Capítulo 20

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— EU REALMENTE NÃO ESTOU no clima para ficar presa em uma ilha com você
agora, Blake.
Estávamos na estação do ferry boat e Blake estava me implorando para não ir
embora. Ele tinha trancado as portas, entrado no ferry e, agora, estava fazendo
tudo que podia para manter-me ali.
— Prometo que podemos fazer meia-volta e pegar o próximo ferry de volta
se você não gostar do que tenho pra dizer.
— Você está sendo maluco agora, você sabe, né?
Aquilo era como um sequestro.
— Prometa que você não vai fugir.
Grunhi.
— Prometo, agora me deixe sair.
Ele destravou o carro e eu fui até o nível superior do ferry, onde passamos o
resto da travessia até Martha’s Viney ard. Se Blake achava que podia se redimir
com um pouco de romance, ele estava completamente enganado.
Fui até a ponta do ferry, saindo para o deck. Sentei-me em uma mesa para
dois, ciente de que Blake estava logo atrás de mim. Sentei-me e ele se juntou a
mim um segundo depois. Finalmente olhei para ele. Os olhos dele brilhavam com
o sol poente que refletia na água. Deus me acuda, ele era tão lindo quanto
irritante. Ficamos sentados em silêncio por uns instantes, enquanto as poucas
outras mesas ao nosso redor eram ocupadas.
— Você vai contar como me encontrou? Você não tem um dispositivo de
rastreamento implantado nas minhas coisas, tem?
Se eu ia me sujeitar a essa odisseia, ele precisava começar a preencher as
lacunas logo.
— Sid me contou que você estava indo visitar seu pai.
— Você perguntou e ele simplesmente contou?
Eu sinceramente esperava que Blake não tivesse aterrorizado Sid da maneira
como tinha o costume de fazer com quase todo mundo com quem eu tinha
contato ultimamente.
— Na verdade, sim. Ele também não estava muito animado com o fato de
você ficar na casa de um completo estranho.
— Está bem. E quanto a Mark? Como você soube que ele estaria lá?
— Desenterrei todos os tipos de associação que ele tinha quando descobri a
identidade dele. O padrasto e chefe dele foi algo notável. Quando descobri para
onde você tinha ido, concluí que havia uma boa chance de Mark também estar lá.
É claro que sim. Ele conhecia a identidade de Mark já há algumas semanas,
então, só Deus sabe o que mais ele tinha aprontado. Mas se ele tinha fuçado,Marknão parecia saber.
— E você conseguiu rastrear a casa dele em Cape Cod.
— Erica, por favor, não me insulte.
Ele tamborilou os dedos na mesa.
— Como você aprendeu a fazer tudo isso?
— Como assim?
— Você é um hacker. Parece uma descrição estranha para alguém com tanto
dinheiro e tantos recursos quanto você, mas você claramente ainda faz isso.
Ele me lançou um sorriso perverso.
— Só uso meus poderes para o bem.
— Esse sempre foi o caso?
O sorriso dele vacilou.
— Ouça, vamos falar sobre a parceria com o Max. Preciso explicar algumas
coisas.
— Vamos chegar lá. Me conte como você se tornou um hacker.
Ele revirou os olhos.
— Incontáveis horas no computador e uma propensão para a matemática.
Satisfeita?
— Olha, se você não vai ser honesto comigo, não preciso estar aqui.
Levantei-me para ir embora.
Ele segurou minha mão.
— Por favor, não vá.
A olhada que ele me deu fez meu peito doer, mas eu estava determinada a
manter-me na linha. Sentei-me de novo.
— Fale.
Ele suspirou.
— Eu era um adolescente entediado e antissocial. Eu evitava a sociedade.
Hackear se tornou um escape criativo. Me deu opções, fez a vida parecer menos
insignificante.
Tentei imaginar aquele homem lindo à minha frente como um adolescente
revoltado, mostrando as garras para o mundo por qualquer motivo.
— O que a sociedade fez de tão ruim pra você? Seus pais não eram
professores?
