Capítulo 23.

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Capítulo 23.

Giovana

No início eu não consegui me sentir confortável. Não com Mônica me analisando tão de perto, como se estivesse decidindo se acreditava ou não que eu e seu namorado apenas conversamos sobre Victor naquela festa e não houve nada além de duas ou três danças.

Mas depois de um tempo, eu posso afirmar que queria a amizade dela. Victor tinha razão, tanto Kurts, quanto Mônica eram legais.

Passamos a tarde com os dois, conversando trivialidades, brincando com Nina e assistindo desenhos animados. Mônica me contou várias coisas, entre elas um sequestro que havia sofrido há um mês, mais ou menos. E só de ouvir algo assim, eu me senti estremecer. Ela suportou muita coisa. Ainda bem que tinha Kurts em sua vida agora.

Quando voltamos para casa, me surpreendi ao ver meus pais sentados na sala, minha mãe no sofá ao lado de David e Douglas, enquanto meu pai estava em uma cadeira de rodas. Victor entrou com uma Nina adormecida no colo e parou ao meu lado.

-Aconteceu alguma coisa? - pergunto olhando os dois.

Em nenhum momento, desses dois anos, eles vieram até minha casa. Nem mesmo minha mãe. Sempre que nos encontrávamos, era no parque ou então quando eu deixava Nina com ela na casa da minha tia. 

-Seu pai insistiu em vir. - diz minha mãe, se levantando e vindo em nossa direção. - Desculpe rapaz, pelo outro dia. Eu fico feliz que vocês dois tenham se reencontrado. De verdade.

Victor lhe dá um pequeno sorriso.

- Quando eu voltei a cidade e fui até a sua casa, a senhora me disse algo sobre deixar o destino decidir se Giovana e eu nos reencontraríamos.. - diz ele. - E eu fico feliz de que ele nos queria juntos, afinal de contas. A senhora tinha razão sobre isso, então está tudo bem.

Meu pai limpa a garganta e chama nossa atenção.

-O que vocês acham de irmos tomar um sorvete no parque? - pergunta ele.

Olho minha mãe de soslaio sem entender. Meu pai era intolerante a lactose, sem falar que ele nunca havia sido um homem de sentar no parque para olhar o movimento, enquanto toma um sorvete.

-Ele está esquecendo algumas coisas. - diz ela baixinho. - O tumor se espalhou rápido…

Ela nem precisava continuar, eu sabia bem o que ela queria dizer com isso. Um câncer agressivo como esse, avança rapidamente e mata ainda mais rápido, sem falar, que dependendo da área do cérebro afetada, é natural que o paciente acabe tendo perda de memória e confusão. Um calafrio sobe por minha coluna e solto um suspiro. Era difícil ver meu pai desta forma. Ele pode não ter sido o melhor pai de todos, mas isso não muda o fato de que é o meu pai.

Me aproximo dele e me agacho em sua frente.

-Quem sabe a gente não pede uma pizza vegana? - pergunto a ele. -Podemos jantar todos aqui.

Meu pai sorri e estende uma mão trêmula em direção ao meu rosto.

-Acho uma boa ideia, filha. - diz ele.

E então assim nós fizemos. Aproveitamos ao máximo o restante da tarde e quando a noite chegou, eu me sentia transbordando. Estava cercada pelas pessoas que mais amo. E quando resolvi eternizar o momento, fui até o meu quarto e peguei minha câmera, para bater algumas fotos assim, com minha família em um momento de paz, felicidade e amor.

***

O aniversário de três anos de Nina estava se aproximando, tínhamos uma semana até a festinha que Victor tinha feito questão de organizar em um salão alugado e tudo. E esse seria o primeiro aniversário da minha filha, que Victor e meu pai participariam, para o meu pai, provavelmente seria o único. Infelizmente.

DOCE VENTURA - SPIN-OFF de Doce Tentação e Doce VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora