Capítulo 2.

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Capítulo 2.

Victor - 2017

Eu tentei. Juro que tentei resistir a vontade de me aproximar dela, mas não consegui. 

Passei de ser um admirador oculto, de sua voz e beleza quase angelical, para o cara que fica completamente obstinado em se aproximar. 

Desde que me mudei, com meus pais, para Porto Alegre, há um ano, eu a observo todo domingo, na igreja. Eu não consigo evitar. Tudo nela me prende a atenção. É como se ela fosse um anjo, e eu o pecador que busca por perdão. 

Me levanto do sofá, fazendo Raquel se levantar junto comigo. Me viro para ela e a dispenso. 

Estávamos ficando nas últimas semanas, mas eu havia perdido o interesse. Não consigo tirar um par de olhos verdes da cabeça, talvez quando eu conseguir tê-la, isso passe, mas até lá sei que nenhuma garota será capaz de me distrair.

Vou até meus amigos, David e Sebastian, que estão conversando com duas garotas e me escoro na parede ao lado deles.  As meninas sorriem e ajeitam os decotes, quando os rapazes olham para mim, antes de se afastarem um pouco.

Estas festas do time de futebol sempre eram assim, sempre que ganhavamos algum jogo, nos juntamos na casa de um dos caras do time e chamamos algumas garotas. 

-E aí cara. - me cumprimentam, então David olha ao redor. - Onde está Raquel? 

Dou de ombros e cruzo os braços. 

-Sei lá. - digo indiferente. - Não estou mais a fim. 

Sebastian arqueia as sobrancelhas.

-Cara, aquela garota é um espetáculo! O que tu tá fumando pra dispensar ela assim? - pergunta ele. 

-Tô interessado em outra pessoa. - digo sorrindo, ao me lembrar da loira. 

-Quem? - pergunta David, olhando ao redor.

-Ela não está aqui, cara. - digo rindo. - É a Giovana, a filha do pastor. 

Meus amigos riem e Sebastian toca meu ombro. 

-Uma virgem, cara?- pergunta ele. - sério? 

-Grande coisa. - diz David. - Virgens também sentem desejo, cara.

Solto uma risada. 

- Eu não quero foder com ela. - digo pegando um chiclete do bolso da minha jaqueta de couro. 

- Não? - perguntam os dois juntos. 

-Sei lá… - digo colocando o chiclete na boca. - Já é difícil o suficiente chegar nela. 

-Então o quê?- pergunta David, inconformado. - vai ficar só nos amassos? 

Dou de ombros. Que cara insistente. 

- Eu fiz monitoria com ela ontem. - digo, ignorando a pergunta dele. - Ela é gata demais. 

Sebastian ri. 

-Cuidado, cara, ou tu vai se apaixonar pela mina, e ficar celibatário. - diz ele, dando tapinhas no meu ombro, como se estivesse me confortando. 

Nego com a cabeça e sorrio. Eu não me apaixonaria por uma santinha. Eu só estou curioso. Eu acho. 

***

Assim que entro na igreja no domingo, eu procuro por Giovana no altar. Ela está conversando com outras garotas do coral e parece feliz. O sorriso em seu rosto é contagiante, e eu tenho certeza de que se alguém me olhar agora, vai me achar com cara de idiota. 

DOCE VENTURA - SPIN-OFF de Doce Tentação e Doce VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora