(Estrelinha se estiverem gostando :)♥️)
-Estava te contando sobre meu filho... Meu filho com Eun-ji.
-Ah verdade... Continua aí.
-Você não dorme a dias, pelo jeito. Não tem problema, eu tenho a eternidade aqui - ele brincou. Brincou, mesmo sua vida estando horrivelmente destroçada por uma mulher cuja ambas as partes a odiava. Ele brincava. Bom, isso ajudava a não despertar a insanidade pura.
Cocei a garganta, numa esperança de minha voz sair terna diante do cansaço. Eu estava morto de fome.
-Pode continuar a... história.
Inútil, minha voz continuou rouca de sono. Ah, e para piorar, minha barriga roncou. Ótimo.
Ele deu uma curta risada. Logo passou-se um período de tempo.
Após me recompor, pronto para ouvir novamente sobre Kim Taehyung, um bebê filho de um completo - talvez nem tanto- estranho - decidi chamar Papai de outra coisa, Papai não parecia certo... Bem, de qualquer modo estava começando a desconfiar daquela história, primeiro, ele lembra de toda a história da vida dele, trabalho, filho, mulher, mas não tem a capacidade de contar além de 68? Não contém na mente a lembrança do próprio nome? Como ele sabe tudo sobre todos menos sobre si?Teria que descobrir sozinho, quieto, com perguntas nada descaradas.
De qualquer forma... Vou chama-lo de Kim Sinbi, por um motivo extremamente óbvio e adequado, Sinbi significava mistério.
O homem disse que não iria falar nada dali há 1 minuto e 47 segundos, pois iriamos receber algum tipo de visita. Como ele sabia horário naquele cafofo? Não sei, e odeio isso. Mas ele sabia, eu não, odiava não saber mais do que alguém, não ser o mais astuto e calculista, ainda mais quando o ser tem a inteligência rebaixada a um nível hipócrita.
Contei.
Haviam se passado 1 minuto e 47 segundos quando uma portinhola pregada por dentro da porta estava abrindo-se, derrubando bruscamente comida suja e derramando uma poça de água que parecia ter sido cuspida, mas naquela hora simplesmente ignorei Sinbi, ignorei meus modos, ignorei minha frieza, voei o mais rápido que pude - mesmo que se arrastando com dores excruciantes - para a comida daquele chão horrendo.
E parecia ser a melhor refeição que já tive.
Havia comido quase tudo, quando Sinbi me afastou e pegou um talo de maçã para alimentar a si próprio, logo após lambendo o pedaço de chão que havia água, aquela imagem foi horrorosamente ruim, mas lembrei-me que fiz a mesma coisa menos de um minuto atrás.
Essa parecia ser a tal "lei da sobrevivência", se não fosse, estava perto.
Sentei-me novamente no canto da sala, com a barriga sangrando em cima do sangue seco de ontem, ou hoje, ou dois dias atrás, eu já não tinha ideia.
E odiava isso também.
O homem cujo eu havia nomeado Kim Sinbi sentou-se afastado de mim, mas claramente habituado àquela imundície, por mais escuro que estivesse, senti seus olhos fulminando os meus, e instintivamente engoli em seco.
-Sei que passou mais de vinte e quatro horas sem comer, mas já fiquei mais tempo, aguente, também preciso de comida.
A voz de Sinbi era sempre rouca, como alguém num leito de hospital prestes a morrer, mesmo revirando os olhos com ignorância disse "o.k".
Ele remexeu na boina e então disse:
-E então perguntei quem era ao telefone...
-Quem nos entregou comida?
Ouvi-o bufar.
-Logo direi, me escute.
-Se não falar, não o escutarei de modo algum.
-Seus braços estão fracos e sangrando, tampar suas orelhas seria considerado impossível.
-Sei distrair pensamentos.
-Não bastaria, sei que está curioso.
-Por que eu estaria curioso de ouvir sua historinha sobre como salvou seu filho? Minha vida já não é a melhor aqui nessa masmorra.
-Fala da Última Sala ou da casa?
Bufei, e por mais dor de sentisse, apontei o dedo pra ele, a sala era pequena o bastante pra eu conseguir encosta-lo:
-De tudo, agora me responda antes que eu desista dessa ideia Sinbi, e acabe com você.
Sinbi ficou curioso com algo repentinamente, logo notei que se tratava do nome que dei-lhe. Mas ele não perguntou.
-Você não acabaria comigo de todo jeito A8, mas enfim... Continuando, espero que sem intervalos, minha história - sua voz falhava a cada fim de frase, parecendo que não resistiria áquilo tudo - quando a voz apenas riu, pensei que fosse um trote, mas ouvi um gemido de dor baixo, reconheci na hora que era Eun-ji, implorei para a vizinha de porta do hotel cuidar de Taehyung e fui pra nossa casa, cheguei lá.
Houve uma pausa, de exatos 1 minuto e 47 segundos quando ele respirou profundamente e falou com a voz falhando mais:
-Foi então que vi a pior cena da minha vida até aquele momento, minha mulher, na nossa pequena sala, toda bagunçada, tanto ela quanto a casa, com uma criança nos braços e alguém atrás dela, segurando sua cintura, os dois sorriam, ela tentava me dizer algo com os olhos mas estava tão assustado que não consegui entender... - ele suspirou - foi então que ele injetou uma seringa com algo vermelho no pescoço dela... Então ela...
Sinbi continuou falando, mas nao prestei atenção, "foi então que ele injetou uma seringa com algo vermelho" VERMELHO, como a seringa que injetaram em A6... Será que A6 não foi indisciplinada, mas descobriu algo? Por isso mamãe colocou nela o que puseram em si? A6 guarda um segredo? Provavelmente sim, todos aqui tem um. De repente começo a lembrar de coisas que me dão arrepios:
A6 me esperando no corredor simplesmente pra me olhar de um jeito estranho;
A6 fazendo sinais estranhos por baixo da mesa quando sentávamos juntos;
Ela balbuciando sem som coisas misteriosas que nunca quis saber o que significavam.
Ela sabia de coisas... Mais do que eu talvez? Bem, eu não sabia muito além do que vejo. Mas por que ela quer me contar? Por que logo eu? Que aparento para todos ser normal e estável?
Talvez não aparenta-se. Talvez ela visse além do que eu tentava aparentar.
Com certeza todos viram um pouco disso no meu pequeno e quase mortal surto.
-Ei, A8, você está bem?
Sinbi me acordou, estava dormindo em pensamentos, bolando um plano.
-Estou, continue sua história, velhote.
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INIMAGINÁVEL
Fanfiction"Sozinho" Essa é uma boa definição de mim. Uma pequena palavra que define uma única pessoa. Completamente sozinho, sem apoio, sem possibilidades. Todos tiraram o que puderam do meu ser, tanto que ele nem é meu. Mas eu tenho uma coisa, talvez a única...