《XVII》 Dance

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— Então você tá me dizendo que Yoongi te deu um selinho, que você ia beijar, mas que a campainha tocou. — Taehyung falava como se analisasse um caso num tribunal, os óculos na metade no nariz, os olhos apontados para cima, piscando repetidamente, e o queixo apoiado na mão que não gesticulava — E ai se abraçaram, deram tchau e ninguém mandou mensagem nem se procurou desde então?

Desde o dia que os dois saíram, nem Namjoon e nem Yoongi pareciam ter tido coragem para enviar uma mensagem ou para se encontrar pessoalmente. Faziam quatro dias. Namjoon estava começando sentir um aperto em seu peito, apesar de lembrar ter absoluta certeza que ambos estavam muito felizes quando se despediram da última vez. Nam aproveitou esse meio tempo para se concentrar na letra que começou a escrever na noite do dia em que foram o cinema. Em meio a suspiros, batidas rápidas de coração sorrisos e versos, tinha chegado a uma conclusão sobre tudo que sentia em relação ao baixinho.

— Estamos diante, aqui, de um caso EXÍMIO de BOIOLISSE! — assegurou TaeTae enquanto mantinha uma das mãos apontando para cima, num sinal certo — Sinceramente, Namjoon... — desmanchou a postura de investigador — O que tanto você está esperando? Me repete por favor o refrão daquela música que você escreveu.

I live so I love. — fala baixo, inevitavelmente envergonhado.

— Que significa...? — o mais movo gesticulava como se quisesse que o outro continuasse o raciocínio.

— Vivo, logo amo.

— E quais, por coincidência — caprichou no deboche — são os dois últimos versos da letra mesmo? — o encarou piscando repetidamente.

— Você é meu amor, meu único amor. — tentava inutilmente, com todas as forças, impedir a vermelhidão involuntária que aquarelava suas bochechas.

Taehyung bateu uma única palma, estalada, como um martelo de juiz. Era tudo tão claro para ele, que não conseguia achar mais palavras para explicar. Já estavam todas ali em sua frente, escancaradas, enquanto Namjoon insistia em não perceber.

— Namjoon, é o seguinte. — suspirou juntando as mãos na frente da boca, em forma de reza, cuidadoso no que ia dizer — Você vai mandar uma mensagem agora pedindo pro Yoongi vir até a-

Parou assim que Nam pulou da cadeira, num susto. Era uma notificação em seu celular. Uma mensagem de Yoongi. Suas mãos tremiam tanto que teve que colocar a senha pelo menos três vezes para desbloquear. Mirou a tela, ansioso. E lá estavam as palavras claras e sucintas.

"Nam, me encontra na sala de música?"

"Quando a sua aula acabar"

Suspirou, tentando se acalmar. Mas era impossível! Esfregou o rosto, agitado, enquanto Taehyung tagarelava repetindo algumas vezes que o mais velho não escutava o que ele dizia, principalmente quando era a verdade nua e crua.

— Você vai até lá e você vai dizer tudo pra ele! — disse quase como uma ordem.

— Eu vou tentar, Tae. — disse em meio a suspiros — Mas tenho medo de travar!

Taehyung fez uma careta.

— Quer saber — suspirou fundo —, confia no Yoongi. Ele vai te guiar. Vai! Sem preocupações. Yoongi vai fazer tudo dar certo. — segurou as mãos trêmulas do mais velho, na tentativa de passar segurança.

Desviando a atenção dos dois para frente da sala, na lousa, o professor de Percepção Musical, que acabara de chegar do intervalo, chamava os alunos. Após alguns chiados de cadeiras se arrastando e se ajeitando, ele se pronunciou.

— Vamos, vamos, que o tempo é curto! — largou enquanto puxava o telão — De quem vai ser a sugestão de música pra gente analisar hoje?

Taehyung levantou a mão prontamente.

❝OBLIVION❞ || namgi/sugamon; myg!cegueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora