➡️ Sinopse:
Páris é um garoto de 15 anos cheios de problemas e traumas. Ele já tinha passado por tanto sofrimento que nem ao menos vivia, apenas se deixava levar de um sofrimento a outro.
Mas o ingresso no ensino médio de uma nova escola...
Mais um dia de aula. Dessa vez é a aula que menos gosto, Educação Física. Então vamos direto para o ginásio da escola. As aulas são ministradas separadamente para meninos e meninas, aqui estão somente os meninos. O professor divide a turma em 2 times. Fico no mesmo time que Lucas e Joseph; Guilherme fica no outro time.
O professor explica as regras do jogo chamado queimada. Sobre ele entendo o básico e vou para a quadra com meu time. O jogo começa bem, mas fica agressivo com o desenrolar da partida. O professor chama a atenção. Percebo que o Lucas sempre tenta ficar atrás e faço o mesmo. Minha função é não ser "queimado" pelo máximo de tempo possível. Consigo realizar essa façanha quase impossível por tempo suficiente para meu time vencer a partida. Acho que nunca suei tanto em toda minha vida, Lucas me chama para sentarmos na arquibancada para descansar.
- Eita, foi fechação! Vocês arrasaram, - fala Guilherme se aproximando. Até parece que o cabelo dele está mais rosa do que antes - o Joseph lacra como capitão. Cadê ele?
- Está conversando com os colegas do time de futsal – respondo-lhe prontamente.
- Ah! Ele arrasa no futebol também, o que falta nas notas compensa nos gols.
Olhei para o Joseph conversando ao longe com os outros jogadores e não entendia como um cara tão legal e popular tinha dificuldades de aprendizagem.
- E o gatinho do Élio, Páris, por que não veio para a aula hoje? - Guilherme me pergunta enquanto se encostava no alambrado.
- Eu não sei. - Respondo sem entender o motivo da pergunta ser direcionada a mim.
- Mas vocês não são parceiros? - Insiste Guilherme.
- Eu não. - assusto-me com aquela pergunta sem sentido.
Eles riem.
- É uma norma da escola – explica - que os dois alunos que sentam juntos são chamados de parceiros, servem para um ajudar o outro. Nesse caso, ele deveria ter avisado o motivo da ausência para você justificar com os professores.
- Ah! - respondo aliviado e preocupado. Como ele poderia me avisar, se eu não tenho celular?
- Bom, vou indo - Guilherme fala já se afastando. - Até mais tarde, bye!
- Mais tarde? - Pergunto ao Lucas.
- Ah, é - Lucas responde tirando a camiseta - reunião hoje na casa do Joseph para organizar o seminário, anotei o endereço dele pra você. Está no bolso da minha mochila.
Pego o pedaço de papel na mochila dele e leio. Tem o horário e o local, fica no meu caminho de casa para a escola.
- Nossa! - falo ainda olhando o papel.
- O que foi? - ele para e me olha. - É muito longe da sua casa?
- Não! É que você parece um fantasma de tão branco.
Levanto e saio sem olhar para trás. Estou feliz. Acho que seremos bons amigos.
Passo em casa para almoçar, deixo um recado e vou para a casa do Joseph, mesmo com o endereço apresentado tenho dificuldades em achar o local e acabo sendo o último a chegar.
- Está atrasado. - grita Élio assim que me ver chegar.
Não respondo, apenas sento à mesa com eles. A casa de Joseph é muito aconchegante. Um jardim separa o muro de entrada da casa; a porta de entrada dá acesso a uma sala limpa e organizada, onde estão seus pais assistindo televisão. Posterior à sala fica a cozinha, onde estamos na mesa de janta. Os quartos devem ficar na lateral da casa.
Guilherme parece empolgado com o trabalho e apresenta suas ideias. Joseph tenta acompanhar a explicação, mas percebo que ele tem uma certa dificuldade. Lucas parece atento ao que o Guilherme fala, mas não se pronuncia. Élio parece indiferente e de vez enquanto me olha e sorri. Guilherme mostra várias ideias legais. Depois que concordamos, ele nos divide para facilitar os trabalhos. Joseph e eu ficamos com a pesquisa.
Quando estava tudo resolvido, Dona Margarida, a mãe do Joseph, nos serve um lanche e os meninos começam a zuar uns dos outros. De repente ela começa a chorar, pede licença e sai. Ficamos sem entender e olhamos para o Joseph na esperança de ele dizer o que fizemos de errado.
- Não é vocês. - ele começa. - ela ainda sente falta da minha irmã. - Joseph também fica com os olhos marejados.
- Cara, se quiser desabafar, a gente pode te ouvir, às vezes é bom colocar pra fora. - fala Élio enquanto coloca a mão no ombro dele.
- Mas só se quiser, não se sinta obrigado. Não é gente? - Apressa-se em esclarecer Guilherme.
- Tudo bem! - começa Joseph. - não tem problema. - foi a cerca de um ano, eu tinha três irmãos: Simone, mais velha que eu; Sophia e Andrew, mais novos. Uma noite Simone foi fazer um trabalho na casa de uma amiga e resolveu dormir lá, mas aconteceu um imprevisto e então ela resolveu voltar, ligou para meus pais mas eles não atenderam. Então Simone resolveu vir só. O que aconteceu foi que Andrew caiu, quebrou o braço e eles tinham ido às pressas para o hospital esquecendo os celulares.
Quando chegaram em casa, meus pais viram no celular a chamada perdida e ligaram de volta, mas ela não atendeu. Ligaram para a amiga e ela disse que Simone já tinha saído de lá há umas três horas. No dia seguinte encontraram o corpo dela no terreno baldio. Foi espancada até a morte.
Guilherme é o primeiro a se levantar e abraçar Joseph. Élio o segue, e finalmente eu e Lucas, todo sem jeito com a situação, ficamos ali, os cinco abraçados por um bom tempo.
D. Margarida, já recomposta, volta e avisa:
- Já está tarde meninos, essas ruas são perigosas. Alguém vem buscar vocês?
- Minha mãe. - fala Guilherme.
- Eu vou pegar uma carona com a mãe dele. - diz Lucas.
- Eu vim de moto. - diz Élio.
- Eu vou só. - falo um pouco envergonhado.
- Nem pensar! - assusta-se D. Margarida - podemos deixar você em casa.
Antes de eu responder, Élio fala:
- Não se preocupe, D. Margarida, eu posso deixar ele em casa. Nos despedimos em frente a casa e cada um vai em direções diferentes.
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