— E eram ridiculamente mal pagos. De qualquer forma, eles não tinham
nada a ver com o fato de eu ser daquele jeito, acredite em mim. Eles tentaram
pra caramba me tirar de casa, me tornar normal, eu acho. Acho que eu era
simplesmente muito... intelectual, talvez, para meu próprio bem. Os noticiários, a
política, a economia. Basicamente, tudo que ainda há de errado com o mundo
hoje, parecia esmagadoramente errado pra mim naquela época. Eu tinha
dificuldades em justificar ter uma vida normal e feliz e fingir que estava tudo
bem, enquanto atrocidades aconteciam por todos os lados. — Então, você achou
que poderia salvar o mundo do seu computador.
— Não exatamente. Não sei...
Como você acabou indo trabalhar com o pai de Max?
Ele expirou lentamente. Dei uma olhada por cima do ombro. Eles estavam
apenas começando a desamarrar as cordas do cais. Eu ainda tinha tempo.
— É agora ou nunca, Blake.
— Caralho, está bem. — Ele se debruçou na mesa, abaixando a voz para que
só eu pudesse ouvilo. — Eu me envolvi com um grupo de hackers chamado M89.
Um bando de outros meninos revoltados como eu. Elaboramos um plano para
esvaziar as contas bancárias de alguns dos maiores executivos de Wall Street.
— Por quê?
— Eles estavam ganhando a maior grana com um esquema Ponzi e tentando
eliminar os caras que podiam expô-los.
— E o que aconteceu?
— Fomos pegos — respondeu ele. — Eu consegui escapar da cadeia por
pouco e, no processo, de alguma forma, chamei a atenção de Michael. Ele me
colocou debaixo da asa dele, descobriu como penetrar a minha armadura. Acho
que eu precisava de um capitalista cabeça-dura para pintar uma perspectiva do
mundo que fazia sentido.
Caramba. Blake era tão contido, tão no controle de cada área de sua vida
agora. Pensar nele sendo tão inconsequente me assustava. Nossa jornada até o
ponto atual de nossas vidas não podia ser mais diferente.
— Nós dois queríamos fazer algo grandioso, então, eu passei noites em claro
pra me formar com louvores e você hackeava as contas bancárias das pessoas.
— E cá estamos, juntos.
Ele pressionou os lábios nos meus dedos, raspando neles de leve com a língua.
Minha barriga se alvoroçou, mas eu me forcei a manter-me focada no assunto
em questão.
— Como você conseguiu não ir pra cadeia pelo que você fez?
Ele se recostou na cadeira, os lábios erguendo-se maliciosamente.
— O quê?
— Seu tempo acabou.
Virei-me e vi que já estávamos a poucos metros do cais, prontos para seguir
viagem.
Após mais ou menos uma hora, atravessamos a ilha de carro, passando de
um bairro para outro, até que Blake acelerou em uma área árida, onde as casas
eram esparsas. Agarrei-me ao banco, certa de que seríamos parados pela polícia
a qualquer momento, o que teria sido o final perfeito para este dia inacreditável.
Apesar da ilha provavelmente só ter cerca de meia dúzia de policiais e
parecermos estar nos afastando ainda mais da civilização, se é que isso era
possível.
Estacionamos em frente a uma grande casa de família, distinta das outras
casas idênticas apenas por seu tamanho e por parecer ser a última casa nesta
região da ilha. Subimos na varanda fechada e, em vez de entrarmos na casa,
Blake me guiou em volta dela, descendo até a praia. Passamos pelas dunas até
um lugar onde havia duas cadeiras Adirondack patinadas na areia, de frente para
as ondas calmas do oceano.
Tirei os sapatos e sentei-me em uma delas. Após uma noite quase sem
dormir e tudo que tinha acontecido hoje, eu mal conseguia ficar em pé. Blake
pegou uma garrafa de vinho branco em um balde de gelo aninhado na areia.
— Falando sério, Blake, como é que você planeja essas coisas?
Ele deu um sorriso safado.
— Não pense que vou contar todos os meus segredos a você hoje.
— Eu podia obrigá-lo — ameacei.
Eu estava conhecendo cada vez mais as fraquezas dele ultimamente.
Seus olhos ficaram sombrios.
