Capítulo 15.

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Capítulo 15.

Victor

Dedilho algumas notas em meu violão, enquanto penso na melodia perfeita para a canção que venho trabalhando nos últimos dias. O que eu posso dizer? Eu sou um cara romântico. E o fato de ter Giovana por perto e Nina na minha vida, me fez sentir as coisas mais profundamente, me fez querer mostrar a todos os sentimentos que venho trancando em meu peito a tanto tempo, por isso, resolvi compor uma música, para falar por mim os turbilhões de sentimentos que dançam dentro de mim. Quando meu despertador do celular toca, me avisando que chegou a hora de substituir meu pai na oficina, eu deixo o violão sobre a cama e me despeço de minha mãe, que estava pronta para assistir mais uma novela.

A oficina não é distante de casa, por isso em menos de cinco minutos eu chego até ela. Meu pai termina de atender um cliente e vem até mim.

-Aqueles dois carros estão prontos, só esperando o dono vir buscar. - diz ele, me dando um tapinha nas costas, e em seguida apontando para os dois carros que estavam com a manutenção finalizada.

-Pode deixar comigo, pai. - digo a ele.

Meu pai acena e me deixa sozinho na oficina.

Eu estava me esforçando para ser mais responsável, a verdade, é que sempre fui um cara mimado. Sempre tive tudo o que quis, nunca precisei trabalhar e no final, acabei não levando nada a sério. Eu nem consigo imaginar o quanto de desgosto eu já dei aos meus velhos. Antes de começar a namorar Giovana, no ensino médio, eu passava minhas noites curtindo com os meus amigos, bebia até não aguentar mais, pegava qualquer gostosa que me desse mole e chegava em casa podre de bêbado. Por isso, nunca fui um exemplo de bom moço, e por isso, ninguém pareceu acreditar quando eu e a loirinha nos assumimos, mas todos pareceram achar normal quanto eu fugi e deixei todos para trás, aliás, esse era o Victor que todos conheciam. O irresponsável, o sem sentimentos...

Mas Giovana abriu meus olhos. Estar com ela, me fez ver que eu queria mais do que passar minha vida curtindo com alguma garota sem nome e sem rosto, que no final da noite, eu nem me lembraria mais, no fundo eu queria ser alguém, dar orgulho as pessoas que sempre me apoiaram, eu só não sabia como. Mas agora, sim, eu sabia por onde começar a fazer isso, e não seria fugindo. Seria amadurecendo, para ser alguém que valha a pena. Para ser o cara que vai fazer Giovana feliz e o pai que Nina merece.

Eu aprendi da forma mais difícil, que nada é impossível, somos nós mesmos que colocamos obstáculos na frente das coisas que queremos.

Um carro entra na oficina, me fazendo levantar da cadeira em que estava sentado e a andar a passos largos até o motorista que começa a descer do veículo. Eu sempre curti carros, desde moleque, mas nunca imaginei que cuidaria de uma mercedes, ainda mais na oficina simples do meu pai. Será que era algum cliente novo? Talvez fosse a minha chance de descolar uma boa grana.

-No que posso ajudar? - pergunto quando vejo o homem alto e atlético saindo do carro e vindo em minha direção, parando na minha frente, ele tira os óculos de sol e passa as mãos nos cabelos castanhos enquanto sorri.

-Seu nome é Victor, certo? - pergunta como se estivesse me medindo.

Franzo as sobrancelhas sem entender.

-Sim.

-Eu me chamo Vicente. - diz ele, eu levo um segundo para entender o que está acontecendo aqui. -Sei do seu passado com Giovana, sei que é o pai da Nina, mas precisa entender, parceiro, que o passado é isso, passado… não quero mais te ver rondando.

Antes que eu perceba, uma risada deixa minha garganta. Quem esse filho da puta, pensa que é? Ele achava que viria até a oficina da minha família e por algum motivo eu me sentiria intimidado? Ah, qual é…? Dinheiro não me assuta, a falta dele sim.

DOCE VENTURA - SPIN-OFF de Doce Tentação e Doce VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora