.

—Você era uma graça de bebê! — murmurou.

—Obrigada— falei avaliando os estragos, mas além do fecho partido com a queda, era uma coisa simples substituir a ligação numa joalheria.

—Sua família tem origem francesa?

Plus que ma propre vie? — referi-me a inscrição no medalhão e ele assentiu. —Não, é só uma coincidência. Nasci em Washington.

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