— É uma ideia tentadora — disse ele, derramando vinho fora da taça que ele
estava enchendo.
Ele corrigiu a mira e entregou-me a taça. Tomei um gole bem-vindo da
bebida fria e frutada.
— Não fique tão confiante. Ainda estou brava com você. Tipo, super,
hiperbrava.
— O suficiente pra me mandar dormir no sofá?
— Com toda certeza, e isso não é nem o começo do que você vai ter que
fazer pra se redimir de tudo.
— Gosto de me redimir. Por onde começo?
Ele ficou aos meus pés, traçando pequenos círculos no meu joelho e subindo
pela minha coxa, dando beijos quentes e suaves no caminho. Tentei, em vão,
suprimir a reação física que o toque dele provocava.
— Você não pode consertar isso com sexo — falei e, porra, era verdade.
— Não? Então me diga. Como posso consertar isso?
Ele continuou me tocando com delicadeza.
— Eu sinceramente não sei. Achei que você tivesse um plano para isso
quando concordei em vir aqui com você.
Eu não iria facilitar as coisas para ele. Eu estava mais que esgotada, mas
ainda tinha força suficiente para bater o pé.
Ele desacelerou as carícias e sentou-se sobre os calcanhares.
— Eu te amo, Erica.
Merda. Ele tinha que começar com isso? Segurei as lágrimas.
— Isso não muda o que você me fez hoje.
— Eu sei que isso provavelmente não significa muito pra você, mas eu não
queria ter feito aquilo.
Você não me deixou muitas opções.
— Bom, isso não é motivo suficiente — falei, olhando para além dele.
— Conseguir investidores é como ir pra cama com alguém, Erica. Nem
sempre funciona e, pra ser sincero, você não tem muito o perfil para esse tipo de
parceria. Eu entendo completamente como você se sente com relação à
empresa. Uma das razões pelas quais eu não quis investir logo de cara foi por
causa da sua grande obstinação. Eu sabia que não seria fácil trabalhar com você,
e que você brigaria comigo em todos os passos do caminho. Eu não tinha
analisado as consequências de você trabalhar com Max até recentemente, e não
podia suportar perder você pra ele.
— Ele não me quer desse jeito — insisti, sem acreditar 100% naquilo.
Max, assim como tantos outros, não tinha respeitado meu espaço pessoal
totalmente, mas ele não tinha feito nenhum comentário que me fizesse acreditar
que ele me desejava sexualmente. E mesmo que desejasse, eu podia me
defender sozinha.
— Ele quer, confie em mim. Acredite você ou não, ele faria qualquer coisa
para ter você se isso significasse que ele estaria me atingindo. Depois de ver o
que você passou com Isaac, eu não podia correr esse risco de novo.
Meneei a cabeça. Isaac tinha me pegado desprevenida, mas se Blake tivesse
me dado mais um minuto, eu podia ter me livrado dele sem ajuda.
— Não sei exatamente como ou quando Max iria dar o bote, mas juro a você
que ele teria dado. Ele a obrigaria a coisas que você jamais faria só para manter
o negócio, sabendo o quanto ele significava pra você, sabendo o quanto você
significa pra mim.
— Como você pode saber disso?
— Jesus, Erica, eu atravessaria o fogo pra garantir que você está segura. Será
que você pode simplesmente acreditar em mim, que eu sei que isso iria
acontecer, que eu não permitiria que nada acontecesse com você?
Fechei os olhos. As ondas quebravam na praia e uma brisa suave soprou por
cima de nós. Eu sentia a presença de Blake, seu magnetismo fazendo-me querer
me aproximar dele. Ele era o único homem que eu tinha amado, e ali estava ele,
declarando seu amor por mim, prometendo me proteger do perigo, quase cortês
demais para ser levado a sério, mas quando abri os olhos e olhei nos dele, não
havia dúvidas de suas intenções.
Tudo tinha se tornado demais. Meus olhos se encheram d’água, mas eu me
recusei a render-me. Cruzei os braços na frente do peito, me segurando.
— Você está me matando, Blake.
— Você sabe quantas mulheres me pediram pra investir nelas naquela sala de
reuniões? — perguntou ele.
