VINTE E UM

591 18 56
                                    

Os pés de Caetana moviam-se por aquele espaço que, já, podia considerar com uma segunda casa, não por lhe ser ligado por algum tipo de ligação afável, pois essa ligação seria mais para o seu irmão, mas sim pela quantidade de vezes que o frequentava, igualmente, por causa do seu irmão mais novo. Quando se viu impossibilitada de avançar pela porta de vidro, conduziu a sua mão direita à maçaneta e, tal como dizia o aviso, empurrou o obstáculo, conseguindo adentrar no segundo espaço fechado que dava acesso ao seu destino. No interior do mesmo, já se encontrava Francisco a aguardar pela sua chegada. Num instante, os seus braços envolveram a cintura do defesa que, por sua vez, envolveu os ombros dela num apertado abraço necessário pelas circunstâncias vividas pela morena. Assim que se afastaram, a irmã de João sentou-se no pavimento, colidindo com as suas costas na parede, e Ferro replicou os seus movimentos na parede oposto, mantendo-se, assim, virado de frente para a rapariga de vinte e um anos de idade.

- Como estás? – O colega de equipa de Rúben Dias questionou o estado da melhor amiga.

- Bem. – A de cabelos longos respondeu, encolhendo os ombros. A sua posição inicial era o cruzar de pernas à 'chinês', contudo, pelo desconforto sentido, mudou, pousando os pés no piso liso e limpo com os joelhos refletidos e descansando os seus braços sobre os mesmos, imitando a posição do rapaz sentado à sua frente. – Dentro dos possíveis, 'Chico. – Perante o olhar pouco convincente endereçado pelo natural de Oliveira de Azeméis, reforçou.

- Não me contaste, logo. Porquê? – Francisco não se manifestou nem magoado, nem frustrado pela escolha da amizade em não lhe contar assim que pediu um tempo ao seu colega de equipa.

- Além de serem amigos desde os tempos de formação, são colegas de equipa, Francisco. Não queria causar qualquer constrangimento entre vocês, visto que este problema, somente, envolve-me a mim e ao Rúben. – A de Póvoa de Varzim justificou as suas ações. – Perdoa-me. Não era minha intenção magoar-te. – A seguir, exprimiu o seu pedido de perdão.

- Sabes que não me magoaste. Só queria que soubesses que, ainda, podes confiar em mim, afinal, somos melhores amigos. Ninguém pode mudar isso. – Ambos esboçaram um largo sorriso. Um sorriso que, ultimamente, a sportinguista viu-se incapaz de expressar. Era genuíno, pela primeira vez nas últimas duas semanas. – Se queres evitar encontrar-te com ele, este é o pior sítio para nos encontrarmos e falarmos desta situação, ou qualquer outra. – O defesa-central dos vermelhos e brancos falou, viajando o seu olhar, e levando-a a imitar os seus gestos, pelos corredores do Caixa Futebol Campus.

- Nós contamos tudo um ao outro, certo? – De imediato, o de cabelos claros assentiu, comprovando a verdade da afirmação de uma das suas amizades mais próximas. – Uma parte de mim, talvez, queira vê-lo. Nem que seja ao longe. Preciso de saber como ele está, 'Chico, embora isso me vá obrigar a ponderar sobre as minhas escolhas.

Um longo suspiro escapou por entre os lábios da universitária. Tinham sido duras semanas de ultrapassar e estava ciente de que as próximas seriam ainda piores, no entanto, também sabia que, seria capaz de ultrapassar, uma vez que, tanto Ferro, como Isabel e Michel não têm saído do lado dela. Todavia, era Rúben quem ela queria que estivesse do seu lado. Era ele quem ela amava.

- Ele não vai assinar o contrato. – Francisco revelou. – Nem a SAD quer que ele assine. Pelos vistos, o Barcelona avalia-o menos do que aquilo que o clube quer e avalia dele. Os 30 milhões de euros, ou os 35 milhões de euros máximos que o clube espanhol tinha acordado, não chegam para levarem o Dias do clube. Por isso, o Barcelona desistiu da corrida. – Os ouvidos da estudante de direito concentravam-se nas palavras do central português e os seus lábios expandiam-se pela sua face à medida em que as palavras saíam da boca do mesmo.

cedo | ruben dias ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora