QUATRO

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As suas costas apoiadas no encosto da cama, as suas mãos sobre as suas pernas, com os dedos a brincarem uns com os outros, e as íris verdes sobre as costas desnudas do defesa-central, Caetana refletia muito. Rúben dormia serenamente e, para ela, não havia imagem mais bonita que aquela. Perante o seu verde, Rúben era, extremamente, bonito e atraente, capaz de conquistá-la com simples palavras, e o maxilar definido só contribuíam para o ar sedutor que carregava.

No entanto, sempre se convencera que o benfiquista não passava do namorado da sua melhor amiga – mais tarde, ex-namorado – e nada poderia acontecer entre eles. Enganava-se. Enganou-se. Na noite anterior, os olhares trocados diziam tudo quando o resto era silêncio. Podia ter abandonado a habitação, tal como fez há um ano, mas o intenso castanho do jogador pediu-lhe para permanecer e foi o que ela fez, sem réstias de culpa pelo seu ato. Mentiria se dissesse que a atração física sentida por ele não era correspondida por si. Era claro como água. Além disso, era incapaz de rejeitar o que lhe dizia o coração, embora as inúmeras tentativas de ignorar os sentimentos.

A de vinte e uma primaveras voltou à realidade quando sentiu o forte braço do jogador, que, ainda, se encontrava deitado de barriga para baixo, a envolver a sua cintura. Rapidamente, as suas mãos caíram sobre a pele morena do amadorense e, com as suas unhas, delineou desenhos perfeitos pelo braço do mesmo arrancando murmúrios de satisfação ao benfiquista. Sorriu continuando com a sua intenção. Prendeu o lábio com os dentes assim que a face sonolenta do defesa se voltou na sua direção.

- Bom dia. – O rouco tom de voz do futebolista e o intenso olhar do mesmo na universitária aumentou a tonalidade vermelha nas bochechas desta.

As íris castanhas de Rúben descerem pelo seu tronco coberto por uma das imensas t-shirts que ele possuía, o que conquistou o belo sorriso dele, e, de imediato, o seu corpo esbelto foi envolvido pelo abraço do central que a atraiu para mais perto de si. Para Rúben, todos os movimentos eram normais, contudo para a natural de Póvoa de Varzim era estranho a forma como era tratada por ele levando-a a possuir impetuosos pensamentos e criar cenários possíveis e impossíveis de se concretizarem pela sua amizade com Isabel e a história entre o irmão de Ivan e a mesma deixando-a receosa do que o futuro lhe esperava.

Os dedos do moreno acariciavam a sua cintura, lentamente, enquanto os ouvidos dele escutavam os seus batimentos cardíacos que se encontravam demasiados acelerados e as suas unhas raspavam pela nuca do mesmo. Aos poucos, buscava controlá-los para camuflar o seu estado perante a posição que partilhava com o jogador.

O seu aparelho móvel vibrou sobre a superfície da mesa-de-cabeceira situada perto da cama, precisamente do lado em que se encontrava, impelindo-a a busca-lo a fim de conhecer o motivo do vibrar, embora a sua vontade fosse igual a de Rúben, manter-se na mesma posição aproveitando o silêncio aconchegante. O seu castanho subiu até ao lugar onde se encontrava o dispositivo eletrónico e com a mão esquerda levou para mais perto de si. Desbloqueou-o e, mal reparou no nome da sua melhor amiga apresentado na barra de notificações, os seus batimentos cardíacos – que já se encontravam num ritmo normal – voltaram a acelerar captando a atenção do amadorense.

Isabel pretendia conhecer a sua localização para a acompanhar para a faculdade, visto que necessitava, também, de pisar o interior das instalações de ensino superior da área de direito. Mas, Caetana não lhe podia dizer a sua localização. No momento em que as suas íris colidiram com as do irmão de Ivan, este soube a razão para a expressão inquietante e o súbito acelerar das batidas do coração da morena demonstrando através de um longo suspiro.

- Lamento. – A irmã de João exprimiu.

Acomodou a sua postura, sentando-se quando o futebolista se afastou do seu enlace, com os seus braços, envolveu o pescoço do mesmo, aproximando as suas faces, e contra os lábios dele exprimiu, mais uma vez, o seu pedido de perdão.

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