Capítulo 3

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Uma fina garoa tinha começado a descer quando Kathy chegou na ponte. Nada nem ninguém passavam por lá e não foi difícil dela notar o garoto do balcão encostado em um carro de cinza um tanto já desgastado. Ele a notou quando ela ainda estava na metade da ponte e abriu um sorriso, ela não respondeu, não andou mais rápido, só continuou indo em sua direção.

Ele abriu a porta quando ela se aproximou e ainda sem falar entrou, colocou sua mochila em seus pés e esperou ele dar a volta e sentar no banco do motorista ainda com o sorriso no rosto.

– Tenho algumas regras para nossa viagem – começou a falar assim que deu a partida – são mais avisos que regras na verdade – continuou quando ela não respondeu – 1º eu vou falar o tempo todo
2º você está livre para fazer qualquer coisa que desejar durante essa viagem
3º você terá que sorrir em algum momento
4º seria ótimo se pudesse falar comigo ás vezes para eu não me sentir um idiota – ele ia levantando os dedos enquanto listava as regras, mas sem tirar os olhos da estrada.

Depois de um tempo pensando no que ele tinha tido concluiu que não precisa necessariamente cumprir todas as regras.

– também tenho regras – sussurrou

– ah! Vou adicionar mais uma regra. 5º regra – fala levantando o dedão – fale para ser ouvida, vamos trabalhar sua voz
– Eu também tenho regras – repetiu agora uns três tons acima de um sussurro

– ainda temos muito que melhorar, mas a estrada é longa – abre um sorriso – vamos diga, qual é a sua regra?

– 1º preciso de privacidade – começa imitando ele ao levantar os dedo enquanto lista – 2º eu vou pagar por todos meus gastos e 3º não questione meus hábitos alimentares

– juro que se pudesse anotaria em um papel, você vai aprender que minha memória é horrível.

Kathy encostou sua cabeça no vidro e ficou ouvindo o garoto do balcão cantarolar alguma música que ela não conhecida. Não se incomodou em perguntar para onde iam por que era justamente isso que a tinha atraído nessa viagem, não saber para onde ia e nem exatamente com quem estava indo. Ficou imaginando se sua avó já tinha notado sua ausência ou se seu tio tinha chegado em casa e visto seu bilhete. Ela tinha tido que podiam ligar para ela a qualquer hora, mas na verdade estava esperando não ter que falar com eles tão cedo.

Alcançou seus fones no pequeno bolso de sua mochila e quando estava preste a colocá-los no ouvido uma mão a interrompeu.

– Já estamos na sexta regra, não é? – perguntou sem olhar para ela – bem vamos lá 6º regra: nada de fones de ouvido, quero você conectada com o ambiente que comece a notar e se importar com as coisas ao seu redor, você pode se surpreender.

– por enquanto só tem prédios ao meu redor e eu quero ouvir música – insistiu.

– há muito mais do que coisas matérias ao nosso redor Katherine – seu tom de voz parecia sério e ela não pode deixar de analisar como ele tinha cerrado seus olhos ainda fitando a estrada – e sobre a música, bem temos um rádio velho e se você tiver um pendrive pode colocar, além de mais uma opção – seu tom de voz era mais leve agora, beirando a diversão.

– Qual? – perguntou realmente curiosa

– Eu – respondeu sem rodeios
Katherine pode ouvir uma sonora gargalhada ao que deve ter sido em resposta a sua expressão de indagação que ele fitou por um instante antes de retornar a vigiar a pista.

– pode não parecer mas eu sou cantor, não é para me gabar nem nada, mas eu tenho uma ótima voz – explicou

– o que você fazia naquela lanchonete então?– Kathy perguntou criando certa curiosidade sobre seu companheiro de viagem.

O que as estrelas deixam para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora