A verdade

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Dia Seguinte.
Segunda. Vinte e Sete de Janeiro.

Depois da longa conversa que tive com o Jeon na noite anterior, acordei me sentindo bem melhor e mais animada para o primeiro dia de aula, após as férias do final de ano. De fato Jeon Jungkook era alguém que eu admirava tanto e ele tinha se tornado essencial para mim. Acordei antes mesmo do alarme do meu celular tocar, tomei um banho quente e me vesti devidamente para ir para o campus. Optei por usar uma calça pantalona preta, uma blusa de alcinhas na cor branca, por dentro da calça e nos pés um vans preto com o solado branco. Deixei o cabelo solto e fiz uma maquiagem leve, simples. Passei perfume em meus pulsos e pescoço, antes de pegar minha bolsa e descer para o primeiro andar da casa.

Para a minha surpresa encontrei meu pai na mesa, tomando o seu café cautelosamente e com um olhar um tanto distante, enquanto segurava a xícara com uma das mãos, ele torcia os lábios em pensamentos. Me aproximei sorrateiramente e ele percebeu a minha presença, erguendo o rosto para me fitar. O seu olhar estava abatido e, de certa forma, me machucou vê-lo daquela forma.

— Bom dia, querida. — Saudou, sorrindo sem jeito.

— Bom dia, pai. — Puxei a cadeira que costumava me sentar sempre, relaxando o corpo sobre esta. — Dormiu bem? — Arrisquei, começando a me servir com o café fresco.

— Dormi. — Limitou-se, bebendo da sua xícara. — Você está se alimentando, Di? — Fixou o olhar no meu, carregado de preocupação.

— Vou tentar comer melhor essa semana. — Suspirei.

Ele assentiu.

— Sei que não estamos conversando muito esses dias, mas eu realmente não estava conseguindo digerir àquelas fotos e o seu relacionamento com o Jungkook. — Comentou baixinho, quase inaudível para mim. — É difícil para mim, Diana. — Desviou o olhar, fitando a mesa. — Foi como um choque. — Engoliu a seco.

— Eu sei, papai. — Concordei, pressionando os lábios por alguns segundos. — Não tiro a sua razão, mas... — Ele me olhou novamente, arrumando a sua postura. — Nós realmente nos gostamos e eu quero ficar com ele. — Falei de uma vez.

— Vocês realmente iriam me contar? — Deixou a xícara vazia na mesa, olhando-me com mais intensidade e cruzando os braços.

Sua postura tornou-se um pouco mais rígida, porém ele relaxou o corpo contra a cadeira segundos depois.

— Sim! — Exclamei. — Me desculpe, pai. Sabe, por esconder isso... — Ciciei.

— Diana, eu já te desculpei. — Suspirou, passando a mão esquerda entre os fios do seu cabelo e eu sorri involuntariamente. — Mesmo sendo tão desconfortável para mim, não posso ir contra a sua felicidade. — Expôs.

— Então...

— Preciso conversar com o Jeongguk primeiro. — Lambeu os lábios, servindo-se com mais café.

Sorri, assentindo.

— Obrigada, pai. — Agradeci contente e ele sorriu fraquinho.

— Sua mãe disse que não aprova o seu relacionamento com ele. — Soou baixo novamente.

Revirei os olhos.

— Ela não tem que aprovar nada, papai. Não a considero como minha mãe mais, desde o dia em que nos deixou! — Exclamei.

— Diana...

— Mas não é verdade?! Anne ficou longe da gente por quinze anos e agora só porque veio para assinar o divórcio, acha que tem o direito de opinar na minha vida. — Continuei, irritada. — Foi o senhor quem me criou! Quem se atrasava para o trabalho para me levar à escola, quem comprava roupas, quem cuidava da minha alimentação, da minha saúde e de tantas outras coisas ao meu respeito! — Suspirei, tomando fôlego. — Papai, ela morreu para mim e deveria morrer para o senhor também. — Fitei seus olhos, estes que estavam levemente arregalados naquele momento.

𝐏𝐀𝐈𝐗Ã𝐎 𝐈𝐍𝐃𝐎𝐌Á𝐕𝐄𝐋, 𝘑𝘦𝘰𝘯 𝘑𝘶𝘯𝘨𝘬𝘰𝘰𝘬Onde histórias criam vida. Descubra agora