1. A Realidade de Park Jimin.

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(Não se esqueçam de deixar uma estrelinha ;) me motiva muito ♥️)

Novamente no Quarto Escuro, bom, pelo
menos estava "seguro" alí.

Felizmente, só tive que me ajoelhar nas pedras hoje, melhor que ontem.

A parte boa... Bom, acho que era ser mandado para aquele pequeno quarto escuro e sem janelas, alí ninguém me batia e/ou me maltratava, e se fossem fazer isso... Poderia ouvir o barulho das varias trancas sendo abertas.

Evitar? Fugir? Correr? Há-há, impossível... Me atrai a ideia do impossível.

Minhas chances de fugir são as mesmas das meninas daqui. Tenho pena dos bebês... Essa é a realidade deles, sofrem e nem sabem o porquê.

No total somos 10, sete deles biológicos, as outras três... Uma longa história na qual sei apenas pedaços por ouvir atrás das paredes do quarto verde musgo.

Lá eles sofrem tanto...

De qualquer forma... Nem sei como ainda estou aqui... Talvez até ter idade para reproduzir. E se não puder... Aí com total certeza serei vendido. Quem sabe para outro continente.

As trancas começaram a estralar, sendo abertas. Estremeci.

-Como como você está filhinho? Gostou do castigo? Sua expressão foi tão... Única, gostaria de repetir, meu amor? - então ela começou a rir, gargalhar, na verdade. Fiquei em silêncio, aguardando.

-S-sim, senhora.

-Muito bom, amor - falou virando-se em direção a porta novamente - ah, quantos aninhos você já tem A8?

-Quinze, mamãe.

-Falta só um aninho, então - ela pensou por um momento - a mamãe tem que ir ver seus irmãozinhos agora bebê, bye bye.

E então, ela saiu da sala, soprando beijinhos no ar. Fiquei pensando, com a cabeça encucada de ideias, ideias ruins, provavelmente. A última coisa que me recordo é de bater a cabeça no chão de cimento, e acordar.

As portas estavam abertas, então hoje deveria ser sábado, veria minhas irmãs.

Quando cheguei ao refeitório, porém, percebi que não eram só minhas irmãs que estavam sentadas à mesa, meus dois irmãos - A2 e A3- também estavam.

Certa vez decidi perguntar para eles - discretamente- porque nos chamávamos assim. Eles apenas responderam: pelo que sabemos, A8, cada um tem um número de acordo quando chegaram aqui.
Eu sabia que seria extremamente arriscado fazer outras perguntas, então novamente, viajei em pensamentos.
Foi aí que comecei a contar, pelo que parecia, apenas eu tinha notado, ou os outros fingiam muito bem.

Se os mais velhos eram A2 e A3... E pelo que sabiam eles foram os primeiros... Onde está A1? Ele nunca existiu? Ou se existiu... Ele está vivo? Muito improvável.

- Bom dia, A8 - falaram A4 e A5, as gêmeas de dezessete anos.

- Olá, A8 - cumprimentou A6, também de dezessete anos.

Em seguida, A7 acenou para mim, eu tinha pena dela, ela chegou aqui aos 14 anos, mas não conviveu com a gente até os quinze, pelo que sei, ela era muito velha, se lembraria do passado antes de chegar aqui, foi então que "mamãe" contratou um "médico" para "curá-la", ela se esqueceu de literalmente tudo. Ela foi maltratada e vítima de experimentos. O pior era que como somos obrigados a reproduzir aos dezeseis anos, ela teria que começar no ano seguinte, ou seja, esse. A6 -uma das gêmeas- disse-me que ela foi tão forte, que os venenos e cápsulas que davam para ela não faziam efeito, davam tanto para ela -com apenas 14/15 anos- que ela, ao invés de morrer, ficou imune.
Foi então que mamãe injetou uma espécie de água vermelha, não sabemos o que é.

Foi então que ela ficou muda, frágil e regrediu.

- Alô - respondi.

Comemos nossa comida artificial em silêncio.

- Ouvi dizer que não seremos mais de dez.

-Quem disse, A2?

- Papai foi me ver ontem.

Nesse momento, todos o encaramos, com as bocas escancaradas. Papai nunca apareceu, mamãe dizia que ele era apenas uma cobaia.

- O quê? - consegui dizer.

- filhinhos, o café da manhã terminou a 2 minutinhos e 14 segundos, vamos voltar para suas caminhas? Vocês tem que fazer um lindo desenho para mim hoje, é a tarefa mais importante - mamãe sorriu, aquele sorriso que me assombrava. O tipo de sorriso que escondia alguma coisa.

- Claro, mamãe - falámos todos em uníssono, com uma voz monótona, A7 concordou com a cabeça.

-Mamãe, posso falar com a senhora? - me arrisquei.

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