Capítulo 7

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Katherine não tinha dormido aquela noite. Ela ficou olhando as estrelas enquanto seus pensamentos batiam e rebatiam por sua mente. Ficou lá mesmo deitada na grama quando as brasas na fogueira cessaram por completo e ainda estava lá quando o sol mais uma vez nasceu. Ela não tinha resolvido nenhum dos seus conflitos, mas ela sentiu um estranho alívio por simplesmente ter pensado neles. Mas ela tinha decidido uma única coisa durante toda aquela reflexão, seguir a segunda regra do Adrien "você está livre para fazer o que quiser". 

Kathy se levantou devagar como se ainda duvidasse do que ia fazer, foi em direção ao lago depois de checar um Adrien praticamente desmaiado dentro na barraca. A água tinha a mesma temperatura de um final de tarde no verão, Kathy avançou um pouco deixando o nível da água em seus joelhos, se abaixou devagar enterrando-se na água enquanto sentia ela molhar suas roupas, cabelos e de certa forma lavar sua alma. Abriu os braços se deixando flutuar no lago, a sensação era de estar voando, fechou os olhos e deixou que a água carregasse um pouco das suas dores. Sentiu o líquido quente escapar dos seus olhos, parte dela estava irritada por ela se deixar levar por seus sentimentos, mas usou toda sua força para mandá-la calar a boca.

Trinta minutos depois Kathy saiu encharcada do lago, caminhou devagar até um Adrien de sorriso brilhante e parou olhando para seus olhos cor de mel que pareciam conter o mundo. Ela deu um passo para mais perto, mais um e mais um até por fim estar perto o suficiente para abraçá-lo e foi o que fez, sem pressa estendeu seus braços ao redor da cintura dele e aproximou seus corpos. Ele não apareceu se importar com suas roupas molhadas e passou seus braços ao redor de Kathy a puxando para mais perto. Katherine deixou escapar um ar que não sabia estar prendendo, liberou junto as suas lágrimas, seus monstros internos e em poucos segundos todo seu corpo tremia em soluços enquanto ela se agarrava forte ao garoto do balcão. Enterrou seu rosto nos ombros dele quando o ouviu começar a cantarolar uma canção de ninar enquanto afagava seu cabelo com carinho.

Ele não falava que tudo ia ficar bem, não lhe disse que tudo estava bem, não lhe prometeu nada, só a abraçou enquanto ela despejava-se sobre ele.

                                    🌻

Os pingos de chuvas escorriam pelo vidro do carro embaçando a visão de Kathy, mas ainda assim ela olhava pela janela insistentemente. Ela estava com vergonha, não se arrependia do que tinha feito, pelo menos parte dela não, mas estava com vergonha. Nunca tinha se aberto assim com ninguém depois da morte de sua mãe, ela se sentia nua. Sabia que de tempos em tempos ele a espiava pelo canto dos olhos como se checasse que tudo estava bem, mas ela não tinha coragem de olhar ou falar algo e Adrien parecia entender isso, pois não falou nada também.
Era domingo então teoricamente o último dia daquela viagem, mas ela não estava pronta para ir para casa. Procurou por seu celular na bagunça que tinha se instalado em sua mochila, quando o achou entre a escova de dente e a sacola com sua roupa molhada, Kathy ficou olhando para as dezenas de mensagens que tinha recebido:

"KATHERINE VOLTE AGORA PARA CASA!"
"VOCÊ ESTÁ FICANDO MALUCA? COMO PODE VIAJAR ASSIM DO NADA?"
"CONSIDERE-SE SEM CASA QUANDO VOLTAR"

Kathy quase podia ouvir a voz de sua avó gritando ao ler aquelas mensagens, dezenas e dezenas de mensagens dizendo como ela era irresponsável e que deveria voltar imediatamente para casa, ela estava quase jogando o celular de novo na bagunça quando recebeu mais uma:
"Margarida, não se preocupe com sua avó eu dou um jeito nela. Aproveite esse tempo e divirta-se, não deixe essa culpa atrapalhar mais sua vida, você merecer ser feliz. Só pelo menos uma vez faça o que quiser.
                                                         Seu tio Augustus"

Piscou repetidas vezes para afastar as lágrimas que pareciam agora terem encontrado um caminho fácil para seus olhos. Kathy não imaginava que sua família achasse que ela estava bem, não era idiota, mas por vezes pensou que eles estivessem cansados de tentar ajudá-la, mas vendo aquelas mensagens mesmo as que sua avó a xingava algumas era mensagem do tipo "por favor, coma bem" ou "não esqueça de dormir bem". Eram mensagens de preocupação, talvez sua família não tenha desistido dela, só estávamos tão perdidos quanto ela sobre o que fazer.

Limpou as lágrimas que desciam por sua bochecha e voltou seu olhar para fora da janela. A chuva estava parando deixando assim a visão mais clara para Kathy, eles tinham deixado a rodovia para trás e estavam em uma pequena cidade. As ruas eram estreitas e as casas simples, e as pessoas pareciam felizes.

– Onde estamos? – para surpresa dos dois Kathy quebrou o silêncio

– Minha cidade natal – respondeu sério.

Adrien estacionou em frente a uma pequena casa amarela, soltou um longo suspiro e encostou a cabeça no banco. Kathy observou enquanto ele fechava os olhos e parecia discutir consigo mesmo, ás vezes ela percebia seus lábios se mexendo sem sair nenhum som e sua testa franzida. Ele ficou assim por quase dois minutos inteiros.

– okay! – soltou finalmente assustando Kathy que ainda o observava intrigada

– okay o que? – perguntou se abaixando para pegar o celular que deixou cair com o susto

– Nós vamos até lá – respondeu apontando para casa amarela.
Adrien não esperou por uma resposta e saiu do carro deixando uma Kathy confusa dentro do carro. Ela ficou lá dentro vendo ele andar de um lado pra o outro com as mãos na cintura até que notou que ela não estava ao seu lado e foi até o carro batendo na janela.

– Você não vem? – perguntou nervoso

– Você tem certeza que quer que eu vá? – rebateu sua pergunta com outra.

– Absoluta – respondeu confiante.

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⏰ Última atualização: Dec 15, 2022 ⏰

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