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DEZASSETE

- Obrigada, Caetana. – Maria Inês, uma das colegas de curso da varzinense, agradeceu, antes de abandonar o anfiteatro junto com o seu namorado que, também, expressou o seu agradecimento pelo auxílio dela nas matérias dadas na aula da cadeira.

Caetana assentiu, oferecendo um curto sorriso, mas, mal o casal desapareceu do seu campo de visão, um longo suspiro escapou por entre os seus lábios. Se fosse sincera, receava que a explicação dada mais à rapariga ruiva estivesse, completamente, errada. As piores semanas da faculdade tinham chegado e, para sua sorte, também as dores de cabeça e as cólicas comuns na altura da sua menstruação. Só desejava desaparecer, ou então, possuir um manto de invisibilidade, igual ao da personagem de uma das suas favoritas sagas de livros – Harry Potter -, mais tarde, adaptadas para filmes que ela assiste sempre que passavam por algum canal televisivo. Tocou com o indicador duas vezes no ecrã do seu Huawei sendo vislumbrada pela elevada luminosidade e clicou no play prosseguindo com a reprodução das suas músicas favoritas. Era a vez de Niall Horan mostrar o seu talento nato através da melodia, Flicker, perfurando os tímpanos da estudante com a sua voz melódica e levando-a a voar pela sua imaginação, só como a música a fazia sentir, enquanto procurava, também, concentrar-se nos imensos papéis à sua frente.

Todavia, o seu objeto eletrónico começou a vibrar contra a mesa obrigando-a a levar o seu olhar até ao visor do mesmo e observar o alarme que tinha colocado para a alertar para o horário que tinha a cumprir durante a hora de almoço. Antes de rumar para a Cidade Universitária, tinha combinado com Michel encontrarem-se na zona em que se localiza o instituto em que o francês estuda e almoçarem os dois juntos. O alarme servia para que ela conseguisse apanhar todos os transportes que precisava para alcançar esse destino a tempo. Rapidamente, guardou os materiais no interior da sua bolsa, acomodou a alça da mesma no seu ombro, e seguiu para o exterior da faculdade, passando por inúmeros estudantes académicos, num ritmo veloz, para alcançar as últimas escadarias que a levariam para o exterior.

Como de esperar, o metropolitano da área lisboeta encontrava-se repleto de cidadãos, o que lhe dificultou a tarefa de alcançar o seu colega de apartamento a tempo, mas não lhe foi impossível pelo esforço empregue e conseguiu chegar ao seu destino a tempo, visto que chegou ao mesmo tempo que Michel.

- Toma a minha água. – O natural de Bordéus estendeu a garrafa de água, que tinha comprado juntamente com a comida do almoço, ao reparar no rosto vermelho e na respiração descontrolada da morena.

Caetana aceitou e ingeriu poucos goles do líquido contido na garrafa enquanto seguia ao lado do estudante para a zona de merendas perto da sua localização. Durante o curto caminho, Michel comentou o tempo passado na faculdade, de forma a distraí-la por estar ciente do seu estado mais sensível e resmungão. Assim que alcançaram o destino-final, a irmã de João fora a primeira a ocupar um dos bancos de madeira à volta da mesa, demonstrando a sua ausência de forças, e a puxar um dos sacos que guardava a comida fast food para perto de si.

- Como estás? – O proveniente de França interrogou.

- Devia ter ficado em casa. – A de cabelos longos respondeu. – A Maria Inês pediu ajuda para lhe explicar uma parte da matéria dada na aula e, apesar de todos os meus esforços para compreender e tentar fazê-la compreender, ainda penso que lhe expliquei tudo mal. Nem sei como é que ela foi capaz de agradecer. – O seu hambúrguer sofreu uma brusca mordidela que, até, captou a atenção do rapaz sentado à sua frente, cujo fitou-a intimidado. – Porque raio não fiquei em casa, Michel? – Lamuriou.

- Eu tentei avisar-te. – De imediato, o seu castanho mirou o verde do estudante de comunicação. – Ou, então, não. Esquece lá. – O do sexo masculino ergueu as mãos em sinal de rendição. – Depois do período de aulas à tarde, ainda vais de transporte para casa?