7. Pesadelo

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(Não esqueçam-se da estrelinha ;))♥️).

Dia 2

Eu estava correndo.

O mais rápido que podia, tão rápido que meus pés descalços sangravam ao roçarem no impacto com o chão.

Mais rápido do que um dia corri.

Foi quando, numa brecha entra as árvores extremamente juntas, vi um ponto muito fraco de luz. Corri para ele. Na direção da luz. Na direção da vida. Na direção da sobrevivência.

Sabia que era um sonho. Mais especificamente um sonho lúcido, um sonho no qual era imensamente improvável.

Sabia que estava sonhando por dois motivos, 1°: não poderia estar correndo sendo que estava eternamente preso numa "casa". 2°: eu estava todo quebrado.

A realidade é que não queria realmente acordar, mesmo sabendo que estava próximo disso. Não queria voltar a me concentrar num plano de fuga improvável, não me agradava a ideia de ouvir a voz de um homem falando no meu subconsciente. E mesmo que acordasse, a dor de ossos quebrados não seria diferente da dor dos meus pés queimando num solo florestal espinhoso. Mas essa ideia me agradava mais que qualquer outra.

Agora eu estava perto da luz. Mas já havia lido e ouvido muitas histórias para saber que sempre que estamos chegando no objetivo as coisas mudavam ou pioravam.

Mas foi completa e insanamente diferente.

Eu continuei correndo, sem pausa. Mas não estava indo para a luz. Eu não ouvia ninguém, nem mesmo minhas próprias ideias. Por que estava seguindo orientações de alguém que nem sequer lembrava tinha me dado? Não importava, tinha que correr cegamente para o outro lado.

Eu iria até o fim se necessitasse.

-Ei, garoto - me atormentou uma voz, longe de meu subconsciente, longe da floresta... Foi quando algo mudou - garoto, acorde, por favor - a voz agora estava mais perto, necessitada, poderia alcançá-la, mas não queria... - Fiquei calmo, por favor, pare de se mexer assim... Acorde garoto... GAROTO POR FAVOR ACORDE - a voz não gritou, mas era um tom visivelmente mais alto do que o comum.

A maldita voz da minha mente me fez pular de susto, pulei e esperneei por um milésimo de segundos, ainda não totalmente consciente, fiquei paralisado, como se estivesse morrido imediatamente.

Depois de exatamente um minutos e quarenta e sete segundos, Finalmente abri os olhos de verdade, já estavam abertos, mas desfocados, não via nada até então.

Não que conseguisse ver alguma coisa naquele lugar escuro.

Completamente enraivado com a voz na minha mente, urrei com ela:

- O QUE VOCÊ QUER? O QUE QUER DE MIM? POR QUE ESTÁ NA MINHA CABEÇA - gritei colocando minhas mãos em meus cabelos e os puxando. Estava escorado em alguma parede, minhas pernas numa posição inimaginável - QUER QUE EU ENLOUQUEÇA? PARABÉNS, JÁ DEVO ESTAR LOUCO. QUER QUE EU MORRA? MATE-ME, PERDI O MEDO DA MORTE A MUITO TEMPO - falei esperneando novamente. Arrancando fios e punhados de meus cabelos.

-Eu não quero nada, rapaz, apenas... Que você acordasse, você gritou e revirou a noite inteira. - a voz hesitou - Você está bem?

Meu cérebro pensa muito bem antes de agir, mas dessa fatídica e primeira vez, não pensei, apenas joguei tudo para fora.

Mas eu não repito meu erros tantas vezes seguidas.

Não havia pensado, nem hesitado.

Não havia falado aquelas palavras.

Meu cérebro nunca perguntaria como eu estava.

Bem, medo não tenho mais mesmo.

Foi então que entendi. Era A Última Sala. Não estava sozinho, estava com o homem cujo nome ele mesmo não sabia - ou não queria dizer -, vulgo homem que tinha sua capacidade de contar rebaixada para 68. O homem que poderia estar mentindo, mas estava desabafando sua vida para mim.

A única pessoa cuja eu podia contar meus planos, pois ele também ansiava pela liberdade desde que lhe fora tirada.

E eu contaria. Ouviria. Permaneceria com ele. Permaneceria com Papai. Até depois do fim se isso significasse a liberdade. A nossa liberdade.

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⏰ Última atualização: Mar 16, 2021 ⏰

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