— Quantas?
— Uma.
A palavra ficou pairando no ar, uma verdade inacreditável que pronunciava
quão perigosa minha posição no mercado poderia ser. Se aquilo fosse verdade,
ter chegado até aqui não era nada menos que um milagre. Isso também
explicaria por que a recepcionista deles ficava me olhando como se eu tivesse
três cabeças toda vez que eu aparecia para uma reunião.
— Caramba.
Sacudi a cabeça.
— Tanto eu quanto Max queríamos você aquele dia, por razões diferentes. Eu
não ia deixar você partir sem lutar.
Mesmo com os riscos que eu corria ao trabalhar com Blake, minha empresa
provavelmente estava mais segura do que jamais esteve. Agora, só
precisávamos descobrir como trabalhar juntos sem um deixar o outro
completamente maluco.
— E agora? — falei, torcendo para que ele tivesse alguma ideia.
— O que quer que você queira, desde que não envolva Max. Ou Isaac.
— Então, somos sócios.
Ele concordou com a cabeça.
— Eu estou no comando, Blake. Comece a me dizer como administrar meu
negócio que terminamos na hora.
Eu estava falando sério. Eu não ia ceder nesse ponto e, felizmente, ele não estava exatamente em posição de argumentar, visto que tinha financiado o
projeto sem nenhuma declaração legal.
Ele se ergueu sobre os joelhos e tirou a taça da minha mão, enterrando a
minha e a dele na areia ao nosso lado.
— Você é a chefe, gata.
Ele me pressionou contra a cadeira, subindo meu vestido e dando beijos
quentes na parte interna da minha coxa. Blake tirou minha calcinha com
habilidade de mestre e cobriu meu sexo com a boca. — Ó Deus.
Agarrei a cadeira com a sensação.
Ele me abriu com os dedos e sua língua de veludo foi em seguida. O duelo de
pressões fez com que eu me contorcesse descontroladamente. Ele penetrou o
dedo em mim e chupou com força, estalando a língua. Joguei a cabeça para trás.
Isso.
Curvei-me na direção da boca dele, e ele deu o golpe final, penetrando-me
com um segundo dedo. Os dentes dele rasparam em meu clitóris, provocando-
me com a quantia perfeita de moderação e pressão suficiente para fazer-me ir à
loucura.
— Blake... — gritei em meio à noite escura, e lutei para recuperar o fôlego.
A brisa refrescou minha pele, escorrendo sobre a fina camada de suor que
me cobria, mas Blake continuou. Gozei de novo e de novo, contraindo-me em
torno dos dedos dele, até que estava mole e desesperada de desejo de ter o pau
dele dentro de mim.
Gemi o nome dele e implorei que ele parasse, sem saber ao certo quanto
mais eu conseguia aguentar.
Ele se levantou e meus lábios se entreabriram quando reconheci aquele
contorno duro sob sua calça jeans. Ele me ergueu e me abraçou.
— Vamos entrar — sussurrou ele, antes que eu pudesse começar a despi-lo
ali mesmo.
Senti meu próprio gosto no beijo, a ereção dele pressionada contra minha
barriga. Sempre demais e, ao mesmo tempo, nunca suficiente, a força do meu
desejo por ele ainda me deixava sem fôlego.
Segui Blake para dentro da casa e ele nos levou até o quarto, um cômodo
enorme, com teto abobadado e paredes brancas. O lugar punha a casa de
veraneio dos Fitzgerald no chinelo em tamanho e elegância. Eles eram uma
família tradicional, mas a verdade era que Blake provavelmente podia comprar e
vender o Daniel.
A cama, coberta por um edredom branco macio, era o ponto central do
quarto e tornou-se meu único foco, enquanto eu contava os segundos até que
pudéssemos estar nus em cima dela. Blake abriu o zíper do meu vestido
lentamente, demorando-se e provocando-me com toques leves. Saí do vestido e
fui até a cama. Subi nela e sentei-me sobre os calcanhares, esperando Blake
despir-se pacientemente. Ele engatinhou para cima da cama com a graça ágil de
um predador cercando sua presa, e eu estava totalmente no clima para ser
caçada.
