Capítulo 18.

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Capítulo 18.

Victor

Sabe aquele ditado: Quando a esmola é grande, desconfie? Bom, isso é real. 

Quando eu pensei que as coisas, finalmente iriam andar de acordo com o que eu esperava, esse bando de samurais renegados invadem o banheiro, acabando com a sessão de amassos mais da hora que eu já tive. E eu falo sério quando digo samurais renegados! Os caras parecem ter saído de um filme, com suas máscaras pretas, com buracos nos olhos e boca. 

Assim que vi as mãos de um deles em Giovana, simplesmente me desliguei de qualquer risco ou perigo que poderiam ser direcionados a mim e tudo o que eu conseguia pensar, era nela. Se algo acontecesse com a minha loirinha, eu nem consigo imaginar em como seria a minha vida a partir daí . 

Então quando a voz doce dela chama o nome de Vicente, tudo finalmente faz sentido. Esse cara não era boa coisa. 

Na verdade, eu já tinha minhas desconfianças, desde que ele apareceu na oficina da minha família na tentativa frustrada de me ameaçar e agora estava trazendo novamente esse assunto a tona. Mas o que eu posso fazer? Não nasci para seguir ameaças e nem para sentir medo de um riquinho mimado desses, que estar aqui só prova o quão inconformado e obsessivo é.  

-Sinto muito, Giovana… - diz Vicente, me lançando um olhar malicioso, repleto de raiva e rancor. - Mas eu odeio perder. 

Dito isso, ele tira do bolso uma faca. Mas não uma faca comum, como aquelas de cozinha, não… essa faca era diferente, acho que era o tipo de ferramenta que os caçadores tem no seu kit, para trazer as entranhas da caça para fora. E adivinhe só?! Eu sou a caça desse imbecil.

Meus olhos voam até Giovana, que tem uma expressão de horror no rosto. Eu nunca havia visto algo tão perturbador, quanto o olhar nos olhos dela. Volto a me concentrar em Vicente e faço a minha melhor expressão relaxada, saindo do modo defensivo. 

Solto uma risada e balanço a cabeça pros lados. 

-Nossa… - começo elevando as sobrancelhas. - Eu me sinto lisonjeado… Tu deve me ter em muita consideração, para precisar trazer dois muralhas e mais uma faca… - coloco as mãos nos bolsos dos meus jeans surrados e continuo: - Sou tão assustador assim?

Vicente me encara confuso e então sua íra parece aumentar. 

- Isso é sério? - pergunta ele, olhando ao redor, como se a qualquer momento alguém com uma câmera fosse sair de trás da porta e dizer que era uma pegadinha. 

O que ele esperava? Que eu me contorcesse em agonia no chão, implorando por misericórdia?  

- Eu não sei, me diz você? - respondo sem deixar de parecer relaxado. - Realmente acha que não pode comigo e trouxe reforço? - o desafio mais uma vez. 

Esses caras eram assim. Quando desafiados ou questionados, sentiam esta necessidade absurda de se provar. Eu vi muito disso na marinha, enquanto estive servindo. 

Vicente comprime os lábios. 

- Vamos parar com isso, por favor. - chora Giovana do outro lado, com as mãos daquele troglodita ainda nela. - Eu pensei que fossemos amigos, Vicente…  

Ele olha para ela, que tem lágrimas brilhando nas bochechas e então balança a cabeça. 

-Nós somos. - responde ele. - por isso, vamos embora agora. Mas sintam-se avisados, se eu voltar a ver os dois juntos, as coisas vão sair do controle, não me desafiem. 

Os três saem do banheiro, deixando a porta aberta. 

Ando a passos largos até Giovana e a envolvo em meus braços, tentando lhe dar algum conforto. Ela estava muito nervosa. 

DOCE VENTURA - SPIN-OFF de Doce Tentação e Doce VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora