CAPÍTULO XIII - AS REVELAÇÕES DE ÉLIO

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"Hj tem ensaio do sarau. Te pego as 6. 😘"

Mensagem de Élio. Ele não aceitou participar da equipe da Mônica ou a Roberta o matava. E eu também! Ficamos todos na mesma equipe: Joseph, Guilherme, Lucas, Élio e eu, além de mais seis alunos que preferiram o projeto da Roberta.

Ela já tinha tudo em mente, o que tornou mais fácil na reunião de planejamento. Só tivemos que pegar os planos dela e pôr em prática.

Hoje é a primeira reunião com todo o elenco para vermos como vai ficar. É o primeiro ensaio de todas as apresentações, inclusive com a banda do Élio, que fará o encerramento.

"Meu pai vai me levar pro ensaio 👏 Quer que eu passe aí pra te pegar?" - Dessa vez é o Lucas.

"Não precisa, vou com Élio 😁" – respondo.

"Tá legal, 👍te encontro lá"

Desde o dia em que Lucas foi agredido na escola, o pai dele vai deixá-lo nos trabalhos escolares. Ainda não sabemos o que aconteceu, já que ele nunca falou para ninguém. Quando pergunto, ele desconversa e eu não insisto.

Vou para fora esperar Élio. Não quero que ele faça barulho por que Vilmar está em casa. Não sei qual será sua reação quando souber de tudo, mas não me importo. Ele não pode fazer nada contra mim.

- Aonde tu pensa que vai? – ouço sua voz rouca quando passo.

- Vou fazer um trabalho da escola. – respondo sem parar de caminhar.

- Isso lá é hora de fazer trabalho de escola? Tu vai é ser besta por aí!

Não respondo e chego até a porta.

- Páris! Eu tô falando contigo! – ele grita com voz firme.

Seguro a maçaneta da porta pensando no que fazer, ouço os passos dele em minha direção, abro a porta saio rápido, porém ele é mais rápido e me puxa pelos cabelos de volta pra dentro.

- Eu disse que você não vai a lugar algum, seu moleque! – ele fala me puxando para dentro.

Vou para o quarto indignado já ligando para minha mãe. Ouço o barulho da moto e em seguida a buzina. Vilmar está sentado novamente no sofá. Dessa vez, sou mais rápido, corro e passo pela porta antes que ele diga algo, subo na moto sem capacete e peço a Élio para me tirar dali enquanto ouço o grito de Vilmar da porta.

Paramos em uma praça a poucos metros da minha casa. Olho no celular e vejo que Élio chegou às seis. Ele sempre é pontual nos nossos encontros. Percebo que ele está me olhando de um jeito esquisito, então pego o capacete e tento colocar na minha cabeça.

- Não vai me contar o que aconteceu? – ele pergunta sério.

- Não foi nada demais. Meu padrasto está bêbado e não queria deixar eu sair. – falo enquanto tento colocar a fivela do capacete. Ele se aproxima para me ajudar e posso sentir aquele cheiro novamente, que sempre me inebria.

- Se você tiver algum problema, me avise. Estou sempre pronto pra ajudar – ele diz olhando nos meus olhos.

Percebo que já estamos chamando atenção, subo na moto e vamos para a casa da Roberta. O pai dela tem uma academia de artes marciais e vamos usar o espaço para os ensaios do sarau.

Como a minha parte é um pouco antes da banda, temos muito tempo até começar a ensaiar. Enquanto isso, sentamos com Valentina e Ana Luísa, duas garotas que tocam e cantam na banda. Valentina é alta, magra, cabelos pretos, na altura do queixo, raspados de um lado, sobrancelhas grossas, olhos escuros e boca pequena, aparenta ter uns 25 anos, gosta de ser chamada de Tinna. Já Ana Luísa é um pouco mais baixa, ruiva com cabelos curtos, sobrancelhas finas e lábios grossos, talvez tenha 22 anos. Élio a chama de Analu.

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