Ele me virou até eu ficar debaixo dele, esparramada entre suas pernas,
enquanto elas me abriam. Colocando meu seio em sua boca com um chupão forte, ele provocou o mamilo com a língua. Curveime na direção dele e
enganchei minha perna na dele em uma tentativa débil de puxá-lo mais para
perto. Ele não se moveu nem um centímetro.
— Você é uma coisinha ligeira — provocou ele, deslizando as mãos pela
parte interna das minhas coxas, a centímetros de onde eu palpitava e ansiava
muito mais que ele tocasse.
— Me toque, Blake, por favor.
Os lábios dele se curvaram para cima.
— Coloque seus braços para cima.
Ávida para satisfazer o desejo dele se isso significasse que ele pararia de
provocar-me, obedeci. Ele esticou meus braços ainda mais e abriu um dos meus
braceletes, colocando-o no outro braço e prendendo um ao outro, criando um par
de algemas bastante caro.
— Blake, não, você vai quebrá-los.
— Não se você não se mexer.
— Como é que eu vou fazer isso? Você está me deixando louca.
Controlar-me quando ele estava me apoiando era uma coisa, mas eu não
fazia ideia de como iria me comportar sem nenhuma ajuda.
— Autocontrole — disse ele simplesmente. — Segure-se aqui.
Ele guiou minhas mãos até a cabeceira. Engoli seco e enrolei os dedos nas
barras de metal, minha mente superciente de cada sensação que se espalhava
por meu corpo e das reações físicas que eu, agora, tinha que conter para não
arruinar o presente lindo de Blake. Ele mal tinha me tocado e eu já estava
estremecendo de expectativa.
Ele começou devagar, mordiscando a ponta do meu dedo do pé. Um raio de
desejo atingiu meu sexo em cheio. Jesus, ele conhecia todos os truques que
existiam. Contorci-me, sabendo que ele estava a quilômetros de lá, naquele
ritmo. Ele traçou um caminho de beijos molhados por minha coxa, na minha
barriga, mergulhando a língua no meu umbigo. Ele se arrastou até meus seios e
minha clavícula, soltando sopros quentes no meu pescoço, que me fizeram
arrepiar de um jeito muito bom. — Como você se sente?
Ele raspou os lábios nos meus, um sorriso consciente os erguendo de leve.
Cada nervo ficou a postos, prestando atenção; cada célula do meu corpo se
inclinou na direção dele, até onde aquelas amarras permitiam.
— Viva — sussurrei, segurando-me por um fio.
— Ótimo.
Ele segurou o pau e lubrificou-me com minha própria umidade, deslizando-o
para dentro de mim. Agarrei a cabeceira com mais força com a fricção sobre
meu clitóris. Então, ele me penetrou em um único movimento rápido. Gritei,
cerrando os punhos nas barras, sem querer me debater contra minhas amarras.
Os lábios dele vieram de encontro aos meus, beijando-me freneticamente.
Gemi na boca dele, enquanto ele investia em mim de novo e de novo, com uma
profundidade que me fez ter espasmos em torno dele descontroladamente. Eu
mal conseguia respirar com a expectativa do alívio prometido. Enfiei os
calcanhares nas coxas dele, querendo que ele fosse mais fundo.
Minhas emoções eram primitivas e eu estava desesperada por ele. Blake se esticou e colocou o segundo bracelete no lugar onde ele deveria estar. Livre das
amarras, grudei as mãos no cabelo dele e o beijei intensamente. Eu precisava de
mais, do restante dele. Soubesse ele ou não, eu não ia deixálo partir.
Olhei para seus olhos sombrios.
— Eu te amo — sussurrei.
Eu precisava que ele soubesse, depois de tudo que tínhamos passado.
Ele retrocedeu um pouquinho, sua expressão quase de dor, como se aquelas
três palavras o tivessem atingido em cheio.
— Faça amor comigo. Por favor, Blake, não quero sentir mais nada a não ser
você agora.
