K Y R A - 35

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Tínhamos chegado à casa de Tobi depois de duas semanas inteiras caminhando, a viagem teria sido mais rápida se ele não tivesse insistido em parar em quase todas as cidades que atravessamos tentando me fazer ficar melhor. Ele fazia brincadeiras, conversava comigo, me comprava montanhas de comida, mas eu mal tocava em algo, eu me sentia vazia e triste. Perguntei-me se seria daquele jeito para sempre, se eu iria me importar com alguma coisa de novo.

Então finalmente chegamos, ele morava em um cemitério, de todas as coisas que ele tinha falado aquela certamente me deixava quase interessada.

Encarei a ossada do que quer que fosse o animal que tinha morrido naquele lugar, era enorme três vezes o tamanho de um elefante. O local era cheio de montanhas e uma floresta densa, a entrada da casa ficava em uma espécie de cânion circular onde os ossos ocupavam grande parte do lugar. Tobi me puxou até a caverna que ficava entre duas pedras largas, ocultando a entrada do lugar. Havia tochas iluminando o trajeto e depois de alguns corredores frios, uma antessala de abriu incrivelmente aconchegante, tinha pegadores e tapetes, onde ele deixou o casaco e as sandálias, fiz o mesmo, o chão não era frio como pensei era bem quente e macio. Tobi me guiou até uma sala maior que tinham estantes cheias de livros, milhares deles nas prateleiras, no chão, em todos os lugares, havia espécies de plantas que eu nunca tinha visto.

O corredor estendia-se adiante, ele me levou até a primeira porta da esquerda que se abriu em um quarto enorme de pedra branca, tochas queimavam ao redor dele, uma cama de casal com lençóis brancos ocupava o centro do cômodo, uma cômoda de madeira branca e mesas de cabeceira, havia outra mesa no canto com lápis, canetas e pergaminhos. E no canto mais distante um banheiro rustico se escondia. Eu estava impressionada com aquele lugar.

- Esse vai ser o seu quarto, não tem muita luz do sol aqui, mas você pode ir para o lado de fora se incomodar muito – ele explicou.

- Está ótimo – respondi, não fazia muita diferença para mim, me virei para ele – E o seu quarto?

- Fica no final do corredor, se precisar de alguma coisa é só bater – ele disse – Imagino que queira tomar um banho.

- Esta me dizendo que estou fedendo? – Indaguei arqueando as sobrancelhas.

- Estou – ele revidou e eu revirei os olhos ouvindo sua risada grave enquanto ele saia do quarto batendo a porta.

Havia uma penteadeira que eu não tinha notado antes, encarei meu reflexo no espelho, os cabelos curtos a pele pálida demais, as olheiras proeminentes. Era quase como se eu realmente fosse outra pessoa. Desviei o olhar do reflexo e fui até a cômoda, havia roupas femininas, peças delicadas de seda, quimonos, roupa intima, roupas de batalha, calças, camisas. Estranhei pegando uma e colocando perto do meu corpo, cabiam perfeitamente.

Caminhei até o banheiro, sabonetes de cheiros variados estavam arrumados em prateleiras, sais de banho, velas aromáticas, toalhas. Tirei as roupas pesadas e preparei meu banho.

Quando voltei à sala encontrei uma espécie de humanoide de pele branca e corpo inteiro em espiral, o rosto dele era exatamente como a máscara laranja de Tobi.

- Quem é você? – Indaguei assustada.

- Eu sou Guruguru, e você quem é? – Ele perguntou saltitando de um lado para o outro, as pernas pareciam como nós entrelaçados e seus braços cruzaram em frente ao peito.

- aah... – franzi o cenho meio confusa se deveria dizer alguma coisa.

- Você se parece muito com a outra garota... a garota que ele amava que morreu – ele parecia muito impressionado com isso se aproximando de mim – você é um fantasma?

A SOMBRA DO FOGO - SAGA DO FOGO LIVRO 01 [EDITADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora