Capítulo 03

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A excentricidade dos portais d'água é que sempre haverá uma fonte de água por perto.

Seja um rio, um lago ou um poço.

E ao atravessar um portal, qualquer um, a sua energia pode ser totalmente esgotada. A sede, a fome e o sono aumentam gradativamente.

Portais de terra são os piores, eles são totalmente interruptos, quase sempre nos levam aos lugares errados. Deve ser por isso que apenas tolos, aqueles que pouco conhecem a magia, usam.

O clima em Narok é frio, não há um dia de sol, e por isso poucas pessoas residem aqui.

Em maioria, apenas aqueles que ganham a vida com a venda de lenha, transporte de madeiras, venda e transporte de gelo conseguem viver aqui. Uns e outros vivem da caçada de ursos, seja para comer a sua carne ou vender o seu couro.

Olhei em volta, não enxergando nada além de neve, pinheiros, e um pequeno lago — este que estava quase totalmente congelado.

Andei o suficiente para que, quando eu me abaixasse, pudesse pegar água. O cantil de couro, que eu sempre levava comigo, estava pela metade.

Bebi o resto da água que ainda tinha, e o enchi com a água do lago.

Já satisfeita, e com indícios de fome, comecei a andar em sentido ao vilarejo mais próximo. Já havia vindo aqui antes, então perdida não ficaria.

Andei por muito tempo, o casaco de pele de urso me aquecia bastante, mas meus olhos já ardiam por conta dos fortes ventos frios.

Quando cheguei na pequena vila, já estava, julgo eu, em um horário propício para que todos estivessem sentados, com sua família, em suas casas fazendo a última refeição do dia, mas, como em todo lugar do continente, as tabernas ainda continuavam abertas.

Sempre havia algum beberrão.

Não prestei atenção no nome da taberna que entrei, apenas olhei em volta percebendo, por conta do estábulo, que aquela budega também era uma estalagem.

Segurando o livro com mais força, andei em direção ao taberneiro que estava servindo algumas cervejas atrás do grande balcão.

O lugar não estava cheio, tinha em torno de quinze homens contando com o taberneiro, algumas mulheres serviam alimentos e bebidas, outras tentavam ganhar a noite com aquele que aparentasse ter dinheiro.

Quando cheguei em frente ao balcão, o homem de porte médio, cabelos grisalhos, e com cheiro de vômito me atendeu.

— O que deseja? — Perguntou.

— Um quarto, Senhor. — Respondi, abaixando o capuz do casaco.

— Cinco ducados. — Seus olhos me olhavam com uma curiosidade explícita, mas nada, além disso, falou.

Coloquei minhas mãos num pequeno bolso interno do cinto da minha calça, tirando as cinco moedas.

— Aqui. — O entreguei, recebendo a chave junto da orientação de onde seria meu quarto. Quando me virei, e dei alguns passos para seguir meu caminho, ouvi, novamente, a sua voz:

— Ei! Esqueci de dizer, — me virei para olhá-lo — a janta está incluída. Se quiser comer, desça antes que acabe. — Assenti.

Eu estava com fome, mas também precisava de um banho.

O primeiro eu já tinha como resolver, o segundo deixaria para falar com o taberneiro quando eu terminasse de comer.

Assim que entrei no quarto que me fora designado, não perdi tempo, me sentei na cama nada confortável, fechei meus olhos, e tentei relaxar os músculos.

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