E, pelo restante da noite, foi o que ele fez. Ele me amou com cada investida
habilidosa, lembrando-me de que nossos corpos eram feitos para isso e um para
o outro. Estávamos exaustos, física e emocionalmente, mas Blake nunca se
cansava. Quando ele ia parando, meus carinhos preguiçosos se transformavam
em demandas famintas e ele me possuía de novo, cada vez não menos
avassaladora que a última, até que ambos desabamos um nos braços do outro.

                             * * *

Acordei de manhã com o som do oceano. Gaivotas velejavam pelo céu,
pouco além da janela do nosso quarto. Saí da cama silenciosamente para deixar
Blake dormir.
Vestida com a camiseta dele, deixei que seu cheiro se espalhasse por mim.
Andei pela casa e peguei uma banana da tigela de frutas na cozinha. Peguei meu
laptop e acomodei-me na mesa da sala de jantar, que tinha vista para o mar.
Comecei a escrever um e-mail para o professor Quinlan, chamando-o dessa
forma. Não importava quanto tempo passasse, eu provavelmente nunca
conseguiria chamá-lo de Brendan.
Tive dificuldades em encontrar as palavras certas para descrever a situação
atual. Ele conhecia a história de Max melhor que a maioria das pessoas, mas eu
esperava que essa reviravolta nos acontecimentos não tivesse consequências
negativas para o professor. Eu me sentia na obrigação de deixá-lo a par de tudo,
caso isso acontecesse. Fiz um rascunho da mensagem e a reli, sentindo-me
novamente estupefata com o ritmo alucinante que minha vida tinha adquirido nas
últimas 48 horas. E eu pensava que a faculdade era estressante.
Cliquei em “enviar” e dei una navegada em alguns sites, parando no Clozpin.
O gráfico de carregamento do navegador girava indefinidamente. O site estava
fora do ar de novo.
Merda. Liguei para Sid. Nada. Liguei de novo e ele não atendeu. Corri de
volta para o quarto, odiando ter que acordar Blake, mas eu não conseguia afastar
a preocupação.
Aconcheguei-me ao lado dele, joguei a perna por cima da dele e o salpiquei
de beijinhos. Se era para acordá-lo, ao menos eu o faria de maneira agradável.
Ele finalmente se mexeu, acordando com um sorriso e uma fantástica ereção
matinal. Por mais tentador que isso fosse, eu precisava dele para outra coisa agora.
— Gato, o site está fora do ar de novo. Não consigo entrar em contato com
Sid.
Ele levantou, colocou a calça jeans e seguiu-me até a sala de jantar. Ele deu
uma olhada para a minha tela e pegou o próprio laptop em sua mala, acomodou-
se no sofá e o ligou. — Café? — perguntei.
— Por favor.
Ele já parecia incrivelmente focado, apesar de mal ter acordado, seus
cabelos uma bagunça linda. Descobri onde estava o café e, enquanto esperava
que ele fervesse, atualizei o site de novo. Dessa vez, ele abriu instantaneamente,
com um logo grande peculiar por cima. O texto do logo era claro: M89.
Blake estava digitando furiosamente. Não ousei perguntar, mas tinha uma
sensação péssima de que ter sido alvo daquele ataque não era mais aleatório.
Enchi uma caneca e levei para ele. Ele a pegou sem dizer nada, trabalhando
como se eu não estivesse ali. Fiquei olhando para ele pacientemente, esperando
que ele me desse um retorno.
— Você pode me dizer o que está acontecendo? A verdade, dessa vez? —
perguntei, minha voz baixa.
Ele me fitou com olhos cansados.
— Nossa foto na conferência. Viralizou. Você provavelmente deve ter notado
um pico no tráfego. Amaioria dos acessos era legítimo, mas eles repararam.
— Eles?
Ele hesitou.
— Então, isso não é aleatório.
— Não mais — disse ele, seus olhos sombrios de arrependimento.
— Por que eles estão atrás de você, Blake?
Ele meneou a cabeça e passou as mãos pelos cabelos.
— Desculpe, Erica, mas vou consertar isso. Prometo.
Assenti com a cabeça, confiando que ele iria mesmo.

Atração Magnética 1° livro da série HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora