Capítulo 7.

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Capítulo 7.

Giovana - 2020

Acordo de manhã, sentindo duas pequenas mãozinhas apertando minhas bochechas. Abro os olhos devagar e vejo os olhinhos castanho-esverdeados de Nina me encarando de volta. Sorrio para ela e me sento na cama, puxando-a para meu colo. 

- Como tu veio parar aqui? - pergunto olhando seu berço ao lado da minha cama. 

Nina solta uma risada banguela e olha sua caminha. 

-Nina pulo, momõe. - diz ela. 

A deito na cama e a encho de beijos, fazendo com que ela ria sem parar. 

Não foi fácil. Desde o momento que decidi lutar por nós duas sozinhas, até agora, tenho muitas coisas com que me preocupar, mas não me arrependo da minha escolha. Nina é a melhor parte de mim. 

Como esperado, meu pai me expulsou de casa, assim que falei que estava grávida. Eu fiquei um tempo na casa de minha tia, mas sentia como se estivesse incomodando. Ela tinha a própria vida para cuidar, e isso não incluía uma garota grávida de dezessete anos, por isso, quando minha mãe me deu o dinheiro que havia prometido, eu comprei uma casinha com dois quartos, sala e cozinha conjugada e dois banheiros. A minha ideia era ter um quarto para Nina e outro para mim, mas logo vi que não conseguiria manter a casa, pagar as contas e cuidar de Nina sozinha apenas com meu salário de bartender em um pub, por isso, quando conheci Douglas, meu melhor amigo, e soube que queria alugar um AP, eu o chamei para morar comigo. Dividimos as contas da casa e ele me ajudava com Nina sempre que necessário, isso ajudava tanto a mim, quanto à ele. 

- Vamos ir tomar banho? - pergunto levantando e levando Nina comigo, até o banheiro do nosso quarto. 

-Não quelô, momõe. - diz ela fazendo biquinho. - Nina qué cumer

-Depois do banho. - digo largando ela no chão e ligando o chuveiro. - Tu é mocinha agora, filha, tem que tomar banho para ficar cheirosa.

-Mas momõe, eu dois aninhos só. - diz ela, enrolando a língua e se atrapalhando nas palavras. - Nina é nenê, aida

Ajusto a temperatura da água e me viro para ela, me agachado à sua frente. 

-Se você obedecer a mamãe, vamos ir no parque mais tarde, nos encontrar com a vovó. - digo tirando a franja de seus olhinhos. 

Um sorriso se estende por seus lábios rosados e ela concorda com a cabeça fazendo seus cabelos escuros balançarem ao redor de seu rostinho redondo, enquanto aceita entrar na banheira de plástico para tomar um banho. 

***

Continuo mexendo o molho na panela, enquanto Doug prepara um macarrão com queijo. 

-É sério! - diz ele rindo. - Eu acho que encontrei o homem da minha vida. 

Olho meu amigo e lhe dou um sorriso. Tudo o que eu quero é que ele encontre alguém que o ame de verdade. 

-Hmm… - digo, elevando as sobrancelhas para ele. - E quem é o sortudo, Doug? 

-Conheci ele em uma boate. - diz meu amigo colocando o macarrão em uma travessa de vidro. - O cara é quente, lindo, mas não tenho certeza se vai dar em algo… 

Desligo o fogão e coloco o molho sobre o macarrão. 

- Por quê?- pergunto dando uma espiada em Nina, que está sentada no tapete da sala, com alguns ursinhos. 

Douglas suspira e pega os pratos do armário. 

- Eu acho que ele não se assumiu ainda. - diz ele. - E eu não quero andar pra trás, sabe? Ele quer sair mais vezes e tal… mas não quero mais me esconder. 

DOCE VENTURA - SPIN-OFF de Doce Tentação e Doce VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora